Selion
5.
Treinamento de arqueiro.
-Ai que
dor de cabeça... – acordei esfregando minha cabeça.
-Bom dia
dorminhoco. – uma voz falou.
Me virei e
olhei para a porta. Havia uma garota que eu nunca havia visto na vida lá. Ela
tinha cabelo azul escuro com pontas pretas, tinha um olho vermelho e no outro
usava um tapa-olho e atrás dela, havia um gato preto com uma lua na testa,
fazendo carinho em sua perna.
-Eu sou
Richard. E você deve ser aquele que desistiu mas voltou.
-É... –
falei me espreguiçando.
Olhei para
os lados e vi que as bolas de pêlos vivas e o Polar não estavam mais ali.
-Cadê
os... – comecei a falar mas fui interrompido.
-Seus
mascotes? Estão tomando o café da manhã, já são oito horas. Vê se acorda.
-Oito
horas? Geralmente acordo as onze e meia...
-Enquanto
estiver aqui sua rotina muda. Qualquer
coisa vou estar no meu quarto, você nem vai perceber que eu estou nesta casa.
“Ela
parece meio fechada...” pensei. “Comigo aqui ela não vai ficar trancada no
quarto... Isso pode ter certeza!”.
...
Fui
andando lentamente pelo corredor, tropeçando e bocejando. Eu já havia me
trocado, e como a Melody disse que eu era um arqueiro... Me vesti como tal.
-Bom dia
pessoal... – falei vagarosamente, enquanto eu andava vagarosamente até a mesa.
-Uau você
está cheio de ânimo. – Polar falou.
-Háhá...
Muito engraçaaaaa... – falei caindo no chão.
-Eu sabia
que isso ia acontecer... Me dê o molho picante que você prometeu agora Firus. –
Polar falou para a bola de pêlo preta.
E rosnando
o Firus entregou com a boca o molho picante.
Me
levantei e me virei para a mesa, havia uma garota estranha olhando para mim.
Ela aparentava ter 12 anos. Tinha uma pele de cor azul fraca, e seu olhos eram
cor verde água. Seu cabelo era comprido e era um loiro fraco.
-Oi? –
falei. – Nova aqui?
-Me chamo
Blanorcana e vim do planeta de Nibiru.
-Interessante...
Você é alien então? – perguntei com dor de cabeça.
-É... Só
que sou uma alien-fada.
-Vish... –
falei totalmente fora de mim – Se aliens-fada existem então eu devo ser um
dragão mesmo.
Levantei
do banco e pulei dele. Não funcionou.
-Ele ta
bem? – Blanorcana perguntou para o Polar.
-Bateu com
a cabeça. – ouvi ele responder.
Notei que
eu estava com a minha mochila nas costas. Eu meio que me acostumei a usá-la
toda hora. Vi que ela começou a brilhar. Sacudi a cabeça e a abri. Era a pedra.
Assim que a toquei senti que a dor na minha cabeça havia sumido, e eu estava de
volta ao normal.
-O quê
houve? – perguntei assustado. – Porque eu to no chão?
-Droga...
Pode pegar Firus... – ouvi Polar falar irritado para o Firus.
Sacudi a
cabeça para acordar.
-Eu sou
Selion... – falei para Blanorcana.
Ela não
respondeu nada e começou a comer um sanduíche.
Logo após
disso, Kathryn apareceu andando na cozinha.
-É assim
que você acorda? – ela falou olhando para mim.
-Engraçadinhos...
– falei me levantando.
-Por falar
em engraçadinhos, se eu fosse você alimentava seus Pufis.
-Meus o
quê? – falei estranhando.
-As bolas de
pêlo. – Blanorcana falou.
-Essa
não... Me diz que eles estão bem! – falei me dando conta de que nunca foram
alimentados.
-Sim...
Mas estão tentando devorar o Lief e a Sakura... Então a Melody botou eles a
dormir a força... – Kathryn falou dando pausas na voz.
-O QUÊ?!
-Vai lá
ver.
Saí da
cozinha e fui para a sala e vi os quatro Pufis dormindo. Fiquei boquiaberto(com
a boca bem aberta). A Melody apareceu e fechou minha boca. E me convidou a
começar meu treinamento.
-Que
treinamento? – respondi.
-Você acha
que é só chegar aqui e “Puf”? Seus poderes vão aparecer com você os dominando
perfeitamente? – Melody explicou com sarcasmo. – Há! Tire o seu cavalinho da
chuva! – ela completou.
-Estou
pronto para me tornar um arqueiro! – falei colocando a mão acima da cabeça. –
Mas antes... O que os Pufis comem?
-Olha,
eles comem: maçã, pizza, frutas silvestres, queijo e bolo. O pufi preto, mais
conhecido como Firus, come molho picante. MAS NUNCA! Dê a ele. Porque ele pega
fogo quando come, literalmente.
-Ok... E
onde vou achar isso?
-Temos na
geladeira. A e não esqueça, cada pufi têm um gosto.
Peguei
várias potes e coloquei cada tipo de comida dentro, e botei eles na sala, para
eles comerem quando acordarem.
-Podemos
começar!
Ela me
levou até o quarto dela. E colocou alguns alvos na parede. E me entregou um
arco e várias flechas.
-Pronto. –
ela falou.
-Não sei
como usar isso! – falei derrotado.
-Claro que
sabe! Tente, o extinto de arqueiro está dentro de você! E quando você dominar o
arco e a flecha, seus outros poderes apareceram! – ela me explicou.
-Como
assim?
-Assim que
você conseguir o jeito com o arco e a flecha, se tornará um dragão arqueiro.
Assim que acertar todos os alvos, você se sentirá canalizado com seus outros
poderes, e você terá o poder de um elfo arqueiro. Mas não se preocupe, você não
é um elfo e nem se tornará um. Mas irá se transformar em dragão. – ela
continuou.
-Entendi.
Peguei o
arco e a flecha e mirei, larguei o arco e atirei, acertei um vaso, o quebrando.
-Desculpa...
-Tudo bem.
Continue.
Tentei de
novo, e de novo, e de novo... Até o relógio atingir exatamente 10:30 da manhã.
Eu não havia acertado nada.
-Aff! Eu
não consigo. – reclamei. – Você está errada, na idéia de eu ser arqueiro.
-O Scaner
dos Deuses, NUNCA falha! Agora, encontre sua paz interior.
-Minha o
quê?
-Sua paz
interior. – ela repetiu.
-Não tenho
isso.
-É claro
que têm. Encontre uma imagem, uma paisagem, uma fala, qualquer coisa, que te
concentre, te deixe... Relaxado, calmo... E depois atire.
-Humpf...
Posso tentar em meu quarto?
-Claro, vá
lá, vou encantar uns alvos.
Ela abriu
as duas mãos, e as levantou para cima, disse uma palavras esquisitas, e depois
abaixou as mãos com força.
-Pronto.
Boa sorte. Seu quarto é o aqui do lado.
-Obrigado.
Saí pelo
corredor, e achei a porta do meu quarto, eu a abri, e dei um passo para frente.
Mas eu não entrei, fiquei parado, eu havia ouvido alguma coisa, um som... Uma
melodia, alguém estava tocando violão. Vinha do quarto a frente ao meu. “Será
que eu deveria ir ver o que é?” me perguntei. Tomei coragem, fui até lá e abri
a porta.
Levei um
susto, era a Richard, tocando violão e cantando algo, mas não deu para ouvir,
pois ela parou assim que eu abri a porta.
-Uau. Você
toca bem Richard. – elogiei sorrindo.
-Saia
daqui! – ela falou com o rosto vermelho.
Já
entendi, ela era tímida.
-Porque se
esconde? – perguntei a encarando.
-Saia
daqui! – ela repetiu com o rosto mais vermelho ainda.
Ela pegou
um leque que estava em cima da sua cama, e soltou um vento tão forte, que
fechou a porta e me empurrou, ainda com os pés no chão, até o meu quarto.
-Meu deus!
O quê foi isso? – falei respirando forte.
-Isso foi
a Richard. – Blanorcana falou aparecendo na porta do meu quarto. – Ela é uma
sacerdotisa.
-E como
sabe disso? Você chegou ontem!
-Até onde
eu saiba, você também! E além do mais, ela foi quem me deixou entrar ontem a
noite, não é senhor desmaiado. – ela falou, com um tom sarcástico.
-Tushê. –
falei. – Agora vou treinar arco e flecha, é melhor você não estar aqui quando
isso acontecer. – falei fechando a porta na cara dela.
Ouvi ela
reclamar e depois a porta tremeu.
-Uma alien
fada faz um estrago tão grande assim?
Imagina eu quando me tornar dragão.
Me sentei
na cama e suspirei. E então cruzei as pernas, e comecei a meditar, pensando na
minha paz interior.
“Vamos
Selion.Pense nas coisas que te acalmam. O que te acalma? ” comecei a me
perguntar. Comecei pensando em um lugar plano, cheio de grama, flores variadas,
e uma árvore, algumas montanhas cheias de grama ao longe e um céu limpo e
claro. De um tom de cor bem azul. Mas não funcionou, isso eu vi em algum filme.
Pensei então em um campo todo destruído, com dragões voando ao longe, um céu
vermelho, no meio de um eclipse. E então notei que eu não estava pensando
naquilo. Era como se aquela imagem, estivesse na minha mente, e eu não pudesse
tirá-la. Então, percebi que havia uma pessoa pequena andando naquele lugar,
toda alegre, atrás de, até o que parecia, um pufi só que ele era marrom. A
imagem se tornou mais próxima, e vi que era um garoto, e ele tinha escamas de
dragão na cara, não em toda ela, mas nas bochechas para cima.
Depois
apareceu uma luz que me ofuscou, e eu acordei, e eu estava deitado na minha
cama, de bruços. E a Kathryn e a Melody me encaravam assustadas.
-O que
foi? – perguntei.
-S-sua
cara! Você conseguiu Selion! Você está quase lá!
-Do que
estão falando? – falei passando a mão na minha cara.
Kathryn
tirou pegou um pequeno espelho em seu rosto e me deu, então gritei. Minha cara
estava com escamas, parecidas com as do garoto que eu vi antes. E notei que
havia um dente para fora da boca. Era um canino, abri a boca e vi que ele havia
se tornado maior.
-O QUE
HOUVE COM MEU ROSTO?! – perguntei espantado.
O quê você
faria se nascessem escamas cinza no seu rosto? Acho que iria pirar também!
-Se
acalme... Você só está começando a encontrar a sua paz interior. – Melody falou
com a expectativa de me acalmar.
-Agora um
campo, todo destruído, com um eclipse ocorrendo, dragões voando no céu, e com o
céu todo vermelho é o local da minha paz interior? – falei duvidando, ainda
assustado e um pouco irritado.
-É.
Caí pra
trás. Ela disse mesmo o que eu ouvi?
-Olha,
você por acaso pensou nisso sozinho? – Kathryn perguntou, com uma cara
duvidosa.
-Não... –
falei tentando fazer com que não pareça loucura.
-Você está
se lembrando da sua infância. – Melody opinou.
-Claro...
Sei... – falei sarcasticamente.
-Olha,
esqueceu que você é felixiano? – Kathryn me lembrou.
Então me
veio a mente a imagem de quando Melody me disse o que eu era. “Você é um dragão
arqueiro! Você também é alienígena, você é um felixiano, habitante de Felixia,
um planeta ao lado de Marte e...” lembrei de quando ela falou.
-Mas...
Mas... – falei soluçando.
-Tente
atirar. – Melody me encorajou, me alcançando o arco e uma flecha.
Eu sabia
que iria errar. Mas não seria tão ruim assim tentar não é? Peguei o arco e o
posicionei, comecei a puxar a flecha para trás, mirando no alvo. Depois
respirei fundo, e expirei. E então a imagem de antes me veio a mente, a imagem
da terra cheia de grama, do eclipse, do céu vermelho. Então me senti
encorajado. Olhei fixamente para o alvo, e atirei a flecha. Ela acertou bem no
meio.
-Meu deus,
eu acertei! – falei vitorioso.
-Me paga
agora Kathryn! – Melody falou para a Kathryn.
-Argh! –
ela resmungou.
-O que deu
no pessoal daqui? Primeiro foi o Polar com o molho picante do Firus e agora são
vocês duas com uma nota de vinte? – reclamei.
As duas
riram.
-Fazer o
quê... Quando não têm nada pra falar ou dizer, a aposta rola solta. – Melody
falou dando de ombros.
-O quê
viemos fazer aqui mesmo? – Kathryn perguntou para Melody.
-Lembrei!
Você perdeu o almoço Selion. – Melody falou rindo.
-O QUÊ?? –
falei arrasado. – Primeiro não como café da manhã, agora não têm almoço??
-Não se
preocupe, a Richard guardou um pedaço de pizza pra você. O que você fez pra
ela? – Melody comentou,
-Só
elogiei a música dela...
-Você
conseguiu ouvir ela tocar?? – as duas magas falaram espantadas.
-Ela nunca
deixa ninguém ouvir ela tocar, ela é muito tímida. – Melody explicou.
-Eu só
abri a porta do quarto dela quando ela tava tocando. – expliquei.
-Ela não
deve conhecer a sua aura... – Kathryn falou baixinho.
-Ela deve
ter gostado quando você a elogiou. Sabe como é, quem toca algo gosta de um bom
elogio. – Melody comentou.
-Antes de
ir, deixa eu tentar nos outros alvos. – falei mirando com o arco e flecha.
-NÃOOOOO!!!
– Melody gritou mas era tarde demais, já havia atirado uma flecha, que acertou
bem no meio do alvo.
Senti um
sentimento estranho, e vi que Melody e Kathryn haviam diminuído.
-O que
foi? Porque encolheram? – perguntei.
-Olhe você
mesmo! – Kathryn falou assustada, me alcançando o mesmo espelho de antes.
Eu havia
virado um dragão com grande presas, duas asas longas e grandes, e grandes
garras nos pés e nas mãos. Eu estava com a cara toda escamada, mas ainda era
possível ver meu rosto, e meu cabelo. Eu estava totalmente cinza. E tinha uma
calda bem longa. Notei que havia crescido pouco, e que, eu podia ser um dragão,
mas ainda era possível notar que eu era humano. Eu virei uma espécie de dragão
humanóide.
-Eu tentei
avisar! – Melody falou, batendo a mão bem forte na testa. – Se você tivesse me
ouvido, saberia que primeiro, precisa aprender a dominar o kung-fu! Seu dragão
tosco. Saiba que agora será um pouco mais difícil. Terá que aprender a lidar
com seu dragão interior primeiro.
-Olha o
lado bom, - Kathryn começou. – eu acredito que dominar os poderes de dragão é
mais fácil do que aprender a lutar. – Kathryn finalizou.
-Eu vou
comer! A gente cuida disso depois.
-Viu
Kathryn? Esse é o lado ruim, ter que dominar os instintos de dragão dele. Como
acha que ele vai se portar agora? Com seu dragão já transformado? O Kung-fu
poderia ensiná-lo a lidar com seu lado dragão. ENTÃO DEVOLVE MINHAS VINTE
PRATAS! – ouvi Melody cochichar para Kathryn.
-NÃOOO!
AGORA SÃO MINHAS VINTE PRATAS!
...