21. Quando tudo fica pior.
Você com certeza
nunca passou, nem vai passar, o que eu passei aqui, neste pântano. Ser
perseguido, atacado, trancado dentro de um templo estúpido... Tudo que eu
queria era voltar pra casa. Deitar na cama, e ficar lá por dois dias.
Mas uma coisa
chamada Grandark me impedia.
Eu,Melody,Richard,Adrian,Blanorcana
e Mariana, estávamos todos correndo, a plenos pulmões. Grandark estava atrás da
gente, com certeza.
Nós conseguimos
fugir de seu covil. Um templo, que mais parece um labirinto.
-POR AQUI! –
Melody gritou apontando para a esquerda.
Todos a seguimos
sem falar nada. Não fazíamos a menor idéia de que Snape poderia estar nos
seguindo, mas eu pensei nisso. Ao ver um bebê-cobra rastejando pelo chão.
-Aqui estaremos
seguros por enquanto. – Richard falou tapando a entrada com arbustos.
Olhei ao redor.
Estávamos numa pequena clareira na floresta. Era totalmente fechada, tirando a
falta de teto, e o lugar por onde entramos.
“Será que
estaremos seguros mesmo, aqui?” eu me perguntava. Se eu sei algo sobre esse
pântano, é que ele é traiçoeiro.
Me sentei no
chão e respirei fundo. O ar fétido do pântano havia nos seguido até aqui.
Era muita sorte
o chão da clareira não estar coberto d’água. Bem, não inteiro.
-Que lugar
nojento. – Blanorcana reclamou.
-Se não gostou,
vai lá fora e encare Snape,Grandark e Lief. – Richard respondeu com frieza.
-Não, to bem
aqui. – ela falou tensa.
O lugar foi
tomado por um silêncio estranho. Todos estávamos tensos, nos perguntando o que
iria acontecer.
-E então... –
Adrian sussurrou – Ficaremos aqui por muito tempo?
Neste exato
momento, alguns galhos quebraram ao redor da clareira.
-ÁDRIAN! – todos
falamos baixinho.
Ele se encolheu
no meio da clareira e permaneceu quieto. As árvore brilhavam com o sol de fim
da tarde.
“Estamos aqui a
mais de dois dias?! Isso explica minha fome...”
Minha barriga
roncou.
Os olhos de
Melody estavam negros. Sombrios. Atentos a qualquer coisa, a qualquer
movimento, a qualquer respiração.
“Ok, estou
exagerando.” Pensei.
“Até parece que
eles vão deixar aqui. É uma clareira totalmente segura.”
Olhei para o
lado e vi uma cobra de cabeça levantada olhando para mim.
-P-pessoal...
Não se mexam. – falei.
-Cobras são
cegas... Bem... Até onde eu saiba... – Adrian sussurrou.
-E até onde EU
saiba, elas enxergam através dos movimentos e ondas sonoras, ou será que elas
ouviam assim? – falei enfatizando a palavra “eu”.
-Ou seja,
ninguém tem certeza de como as cobras vêem, e podemos estar nos entregando
neste exato momento, sem nem ter consciência disso. – Richard jogou na nossa
cara, sussurrando.
“Ela pode estar
certa...” pensei.
Todos corremos
até a cobra e a pegamos.
-Pra que
machucá-la? Ela é só uma cobra indefesa! – Blanorcana discutiu.
-Ela vai nos
entregar! – Richard reclamou, prendendo a cobra numa esfera de energia.
Ouvimos um
barulho vindo de trás da caldeira.
-Temos que sair
daqui! – argumentei. – Ficarmos parado é perigoso! Eles tem esse lugar na palma
da mão.
E então, uma
lâmina pegando fogo cortou uma das árvores da caldeira.
Lief.
-RÁPIDO! – todos
gritamos.
Corremos para a
entrada, mas algo a estava bloqueando.
Me transformei e
comecei a voar. Melody flutuou os outros para fora da caldeira.
Ao tocar o chão,
já saímos correndo. E a mais ou menos 1 metro de distância, conseguimos sair do
pântano. O ar fétido ficou para trás. Grandark também.
“Tomara...”
pensei.
...
-E o resto é
história! – Adrian exclamou.
-Uau, que grande
aventura. Mas cadê as pedras? Eu quero ver. – Sakura comentou impressionada.
Richard abriu as
duas mãos, e mostrou a pedra do vento e da luz em uma, e a das trevas na outra.
-Como brilham...
-Vocês devem
estar com fome. – Sakura comentou. – O tempo que passei aqui foi solitário...
-Mas e quanto a
Kathryn? – perguntei.
Sakura ficou
olhando para sua tigela de cereal. Eram praticamente 9 horas da manhã.
Não sei como
consegui sair da cama depois de tudo que passamos.
-Bem... Ela não
ligou para mim nem por um segundo. Ficou namorando o Misake.
-E Eólo? –
Richard perguntou.
-Saiu.
Precisavam de gente em Londres. – ela falou friamente. – Então passei um tempão
na minha antiga casa.
Olhei ao redor e
notei uma coisa. A tigela com um papel grudado em baixo, que vi antes de sair
atrás de Grandark.
“O quê será que
tinha lá?” me perguntei.
Sem falar nada,
corri até o meu quarto.
-Onde vai? –
Melody perguntou.
Não respondi. A
minha curiosidade venceu. Quando cheguei no meu quarto levei um susto. Tinha um
cavalo lá dentro.
Melody apareceu
na porta logo atrás de mim.
-FRANK! – Melody
gritou brava. – O quê faz aqui?
Ela chegou perto
do grande cavalo negro e o empurrou para fora do quarto.
Ela murmurou
“desculpa” e depois saiu andando com o cavalo. Sentei na minha cama e comecei a
pensar onde tinha deixado o papel.
Olhei ao redor e
achei um pedaço de papel em cima da mesa.
Eu o peguei e o
analisei. Não era o certo. Se fosse, teria marcas de fita adesiva.
Continuei
procurando, e achei um pedaço de papel grudado com fita, na porta do meu
armário.
Peguei-o e o
levei para a cozinha.
-Voltei. – falei
triunfante.
-O quê foi
fazer? – Sakura perguntou levando sua tigela até a pia.
-Pegar isso. –
ergui o papel.
Sob a luz,
parecia que ele era amarelo.
“Eu devia ter
ligado a luz para procurá-lo.” Pensei.
-O quê é isso? –
Richard perguntou mexendo em seu tapa-olho.
-Achei em baixo
daquela tigela ali. – falei apontando. – E agora vou ver o que tem nele.
Melody murmurou
alguma coisa. Acho que um pouco confusa.
-NÃO! – ela
gritou tentando pegar o papel de mim.
Ela falou tarde.
Eu já havia aberto o papel, e estava lendo-o.
-M-melody... O
quê é isso? – perguntei sombrio.
Melody sentou em
uma cadeira e suspirou.
-O quê está
escrito? – Kathryn perguntou.
-“Lembranças do
passado, trecho 1: Aqui estou eu, Melody, guardando o maior segredo que já vi
na minha vida. Guardando de meus amigos que na verdade está para chegar uma era
de caos. Mas... Eu não quero ter que chegar a isso... Talvez eu possa...
Impedir de algum jeito... O retorno de... Aron...” – eu li.
-Aron? – Kathryn
falou surpresa.
-Tem mais. –
falei continuando. – “Talvez um dia... Ela possa me desculpar. Eu fui uma
tola.”. E depois disso, tem umas palavras estranhas...
-NÃO! – Melody
gritou tentando me parar.
Mas de novo, era
tarde demais. Eu já as estava lendo.
-Erkini arad
intakamini arkerem. – li com dificuldade.
O papel começou
a brilhar.
-O QUÊ É ISSO?!
– eu falei protegendo meus olhos da luz.
-EU ESTAVA
TENTANDO AVISAR! – Melody gritou triste.
A luz percorria pela
sala toda. E uma pequena névoa azul sai do papel e voou através da janela.
Quando a névoa
passou pela janela, que estava fechada, seu vidro foi derretido, restando
apelas um vidro mole com aparência de vela gasta.
-O quê... Foi
isso? – Sakura perguntou atordoada.
Kathryn encarou
Melody, furiosa.
Elas se
encararam por um longo tempo. Como se estivessem brigando mentalmente.
“Mas elas são
magas... Então devem estar brigando mesmo.” Pensei.
Depois de alguns
minutos. Que passaram muito devagar, por sinal. Melody deitou a cabeça sobre a
mesa fria de jantar, e pediu para nos sentarmos. Ela estava bem deprimida.
-Você...
Libertou minha irmã. – ela desabafou.
-O QUÊ?! – todos
perguntamos.
-Melody...
Sua... – Kathryn a encarou. – EU TE AVISEI!
-MAS ELA É MINHA
IRMÃ, KATH! – Melody gritou.
Eu me perguntava
o que estava acontecendo.
Se seja lá quem
for, é a irmã da Melody, então ela não deveria estar no grupo conosco?
Melody olhou
para nós, um por um, com uma cara triste no rosto.
-Mas o quê tem
sua irmã? – perguntei finalmente.
Melody tentou
falar mas Kathryn se intrometeu.
-Só... Digamos
que ela não deveria estar na Terra. – ela explicou.
Depois Kathryn
se abaixou até Melody e sussurrou algo em seu ouvido. Depois Kathryn saiu
andando para o corredor.
-Tem alguma
coisa que queira nos contar? – perguntei.
-Não. – Melody
bufou depois foi para seu quarto.
“O clima ta bem
tenso...”
-O quê faremos?
– Adrian sussurrou.
-No momento,
comer alguma coisa, depois, iremos dar um jeito nas duas. – Richard explicou.
Nos sentamos a
mesa e comemos nosso pequeno “café-da-manhã”. Comemos “tão pouco” que, quando
acabamos, não sobrou quase nada na mesa.
-Vários dias sem
comer da nisso. – Richard desabafou.
-Foram no máximo
4 dias. – Adrian resmungou.
-Por isso mesmo.
4 dias sem contato com água, nem comida. – reclamei.
-O quê faremos
agora? – Blanorcana bufou.
-Que tal tentar
falar com uma delas? – sugeri.
Richard
respondeu com um breve “Pode-ser.”. Então fomos até o quarto de Kathryn e
batemos na porta.
Silêncio.
Ela não
respondeu, nem fez nenhum ruído.
“Deve ter
dormido...” foi o meu primeiro pensamento. Continuamos batendo na porta.
Sakura desistiu,
e foi até o quarto de Melody. Eu fui atrás dela.
“A Kathryn não
quer conversar, quem sabe a Melody queira esclarecer tudo?” pensei.
Sakura chegou
bem pertinho da porta que dava ao quarto de Melody e ergueu a mão para bater
nela.
-Nem pense
nisso. – Melody resmungou.
E bem devagar,
Sakura abaixou a mão. A porta da Melody tinha um “olho mágico” nela, só que não
é como os olhos-mágicos que se vê em qualquer prédio, era um olho- mágico de
verdade.
Levantei a mão e
bati na porta.
-Vocês são
surdos? – ela reclamou.
Ouvi passos, e
poucos segundos depois, Melody abriu a porta e nos encarou.
-Eu disse para
não bater. – ela resmungou.
-A gente quer
conversar com você. Por favor Melody. – Sakura pediu.
Melody parou um
pouco, para pensar, e depois nos convidou para entrar. Eu e Sakura entramos, e
depois ela fechou a porta e a trancou.
-Só vocês devem
ouvir isso. – ela falou sentado em um pufe.
-O Polar conta
com “vocês”? – perguntei. – Por que ele está ouvindo.
Ela deu de
ombros.
-É o seguinte.
Vocês devem se perguntar o por que do escândalo da Kathryn na cozinha. Não
estou certa?
Tentei falar mas
Melody foi mais rápida.
-Eu leio
pensamentos, eu sei que estou certa.
Ela sorriu.
-É o seguinte,
minha irmã não é bem uma “boa pessoa”. Ela é minha irmã gêmea entendem? E como
em toda família, sempre tem aquela pessoa revoltada. – ela explicou. – E
digamos, que os “amigos” dela, não são muito amigáveis.
-O quê quer
dizer com isso? – perguntei.
-Eles são de um
grupo da Grand Destruction.
-Mas... a Grand
Destruction, não era só o Grandark, o Snape e coisa e tal? – Sakura perguntou
um pouco confusa.
-Errado. Existem
muitas Grand Destruction’s, por todo o mundo. E a mais importante delas, se
encontra numa ilha no Triângulo das Bermudas. Vocês já devem ter ouvido falar.
– Melody continuou.
-Então quer
dizer, que tudo o que passamos, não era nada? Era um simples covil? – perguntei
tenso.
“Se tudo o que
passamos... Não foi nem a ponta do iceberg, imagina os outros!” pensei.
-Sabe... Minha
irmã namorava o general da Grand Destruction. Só que não havia nos contado
isso. Daí um dia... Descobrimos isso do pior jeito. Teve uma guerra. Perdemos
muitos amigos, e eu perdi... – ela falou pausadamente.
Eu e Sakura
estavam totalmente concentrados na história de Melody.
-Bem, isso não
importa. Continuando... – ela falou sacudindo a cabeça. – No final, conseguimos
prender minha irmã, e o general, o que deixou a Grand Destruction fraca. Mas
não significa que vencemos. Ainda estamos em guerra.
-Foi aí que
descobriram que as pedras poderiam resolver tudo. – Sakura deduziu.
-Exatamente.
Elas podem acabar com a guerra, limpar a mente de nossos inimigos e quem sabe
resgatar minha irmã. – Melody comentou triunfante. – Mas agora, você soltou o
general deles.
-Aron... –
pensei em voz alta.
Melody fez que
sim com a cabeça.
“Como eu ia
saber?”
-Mas não se
sinta culpado, ele iria retornar de qualquer jeito. Eu só queria estar
preparada para isso.
-E o que
faremos? – perguntei.
Sério, se eu
repetir essa frase mais uma vez hoje, eu juro que minha cabeça explode!
-Agora, vocês eu
não sei, mas eu e Kathryn iremos prendê-lo de novo. – Melody falou se
levantando.
-Acha que vamos
deixar vocês irem sozinhas? – eu ri. – Nós vamos junto.
-Não... Vão...
NÃO! – Melody mandou e então nos levitou para fora do quarto.
A porta fechou
na nossa cara, depois eu e Sakura caímos no chão.
-Vocês estão
bem? – Richard perguntou nos ajudando a levantar.
-Só digamos
que... Agora eu sei o quê vamos fazer. – falei triunfante.
Nenhum comentário
Postar um comentário