quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

As pedras de Elementra - Capítulo 21.

21. Quando tudo fica pior.

Você com certeza nunca passou, nem vai passar, o que eu passei aqui, neste pântano. Ser perseguido, atacado, trancado dentro de um templo estúpido... Tudo que eu queria era voltar pra casa. Deitar na cama, e ficar lá por dois dias.
Mas uma coisa chamada Grandark me impedia.
Eu,Melody,Richard,Adrian,Blanorcana e Mariana, estávamos todos correndo, a plenos pulmões. Grandark estava atrás da gente, com certeza.
Nós conseguimos fugir de seu covil. Um templo, que mais parece um labirinto.

-POR AQUI! – Melody gritou apontando para a esquerda.

Todos a seguimos sem falar nada. Não fazíamos a menor idéia de que Snape poderia estar nos seguindo, mas eu pensei nisso. Ao ver um bebê-cobra rastejando pelo chão.

-Aqui estaremos seguros por enquanto. – Richard falou tapando a entrada com arbustos.

Olhei ao redor. Estávamos numa pequena clareira na floresta. Era totalmente fechada, tirando a falta de teto, e o lugar por onde entramos.
“Será que estaremos seguros mesmo, aqui?” eu me perguntava. Se eu sei algo sobre esse pântano, é que ele é traiçoeiro.
Me sentei no chão e respirei fundo. O ar fétido do pântano havia nos seguido até aqui.
Era muita sorte o chão da clareira não estar coberto d’água. Bem, não inteiro.

-Que lugar nojento. – Blanorcana reclamou.

-Se não gostou, vai lá fora e encare Snape,Grandark e Lief. – Richard respondeu com frieza.

-Não, to bem aqui. – ela falou tensa.

O lugar foi tomado por um silêncio estranho. Todos estávamos tensos, nos perguntando o que iria acontecer.

-E então... – Adrian sussurrou – Ficaremos aqui por muito tempo?

Neste exato momento, alguns galhos quebraram ao redor da clareira.

-ÁDRIAN! – todos falamos baixinho.

Ele se encolheu no meio da clareira e permaneceu quieto. As árvore brilhavam com o sol de fim da tarde.
“Estamos aqui a mais de dois dias?! Isso explica minha fome...”
Minha barriga roncou.
Os olhos de Melody estavam negros. Sombrios. Atentos a qualquer coisa, a qualquer movimento, a qualquer respiração.
“Ok, estou exagerando.” Pensei.
“Até parece que eles vão deixar aqui. É uma clareira totalmente segura.”

Olhei para o lado e vi uma cobra de cabeça levantada olhando para mim.

-P-pessoal... Não se mexam. – falei.

-Cobras são cegas... Bem... Até onde eu saiba... – Adrian sussurrou.

-E até onde EU saiba, elas enxergam através dos movimentos e ondas sonoras, ou será que elas ouviam assim? – falei enfatizando a palavra “eu”.

-Ou seja, ninguém tem certeza de como as cobras vêem, e podemos estar nos entregando neste exato momento, sem nem ter consciência disso. – Richard jogou na nossa cara, sussurrando.

“Ela pode estar certa...” pensei.
Todos corremos até a cobra e a pegamos.

-Pra que machucá-la? Ela é só uma cobra indefesa! – Blanorcana discutiu.

-Ela vai nos entregar! – Richard reclamou, prendendo a cobra numa esfera de energia.

Ouvimos um barulho vindo de trás da caldeira.

-Temos que sair daqui! – argumentei. – Ficarmos parado é perigoso! Eles tem esse lugar na palma da mão.

E então, uma lâmina pegando fogo cortou uma das árvores da caldeira.
Lief.

-RÁPIDO! – todos gritamos.

Corremos para a entrada, mas algo a estava bloqueando.
Me transformei e comecei a voar. Melody flutuou os outros para fora da caldeira.
Ao tocar o chão, já saímos correndo. E a mais ou menos 1 metro de distância, conseguimos sair do pântano. O ar fétido ficou para trás. Grandark também.
“Tomara...” pensei.

                                                                     ...

-E o resto é história! – Adrian exclamou.

-Uau, que grande aventura. Mas cadê as pedras? Eu quero ver. – Sakura comentou impressionada.

Richard abriu as duas mãos, e mostrou a pedra do vento e da luz em uma, e a das trevas na outra.

-Como brilham...

-Vocês devem estar com fome. – Sakura comentou. – O tempo que passei aqui foi solitário...

-Mas e quanto a Kathryn? – perguntei.

Sakura ficou olhando para sua tigela de cereal. Eram praticamente 9 horas da manhã.
Não sei como consegui sair da cama depois de tudo que passamos.

-Bem... Ela não ligou para mim nem por um segundo. Ficou namorando o Misake.

-E Eólo? – Richard perguntou.

-Saiu. Precisavam de gente em Londres. – ela falou friamente. – Então passei um tempão na minha antiga casa.

Olhei ao redor e notei uma coisa. A tigela com um papel grudado em baixo, que vi antes de sair atrás de Grandark.
“O quê será que tinha lá?” me perguntei.
Sem falar nada, corri até o meu quarto.

-Onde vai? – Melody perguntou.

Não respondi. A minha curiosidade venceu. Quando cheguei no meu quarto levei um susto. Tinha um cavalo lá dentro.
Melody apareceu na porta logo atrás de mim.

-FRANK! – Melody gritou brava. – O quê faz aqui?

Ela chegou perto do grande cavalo negro e o empurrou para fora do quarto.
Ela murmurou “desculpa” e depois saiu andando com o cavalo. Sentei na minha cama e comecei a pensar onde tinha deixado o papel.
Olhei ao redor e achei um pedaço de papel em cima da mesa.
Eu o peguei e o analisei. Não era o certo. Se fosse, teria marcas de fita adesiva.
Continuei procurando, e achei um pedaço de papel grudado com fita, na porta do meu armário.
Peguei-o e o levei para a cozinha.

-Voltei. – falei triunfante.

-O quê foi fazer? – Sakura perguntou levando sua tigela até a pia.

-Pegar isso. – ergui o papel.

Sob a luz, parecia que ele era amarelo.
“Eu devia ter ligado a luz para procurá-lo.” Pensei.

-O quê é isso? – Richard perguntou mexendo em seu tapa-olho.

-Achei em baixo daquela tigela ali. – falei apontando. – E agora vou ver o que tem nele.

Melody murmurou alguma coisa. Acho que um pouco confusa.

-NÃO! – ela gritou tentando pegar o papel de mim.

Ela falou tarde. Eu já havia aberto o papel, e estava lendo-o.

-M-melody... O quê é isso? – perguntei sombrio.

Melody sentou em uma cadeira e suspirou.

-O quê está escrito? – Kathryn perguntou.

-“Lembranças do passado, trecho 1: Aqui estou eu, Melody, guardando o maior segredo que já vi na minha vida. Guardando de meus amigos que na verdade está para chegar uma era de caos. Mas... Eu não quero ter que chegar a isso... Talvez eu possa... Impedir de algum jeito... O retorno de... Aron...” – eu li.

-Aron? – Kathryn falou surpresa.

-Tem mais. – falei continuando. – “Talvez um dia... Ela possa me desculpar. Eu fui uma tola.”. E depois disso, tem umas palavras estranhas...

-NÃO! – Melody gritou tentando me parar.

Mas de novo, era tarde demais. Eu já as estava lendo.

-Erkini arad intakamini arkerem. – li com dificuldade.

O papel começou a brilhar.

-O QUÊ É ISSO?! – eu falei protegendo meus olhos da luz.

-EU ESTAVA TENTANDO AVISAR! – Melody gritou triste.

A luz percorria pela sala toda. E uma pequena névoa azul sai do papel e voou através da janela.
Quando a névoa passou pela janela, que estava fechada, seu vidro foi derretido, restando apelas um vidro mole com aparência de vela gasta.

-O quê... Foi isso? – Sakura perguntou atordoada.

Kathryn encarou Melody, furiosa.
Elas se encararam por um longo tempo. Como se estivessem brigando mentalmente.
“Mas elas são magas... Então devem estar brigando mesmo.” Pensei.
Depois de alguns minutos. Que passaram muito devagar, por sinal. Melody deitou a cabeça sobre a mesa fria de jantar, e pediu para nos sentarmos. Ela estava bem deprimida.

-Você... Libertou minha irmã. – ela desabafou.

-O QUÊ?! – todos perguntamos.

-Melody... Sua... – Kathryn a encarou. – EU TE AVISEI!

-MAS ELA É MINHA IRMÃ, KATH! – Melody gritou.

Eu me perguntava o que estava acontecendo.
Se seja lá quem for, é a irmã da Melody, então ela não deveria estar no grupo conosco?
Melody olhou para nós, um por um, com uma cara triste no rosto.

-Mas o quê tem sua irmã? – perguntei finalmente.

Melody tentou falar mas Kathryn se intrometeu.

-Só... Digamos que ela não deveria estar na Terra. – ela explicou.

Depois Kathryn se abaixou até Melody e sussurrou algo em seu ouvido. Depois Kathryn saiu andando para o corredor.

-Tem alguma coisa que queira nos contar? – perguntei.

-Não. – Melody bufou depois foi para seu quarto.

“O clima ta bem tenso...”

-O quê faremos? – Adrian sussurrou.

-No momento, comer alguma coisa, depois, iremos dar um jeito nas duas. – Richard explicou.

Nos sentamos a mesa e comemos nosso pequeno “café-da-manhã”. Comemos “tão pouco” que, quando acabamos, não sobrou quase nada na mesa.

-Vários dias sem comer da nisso. – Richard desabafou.

-Foram no máximo 4 dias. – Adrian resmungou.

-Por isso mesmo. 4 dias sem contato com água, nem comida. – reclamei.

-O quê faremos agora? – Blanorcana bufou.

-Que tal tentar falar com uma delas? – sugeri.

Richard respondeu com um breve “Pode-ser.”. Então fomos até o quarto de Kathryn e batemos na porta.
Silêncio.
Ela não respondeu, nem fez nenhum ruído.
“Deve ter dormido...” foi o meu primeiro pensamento. Continuamos batendo na porta.
Sakura desistiu, e foi até o quarto de Melody. Eu fui atrás dela.
“A Kathryn não quer conversar, quem sabe a Melody queira esclarecer tudo?” pensei.
Sakura chegou bem pertinho da porta que dava ao quarto de Melody e ergueu a mão para bater nela.

-Nem pense nisso. – Melody resmungou.

E bem devagar, Sakura abaixou a mão. A porta da Melody tinha um “olho mágico” nela, só que não é como os olhos-mágicos que se vê em qualquer prédio, era um olho- mágico de verdade.
Levantei a mão e bati na porta.

-Vocês são surdos? – ela reclamou.

Ouvi passos, e poucos segundos depois, Melody abriu a porta e nos encarou.

-Eu disse para não bater. – ela resmungou.

-A gente quer conversar com você. Por favor Melody. – Sakura pediu.

Melody parou um pouco, para pensar, e depois nos convidou para entrar. Eu e Sakura entramos, e depois ela fechou a porta e a trancou.
-Só vocês devem ouvir isso. – ela falou sentado em um pufe.

-O Polar conta com “vocês”? – perguntei. – Por que ele está ouvindo.

Ela deu de ombros.

-É o seguinte. Vocês devem se perguntar o por que do escândalo da Kathryn na cozinha. Não estou certa?

Tentei falar mas Melody foi mais rápida.

-Eu leio pensamentos, eu sei que estou certa.

Ela sorriu.

-É o seguinte, minha irmã não é bem uma “boa pessoa”. Ela é minha irmã gêmea entendem? E como em toda família, sempre tem aquela pessoa revoltada. – ela explicou. – E digamos, que os “amigos” dela, não são muito amigáveis.

-O quê quer dizer com isso? – perguntei.

-Eles são de um grupo da Grand Destruction.

-Mas... a Grand Destruction, não era só o Grandark, o Snape e coisa e tal? – Sakura perguntou um pouco confusa.

-Errado. Existem muitas Grand Destruction’s, por todo o mundo. E a mais importante delas, se encontra numa ilha no Triângulo das Bermudas. Vocês já devem ter ouvido falar. – Melody continuou.

-Então quer dizer, que tudo o que passamos, não era nada? Era um simples covil? – perguntei tenso.

“Se tudo o que passamos... Não foi nem a ponta do iceberg, imagina os outros!” pensei.

-Sabe... Minha irmã namorava o general da Grand Destruction. Só que não havia nos contado isso. Daí um dia... Descobrimos isso do pior jeito. Teve uma guerra. Perdemos muitos amigos, e eu perdi... – ela falou pausadamente.

Eu e Sakura estavam totalmente concentrados na história de Melody.

-Bem, isso não importa. Continuando... – ela falou sacudindo a cabeça. – No final, conseguimos prender minha irmã, e o general, o que deixou a Grand Destruction fraca. Mas não significa que vencemos. Ainda estamos em guerra.

-Foi aí que descobriram que as pedras poderiam resolver tudo. – Sakura deduziu.

-Exatamente. Elas podem acabar com a guerra, limpar a mente de nossos inimigos e quem sabe resgatar minha irmã. – Melody comentou triunfante. – Mas agora, você soltou o general deles.

-Aron... – pensei em voz alta.

Melody fez que sim com a cabeça.
“Como eu ia saber?”

-Mas não se sinta culpado, ele iria retornar de qualquer jeito. Eu só queria estar preparada para isso.

-E o que faremos? – perguntei.

Sério, se eu repetir essa frase mais uma vez hoje, eu juro que minha cabeça explode!

-Agora, vocês eu não sei, mas eu e Kathryn iremos prendê-lo de novo. – Melody falou se levantando.

-Acha que vamos deixar vocês irem sozinhas? – eu ri. – Nós vamos junto.

-Não... Vão... NÃO! – Melody mandou e então nos levitou para fora do quarto.

A porta fechou na nossa cara, depois eu e Sakura caímos no chão.

-Vocês estão bem? – Richard perguntou nos ajudando a levantar.

-Só digamos que... Agora eu sei o quê vamos fazer. – falei triunfante.

Nenhum comentário

Postar um comentário