sábado, 28 de novembro de 2015

UnderValley: Uprising - Piloto

Valley
0. Seu nome é Valley.

Tic. Tac. Tic. Tac.
A expressão de todos à minha volta era de pura tensão.
Tic. Tac. Tic. Tac.
"Quanto tempo ainda resta...?"
Tic. Tac. Tic. Tac.
"Eu... perdi a contagem."
Triiiiiiiim...
O alarme soou. Todos reagiram, exceto eu. Minha falta de concentração me fez perder o timing.

-CAPTURA! - todos os presentes gritaram.

Acompanhando suas vozes, fizeram um movimento horizontal com o braço direito, cortando o ar e lançando um pequeno retângulo brilhante. Este retângulo chama-se Carta de Invocação
Atrasado, mas confiante, realizei o movimento, mesmo depois da hora.

-CAPTURA! - gritei.

Fechei meus olhos com força ao ouvir um grito adicional ao meu. Era um som feminino, sem dúvida alguma. 
Lentamente, virei minha cabeça e me permiti ver o que acontecera. Uma mulher parada na porta de nossa sala de aula estava com uma das mãos cobrindo sua barriga. A outra estava ocupada... segurando uma carta de invocação.

-Quem foi? - ela resmungou, acariciando a região abaixo do tórax.

Congelei instantaneamente. 

-Valley... - a mulher me encarava.

Caso eu não tenha mencionado, a mulher ninguém mais era do que a diretora de minha escola.

-M-MIL DESCULPAS! - debrucei-me no chão e a reverenciei - NÃO FOI POR QUERER!

-Já é a terceira vez que venho a esta sala e sou acertada por um objeto voador! - ela disse com o rosto vermelho de raiva.

Continuei parado no chão, envergonhado.
Atrás de mim, meus colegas cochichavam e riam sem parar.
Ela estão respirou fundo, arrumou seu terno preto, alisou seu curto cabelo loiro e declarou minha sentença: 

-Castigo depois da aula por um mês. DE NOVO. Na próxima, não serei tão piedosa. 

Logo após, saiu bufando corredor a fora. Meus colegas ainda riam da situação. 
Levantei-me, envergonhado.

-Não se preocupe, Valley. - meu professor aproximou-se de mim - Ela pode latir, mas não morde. 

"Não tenho muita certeza disso."
Você provavelmente pode não entender a situação, mas calma, eu explico.
Neste momento, eu estava em uma aula de prática de captura. No mundo em que vivo, há uma grande variedade de seres e criaturas com dons especiais. Chamamos elas de Seres de Invocação
As cartas de invocação, já mencionadas, fazem o que seu nome diz: servem para capturar esses seres. Mas... Não é tão fácil quanto parece.
Veja bem, a sociedade por aqui é dividida em três classes. Há os Invocadores, humanos capazes de capturar e invocar seres através das cartas. Correspondem a 40% da população total. 
Entre a classe a Invocadora, menos de 1% se destaca. Essa pequena parcela é chamada de Nobreza. Os ditos Lordes. Para um Invocador se tornar Lorde, é necessário capturar um ser de invocação de nível lendário, ancestral, divino ou infernal. Atualmente, há somente aproximadamente dez Lordes.
E por último, existem os Underground. O resto da população que nasceu sem o dom de invocar. Os Underground vivem em uma área abaixo dos Invocadores e possuem pouca interação com eles. 
Meu nome é Valley Misfront e eu sou - infelizmente - um Underground.

-Obtivemos bons resultados hoje, quase. - meu professor, senhor Tengu, anunciou - Suas técnicas estão melhorando, isso é ótimo. Mas quero lembrar de algo, prestem atenção. Dominar a técnica e ser capaz de invocar, infelizmente, são coisas diferentes. 

Meus colegas entreolharam-se, tristonhos.

-Mas não desistam! Com muita motivação e esforço, algum de vocês poderá subir de classe. Eu confio nisso! - senhor Tengu tentou os acalmar.

-Eu acho isso inútil. - uma voz disse.

O dono da voz era Dan, o estudante mais revoltado e mal encarado da classe. Seu uniforme era bagunçado e sujo com rabiscos feitos de tinta permanente, riscando todo e qualquer sinal da classe invocadora presente nos símbolos da escola, estampados nos braços e no peito das peças de roupa.
Seus olhos castanhos eram escuros, tanto quanto seu cabelo, e expressavam raiva o tempo todo.

-Essas aulas são inúteis. A invocação é algo que vem com seu nascimento. De quê adianta ficar treinando poses, arremessos e técnicas se nunca poderemos de fato capturar ou invocar?! "Eu acredito em sua capacidade", pfff... - Dan revirou os olhos - Não há Underground algum junto dos Invocadores. Você sabe por quê? Porque essa lenda estúpida é um mito estúpido feito por uma classe iludida e estúpida.

Suas palavras congelou a ação de todos. Até mesmo senhor Tengu parou por um momento. Porém, ele arrumou seus óculos e respondeu Dan friamente:

-Isso vai da crença e fé de qualquer um, caro Dan. Então, caso você não acredite em sua capacidade de invocar, tudo bem, nós respeitamos. Mas não venha chorar depois quando alguém dessa sala atingir a esse nível e ascender. 

-Caso fosse acontecer. O quê com toda a certeza não vai. 

Após dito isso, Dan se virou para a porta e saiu andando.

-Aonde pensa que vai? - senhor Tengu perguntou.

-Eu vou sair. Não preciso continuar assistindo essas aulas inúteis. Voltarei quando estiver ensinando algo de verdade.

Sem tempo para qualquer resposta, a porta foi fechada com força.
Os cochichos e conversas paralelas voltaram. Um grupo de meninas comentava internamente sobre as palavras ditas pro Dan. Coisas como Estaria ele certo? Nos esforçamos a toa? 
Do outro lado da sala, dois meninos encaravam suas cartas de invocação, pensando no quê fazer com elas. Seria melhor desistir?

-Não! - eu elevei minha voz.

A atenção de todos foi centrada em mim.

-Como senhor Tengu disse, eu acredito na nossa capacidade! Pode parecer impossível, mas eu sei que conseguimos se tentarmos com toda a nossa energia e fé! - peguei minha carta de invocação e a segurei com força - Senhor Tengu teve problemas para conseguir algumas destas para nós, somente para tentarmos aprender a arte de capturar e invocar seres. Ele acredita na lenda de que, a anos atrás, um Underground dominou a técnica de invocação, mesmo nascendo sem esse dom, e ascendeu. Eu acredito nisso. Sei que este Underground mora lá em cima, agora. - apontei em direção do teto - Junto dos demais Invocadores. 

Eles ainda pareciam incertos e confusos.

-Eu prometo a todos vocês. Eu dominarei a invocação e darei uma prova concreta para acreditarem nisso! Vocês vão ser capazes também! 

Guardei minha carta no bolso do casaco de meu uniforme, olhando confiante para cada um de meus colegas.

-Você? Dominar a invocação? É mais fácil você arrumar uma namorada.

Todos riram da piada. Eu não consegui identificar quem a disse.
Constrangido, voltei a meu lugar e abaixei minha cabeça.

-Silêncio! - senhor Tengu exigiu - Não vou tolerar maldades desse gênero nesta sala! Sentem-se imediatamente!

Todos obedeceram sem êxito. Então, a aula continuou. Depois do escândalo causado, senhor Tengu resolveu voltar para a matéria didática e começou uma aula de matemática.
Com um suspiro, olhei para trás, na direção do local onde praticamos o arremesso das cartas.
Nossa sala de aula é diferente das demais. É um espaço retangular como todas as outras, sim. O diferencial está no fato de que temos um amplo espaço nos fundos, usado para praticar a invocação de diversas maneiras. 
Mas, como foi dito, somos Underground. Não possuímos a capacidade de invocação. Porém, como eu mencionei anteriormente, um Underground já ascendeu de classe antes. E eu estou determinado a ser o próximo.

-Certo... Então, para calcular isto é necessário... - senhor Tengu lecionava.

Pus minha carta em cima de minha carteira, cuidadosamente para não ser visto. Ela era retangular e negra, com um círculo transparente no centro. Eu nunca vi uma criatura capturada em toda a minha vida, mas estimo que o ser fique estampado neste círculo branco. Do outro lado da carta, há um símbolo em forma de estrela de quatro pontas. Ninguém sabe o motivo de todas as cartas possuírem tal símbolo.
Após toda a confusão, nada mais aconteceu. A aula continuou e continuou. 
Como o aluno exemplar que sou, tirei uma soneca.

...

-Não se sinta mal, Valley. Pode crer, a situação poderia ser muito pior. 

Eu estava deprimido, deitado no sofá da garagem de minha casa, enquanto meu pai trabalhava no conserto de um carro cujo prazo estava para vencer.

-Eu aturei aquela velha da senhora Brown. Eu entendo muito bem a sensação horrível que ela provoca. - meu pai empurrou a esteira onde estava deitado, saindo então debaixo do carro.

Com a manga de sua camisa, limpou a testa suja de óleo. Seus cabelos castanhos escuros eram ensebados, devido ao seu constante contato com óleo e graxa, e possuíam uma pequena falha no canto direito, mostrando uma pequena cicatriz. Meu pai possuía orgulho dela, tanto que a chamava de "marca de guerra".

-Eu já entendi, pai. Obrigado por tentar ajudar, mas eu ainda me sinto incapaz... Não consigo realizar um único movimento de maneira certa...

Meu pai, Fergus Misfront, aproximou-se e fixou seus pequenos olhos castanho-claro em mim. 

-Sim? - ergui meus olhos para ele lentamente, a tempo de ver uma careta completamente fora de hora.

Não pude resistir e gargalhei.

-Valley Misfront, não aceito cara feia em minha presença, não a sua! Diga as palavras. - papai ordenou, severo.

Por dentro, ele fazia esforço para não rir.

-Eu não vou desistir... - bufei, tímido por ter de contrariar minha situação atual.

-Oh, então você quer aulas suplementares? Pode deixar comigo. 

-Eu não vou desistir! - falei, mais alto.

-Opa, isso quer dizer toda a sobremesa para mim? Valeu, filhão! 

-EU NÃO VOU DESISTIR! IREI ASCENDER! - gritei com toda a voz de meus pulmões.

Dito isto, meu pai desabou no sofá logo ao meu lado e cruzou a perna esquerda por cima da direita.

-Este é o Valley que eu criei e que me orgulha. - ele sorriu.

Seu sorriso branco compensava por toda a sujeira do resto de seu corpo, ao menos para mim.
Meu pai então me prendeu em uma chave de braço, passando o braço por trás de meu pescoço, e logo depois me deu um cascudo de leve, bagunçando todo o meu cabelo.
Eu e meu pai possuímos uma relação bastante próxima. Moramos sozinhos, afinal. Minha mãe morreu poucos anos depois de meu nascimento. Não possuo memória alguma dela, além da sensação calorosa de estar entre seus braços.
Essa situação acabou fortalecendo o laço entre pai e filho aqui existente, e o jeito bobo dele auxiliou este desenvolvimento, sem dúvidas.
Meu pai é mecânico, acima de tudo. Embora também conserte rádios e outros aparelhos eletrônicos não muito modernizados. É costume dele deixar o trabalho para última hora, mas ele sempre cumpre seus afazeres e entrega o automóvel ou aparelho para o dono com total garantia de que está completamente consertado. Nunca houve reclamação alguma de seus reparos.

-Bom, filho, se me dá licença... - ele cheirou sua axila - Este Underground aqui precisa ir para debaixo d'água.

Eu assenti em silêncio, ainda sorridente por causa de suas brincadeiras. 
Ele sempre consegue me fazer esquecer os problemas.

-Você entendeu o recado, certo? Você vai conseguir, só precisa praticar mais. - ele disse para mim, procurando alguma toalha limpa com os olhos.

-Sim. Praticarei ainda mais intensamente! - levantei do sofá, energético - E caso esteja a procura de uma toalha, deixei no banheiro. 

-Esse é o meu garoto! - e então, meu pai deixou o cômodo.

Pus imediatamente a mão em meu bolso e retirei a carta de invocação do meu bolso. 

-Hora da prática noturna.


...

Quando me sinto empolgado e com vontade de treinar, eu vou para os fundos de minha casa, onde há bastante espaço, além de uma abertura para uma área florestal, onde podem haver seres em potencial para minha primeira captura.

-CAPTURA! - eu disse, fazendo o movimento com o braço.

Igualmente à sala de aula, a carta escorregou de minha mão e voou em direção da parede de minha casa. Após um longo suspiro, fiz o mesmo movimento, porém em sentido oposto, trazendo assim a carta de volta para minha mão.
Ninguém tem plena certeza sobre como as cartas realmente funcionam, mas elas possuem algumas propriedades: Não podem ser amassadas de forma alguma; são parcialmente maleáveis, mas impossíveis de serem dobradas ao meio. Ao fazer certos movimentos, ou os refletir, é possível retornar a carta à sua mão sem sair do lugar. Não podem ser quebradas ou danificadas de forma alguma; é sério, já tiramos a prova disto. Reagem a comandos; não sabemos muito sobre eles, mas o comando "captura" faz exatamente o que diz, e fora ele sabemos da existência do "invocar" e "libertar".
Existem outras propriedades, mas elas não são de total importância agora.
Pratiquei novamente o movimento. Gritei o comando e tentei arremessar a carta fazendo o movimento horizontal. Falhei, outra vez.

-Qual é meu problema? Será que é a postura? - indaguei.

Deitei-me no chão de braços abertos. Foquei nas minhas ações durante o ato de lançamento e refleti sobre meus possíveis erros e acertos. Acima de mim, a luz da lua me iluminava.
Junto da separação de classes, há uma separação de território. Undergrounds vivem em uma imensa depressão, um precipício caso visto do habitat dos Invocadores. 
Algumas partes do lugar onde os Underground vivem é coberta, fazendo parecer que vivemos em uma caverna, embora não seja exatamente assim. Há locais abertos e locais fechados por longo do território. Quanto mais próximo do território dos Invocadores, mais é possível ver o céu. 
Na visão de um Underground, os Invocadores vivem acima de uma gigantesca, colossal, enorme parede de terra. Algumas pessoas pensam no motivo de tal parede existir. Para certas pessoas, tal barreira é natural, junto de todo o território do mundo, já para outras pessoas, a barreira foi feita de propósito para separar os Invocadores dos não Invocadores. Tais pessoas acreditam que um dia existiu uma forma de todas as pessoas subirem ou descerem, alternando entre a terra dos Invocadores e dos Underground, a qualquer momento. Para mim, honestamente, isto é um mito. Não consigo imaginar um motivo para os Invocadores forçarem uma separação de nós. 
Não há uma rixa entre nós. Caso exista, não é aparente, pois nunca ouvi comentário algum sobre isso. Alguns Invocadores até mesmo mandam sinais para nós de vez em quando. Nos dão notícias sobre suas vitórias, derrotas, avanços... Para isto existem televisões e rádios. 
O real motivo dos Undergrounds precisarem aprender a invocação para ascender está nesta barreira. Com o poder de um Ser Invocado, seja ele qual for, é possível subir a grande parede que nos separa. É nisso que acreditamos, ao menos.
"Droga, acabei me desfocando..." percebi.
Senti uma leva picada em minha testa. Automaticamente, esfreguei-a com meu braço. Olhei para ele, usando a luz da lua ao meu favor. Meu braço estava sujo de sangue. O inseto que me picara fez de mim uma grande refeição.

-Melhor voltar para casa. Esse sangue pode atrair mais insetos... - tentei limpar o meu braço. 

Peguei minha carta de invocação e me dirigi para minha casa, porém parei bruscamente ao ouvir um ruído.

-Quem está aí?! - me virei, assustado.

No meio das árvores, percebi movimento em um arbusto. 
"É um Ser? Será a primeira vez que tenho contato direto com um!"
Abaixei-me atrás de uma porta de carro enferrujada - restos do trabalho de meu pai - e esperei a criatura surgir. Meu coração pulava de excitação e ansiosidade.
"E se for um Ser perigoso? E se for minha chance de fazer uma captura?"
Os barulhos pararam. Uma pequena sombra locomoveu-se em minha direção. As árvores bloqueavam qualquer luz, impedindo que eu detectasse sua forma. 
Pelo seu tamanho, julguei que não poderia me fazer mal. Levantei-me, então, empunhando minha carta, pronto para arremessá-la.
"Caso eu tente, espero conseguir acertar."
Eu nunca consegui arremessá-la corretamente, mas talvez no calor do momento um milagre possa acontecer.
Tentei me comunicar. Alguns Seres são capazes de falar.

-Hey, você aí!

A criatura olhou em minha direção - ao menos, eu acreditava nisso. Estava tão escuro que eu não conseguia detectar forma na criatura.
A passos curtos, aproximei-me do Ser. Com menor distância, minhas chances de captura aumentariam. Notei que a criatura continuo no mesmo lugar. Não se moveu nem um centímetro.

-Olá? 

Preparei a carta. Logo iria jogá-la.
"Só mais um pouco!" continuei a me aproximar.
Comecei a identificar a criatura. Ela era alongada e plana. Talvez fosse como uma tartaruga, ou uma arraia-terrestre!
Quando achei ter me aproximado o suficiente, arremessei:

-Captura! - gritei o mais baixo possível para não assustar o Ser.

A carta voou de minha mão. Por sorte, a direção foi correta. Por azar, o arremesso foi alto demais. A carta voou além das árvores. Rapidamente, fiz o movimento reverso e peguei minha carta novamente. 
O Ser havia ido embora. 
Decepcionado, voltei para casa sem dizer mais nenhuma palavra. Minha mente estava em branco. Mais tarde, eu começaria a pensar na grande chance que foi perdida.

...

Amanheceu. Acordei com muita dificuldade, como sempre, vesti-me, escovei os dentes e caminha lentamente para a cozinha. 

-Bom dia. - meu pai desejou.

-Bom dia, pai. - respondi, bocejando. 

Sentei-me a mesa. Meu pai assistia à televisão, ainda vestido com sua roupa de dormir - sua bermuda mais confortável. Estranhamente, estava no canal direcionado aos Invocadores, por onde eles se comunicavam conosco.
"Devo contar sobre ontem para ele? Talvez ele fique orgulhoso de minha tentativa, por mais mal-sucedida que tenha sido." pensei, indeciso.
Por fim, achei melhor compartilhar a experiência com ele.

-Pai, preciso contar algo. 

-Espere um segundo, filhão. Aliás, acho melhor você prestar atenção. - ele apontou para o aparelho.

Comecei a escutar o que o apresentador dizia. 

-Após longa discussão, o pedido foi aprovado. A reconhecida Lorde, ou melhor dizendo, Lady, Karis Northwind, visitará a Academia de Ensino Subterrânea Armadillo hoje. Onde pretende passar aos Underground informações sobre a invocação e a captura, a ponto de criar laços de união entre as duas classes.

"Academia Armadillo? Em outras palavras: Minha escola!" 
A notícia me despertou completamente, além de me deixar empolgado e energético. Fiz esforço para não sair pulando de emoção. Senti uma enorme vontade de gastar energia.

-Você provavelmente vai conhecer um Lorde, campeão! - meu pai avisou.

Ele partilhava de minha empolgação, sei disso. Meu pai possui grande apreço pelos Invocadores. Eu não entendo muito bem o motivo, mas seu desejo é um dia visitar o território deles. Encarreguei-me de realizar esse sonho pessoalmente. Um dia, farei nós dois ascendermos, realizando assim seu sonho! 
E essa era uma chance imperdível!
Agarrei minha mochila e corri para a porta.

-Aonde será que você vai? - meu pai sorriu.

-Vou realizar nosso sonho! Não irei desapontar você, pai! Vou me encontrar com Karis e farei ela me treinar!

Abri a porta. Eu sairia correndo, mas meu pai chamou minha atenção.

-Você não ia me dizer algo?

"Não tenho tempo agora." pensei. "Mas preciso dizer algo, ou então ele ficará se remoendo de curiosidade a manhã inteira."

-Tive um sonho onde uma mulher cozinhava curry para mim. - inventei.

Meu pai gargalhou.

-Então você já chegou na idade de ter sonhos com mulheres, uh? - um sorriso estranho brotou no rosto dele - Depois converso com você sobre certas coisas da vida.

"O quê?" 
Sacudi a cabeça, sem entender o significado de suas palavras, e voltei a focar no fato de uma Invocadora aparecer em minha escola hoje. Coloquei minha mochila nas costas e corri rua afora com um sorriso de empolgação.

...