quarta-feira, 28 de novembro de 2012

As pedras de Elementra. Capítulo 19. A união.


                                19. A União.


Minha cabeça doía. Eu havia acordado dentro de uma espécie de quarto negro, com paredes escuras, sem nenhuma janela. Eu estava usando uma camisa de força, que não durou muito tempo, um pouco de fogo hà desintegrou em poucos segundos.
Eu não tinha ninguém ao meu lado, só a solidão e a minha sombra.
“Deve ter uma saída...”
Mal via a hora de sair dali e chutar o traseiro do Grandark por causa de tudo que ele nos fez passar.
Minha primeira reação naquele quarto, foi queimar a camisa de força, a segunda, foi tacar fogo nas paredes, vai que uma porta secreta aparecia ou sei lá...
O tempo passava, e passava. Eu havia perdido minha mochila, eu estava sozinho, sem comida, sem água, num quarto totalmente escuro e fechado a vácuo.
A dúvida era: “Como se entra num quarto sem saída?”.
O tempo passava, e passava, eu estava a beira do enlouquecimento, até que uma enorme luz apareceu na minha frente, fritando meus olhos já acostumados a escuridão.
“Vampiros passam por isso todo dia?”
Eu ouvi aplausos, e a luz ficou mais nítida. Era o holograma do Grandark.

-O quê você quer? – perguntei de mau-humor – JÁ VOU AVISANDO, QUANDO EU SAIR DAQUI, VOCÊ VAI MORRER!

-Calminha dragãozinho. – ele retrucou.

Olhei para mim, eu estava transformado em dragão.
“Se acalme, Selion.” Repeti para mim mesmo baixinho.

-O quê você quer? – repeti.

-Olha você aí, não posso deixá-lo assim, não é minha adorável assistente?

Richard apareceu ao lado de Grandark.

-RICHARD! – gritei surpreso.

-Ela não está linda? – Grandark perguntou.

Ela estava inteiramente vestida de preto e azul, com uma tiara de asas de morcego na cabeça, parecia real. Ela estava com um sorriso assustador no rosto. Um sorriso que dizia “quem será minha próxima vítima?”. Era perturbador.

-R-richard? – gaguejei.

Não parecia mais que ela era a mesma pessoa que tinha entrado comigo neste covil infernal. Não parecia mais ser a Richard que eu conhecia.
Parecia que, alguém havia tomado conta do corpo de Richard, fazendo-a ficar... Obsoleta. O corpo dela, ocupado com outra pessoa.
Mas isso era só na aparência. Eu torcia para que ela estivesse com a mente intacta, fingindo cooperar com Grandark ou sei lá.

-Quem é este, meu lorde? – Richard perguntou.

-Você não o conhece. Por pouco tempo. – Grandark explicou. – Ele se chama Selion. Ele é o... como posso dizer?

-É o...? – perguntei.

Sério, ele devia passar num psicólogo.

-É o nosso maior inimigo. O “ser divino”. Sua missão, é destruí-lo. Entendeu? – Grandark continuou.

-Como assim o “ser divino”? – estranhei.

-Você não sabe? Que bom, agora tenho um segredo seu que nem você sabe. Isso vai ser... Divertido. – Grandark zombou.

-Você têm algum problema mental? Conheço um ótimo hospital psiquiátrico lá no Peru. Você devia ir lá.

-Não zombe de meu lorde! – Richard retrucou.

-Quem vai me impedir?

Ouvi engrenagens se moverem. E senti uma gota de água caindo em cima de meu cabelo.

-Mas... o quê...? – perguntei olhando para cima.

Havia uma espécie de leão olhando para mim, babando.
“Mais essa agora.”

-Você conhece o Klutzy? – Grandark perguntou sorrindo.

-Se você não se comportar, ele será seu novo colega de quarto. – Richard completou.

-Podem colocar. Ele vai ser meu almoço, eu estou com fome mesmo.

-Hoho... – Grandark riu. – Esse não é o tipo de leão que você pode derrotar. Tentei dar uma outra olhada para ele.

Olhei para cima. O leão havia arrancado uma parte de seu rosto. E em vez de carne, músculos, ossos, esse leão, tinha uma espécie de brilho verde.

-Esse leão é feito de pura energia da pedra dos ventos. – Grandark explicou.

-P-pedra dos ventos? – gaguejei.

Grandark levantou as mãos, e me mostrou uma pedra verde cintilante.

-Onde você...?

-É confidencial. – Richard interrompeu.

-Claro que é... – resmunguei.

O teto se fechou.
“Então é de lá que eu vim.”
Interessante.
O holograma de Grandark e de Richard se desfez, e o Polar apareceu logo depois para me fazer companhia.

-O quê você quer?

-Vim trazer noticias de Melody. – Polar falou entregando um bilhete. – Comparada com a masmorra dela, a sua é tão tranquila...

Ele desapareceu logo após isso.
Desdobrei o bilhete e o li em voz alta.

-“Selion, vim lhe avisar que todos nós estamos trancafiados em celas diferentes, equipadas para nos prender por um bom tempo. Então não espere um resgate tão cedo. Outra coisa que vim dizer é: Grandark me avisou que vai mandar Richard ir aí atrás de você daqui a uma hora, então não fique parado, tente fugir...”.

O final estava queimado. Alguém havia tacado fogo nas últimas palavras de Melody. Não me importei, o que estava ali era suficiente.

-Então vai vir atrás de mim é...? Gostei da idéia.

Eu já sabia como sair daquela sala “fechada a vácuo”. Só precisa de um “pouquinho” de tempo.
Me transformei em dragão e voei para o teto. Bati de leve no teto, como se fosse uma porta. Um longo som de eco apareceu acima de mim.
Me lembrei do leão de Grandark. Com certeza era um holograma, dos bem fajutos por sinal.
Grandark podia até estar com a pedra do ar. Mas com certeza não sabe usá-la, disso tenho certeza.

-Vamos lá, Selion. – falei respirando fundo.

Peguei impulso e me atirei em direção ao teto.
Cai com tudo no chão.

-Ai... – falei coçando a cabeça. – Pensava que minha pele de dragão era mais dura.

Outro clarão ofuscou meus olhos. Já estava preparado para xingar o Grandark quando senti algo felpudo na minha mão.

-O quê? – perguntei.

Snowy. Ele estava lá, segurando alguma coisa com a boca.

-Como você e o Polar fazem isso? Eu preciso saber! – implorei.

Snowy me olhou com uma cara estranha.

-Aé, não fala...

Peguei o objeto da boca de Snowy e sentei no chão para analisar.

-Luz por favor?

Snowy sentou ao meu lado e ficou quieto. Ele parecia com sono.
Joguei fogo para cima, e uma luz laranja e brilhante cobriu o lugar. Era a pedra da luz. Era isso que o Snowy havia trazido para mim. Mas para quê? Eu não sabia usar aquilo.
Levantei e apontei a pedra para uma das paredes.
Adivinha o quê aconteceu. Nada, nadinha mesmo. Nem luz saía daquela pedra, o que fazia eu duvidar do nome dela.
Encarei Snowy. Depois encarei a pedra. Quando fui olhar para Snowy de novo, ele não estava mais lá.

-Me leva com você!

Deitei de bruços no chão e pensei quando Richard viria.
Talvez a pedra servisse para ajudar a lutar. Ou não.
Nem deu tempo para pensar direito que o teto se abriu. Richard havia chegado?
“O tempo passa rápido mesmo.”
Me levantei e me preparei para lutar. Ninguém apareceu, eu só ouviu um sussurro.

Selion! Ei! Olha eu aqui!

-Quem está aí? – perguntei alerta.

-Sou eu! Mariana! Venha. – ela sussurrou.

“Mariana?” Pensei lembrando que ela havia sumido de uma hora para outra.

-Onde você foi? – perguntei enquanto voava em sua direção.

-Agora não dá para explicar! O tempo está se esgotando, vamos! Rápido! – ela me apressou abrindo uma porta no meio da grade que separava a sala do mundo lá fora.

“Enfim liberdade.”

Você não sabe o quê é liberdade...

-Disse alguma coisa, Mariana? – perguntei confuso.

-Ãn? A última vez que falei foi quando disse para você se apressar. – ela respondeu subindo em uma escada. – A escada está bamba, tome cuidado.

“Se ela não disse aquilo...”
Eu devia estar ouvindo coisas, isso sim. Deve ser efeito do quarto de tortura do Grandark. Eu espero.
Eu e Mariana subimos a escada com cuidado. Depois da pequena subida, eu podia ver mais algumas portas. Algumas com paredes ao redor transparentes, outras coloridas. Se via de tudo ali.
Um lugar me chamou a atenção. Uma sala com paredes transparentes e com uma porta de metal.
Adivinha o quê tinha lá? Uma menina de cabelos negros e pontas roxas, gritando, grudada no teto.

-Olha lá, a Melody! – gritei.

Corremos até lá e Mariana abriu a porta com uma chave escura.
O chão da sala estava coberta de aranhas. Os gritos de Melody eram tão agudos que faziam meus ouvidos doerem. O eco da sala ajudava nisso.

-Acho que ela tem medo de aranha... – Mariana suspirou.

Taquei fogos nas aranhas, matando-as e ajudei Melody a descer.

-O-obrigada. – ela falou com nojo dos pequenos insetos. – Como era sua prisão?

-Um quarto preto fechado a vácuo.

Melody me olhou brava.
“Não olha pra mim, foi idéia do Grandark.”

-Temos que salvar os outros. – Melody suspirou.

-Eu faço isso, vocês vão atrás do Grandark. – Mariana falou correndo para o sul.

-O.K. Agora é conosco Melody. Alguma sugestão? – perguntei.

-Não, mas ela deve ter. – Melody apontou.

Olhei para trás. Richard estava lá. Brava e furiosa, como se fosse explodir. Mal pude dizer alguma coisa que ela veio em minha direção e me atacou.

-MELODY! – gritei desviando de seus ataques.

Melody deu um soco nas costas de Richard e ela caiu no chão desarmada.

-Fraqueza dela. Vamos, não temos muito tempo! – Melody gritou.

Richard estava começando a se levantar. Eu e Melody corremos o mais rápido que conseguimos.
Richard começou a correr atrás de mim novamente.
Porque ela não me dá um tempo e corre atrás da Melody?
Eu e Melody nos deparamos com uma bifurcação. Não conseguíamos ver Richard, então seguimos pela direita e demos logo de cara com uma porta. Melody a abriu com cuidado e eu entrei. Adivinha o quê tinha lá?
Um quarto. Com uma ponte que levava a uma cama com alguém dormindo. Melody e eu pisamos na ponte com cuidado. Era bem firme. Olhei abaixo dela. Um rio, com águas claras, e corria livremente.
Atravessamos com cuidado a ponte, e quando chegamos do outro lado vimos Grandark roncando em cima da cama toda bagunçada.
O cobertor estava no chão, o travesseiro estava dobrado, o lençol embolado...

-Vamos procurar as pedras. – sussurrei.

Comecei a abrir cuidadosamente todas as gavetas. Depois retirei todo o conteúdo na busca pelas pedras.
Senti algo atrás de mim.

-O quê você quer Melody? – sussurrei.

Não obtive resposta. Me virei.
Grandark estava na sua forma de lobisomem, me encarando.
Me preparei para atacar mas algo me interrompeu.
Os olhos de Grandark. Eles estavam fechados. Melody se aproximou de mim.

-Ele é sonâmbulo. – ela disse em meu ouvido e depois voltou a sua busca.

Não liguei para Grandark e voltei a procurar. Não obtive resultado. Só achei um monte de tralhas, como cartas, lápis, papel, roupas, etc. Mas nem sinal da pedra da escuridão ou do vento.
Me abaixei e abri uma portinha. Havia um molde lá, com espaço para as seis pedras. Mas nenhuma estava lá. Senti alguém me cutucar.
Uma dor imensa percorreu meu corpo. Olhei para trás. Grandark estava 100% acordado, e ele estava me atacando com suas garras.

-ARGH! – gritei dolorido.

Melody chegou por trás dele e bateu em sua cabeça com um cajado. Me afastei de Grandark e fui para perto de Melody.

-COMO ESCAPOU? – ele gritou.

-Seu calabouço é uma porcaria sabia? E a comida é nota 4. – brinquei.

-Grrr... – ele grunhiu.

-Selion, corre que eu cuido dele. – Melody mandou.

-Nem vem – falei pegando meu arco e flecha – eu também quero “brincar”.

-Selion, não é hora para isso, vai AGORA! – ela ordenou.

Me afastei e atravessei a ponte.

-Arkina! – Melody conjurou.

Uma das pontas da ponte se quebrou, e pouco a pouco, a ponte caiu no rio. Os olhos de Melody brilhavam. Essa batalha era dela, agora eu conseguia ver isso.
Saí do quarto apressadamente e dei de cara com Mariana e Adrian.

-Cadê a Blanorcana? – perguntei.

-Selion... Eu... – Adrian falou com medo.

Eu o encarei. Pela cara dele, dava para ver que ele estava suando, e muito por sinal, mas se secou com seus poderes aquáticos.

-Ela... Foi pega pela Richard. – Mariana completou triste.

Mais essa agora.

-Cadê a Melody? – Mariana perguntou cortando o silêncio.

-Lutando contra Grandark. A luta é dela, não se metam por favor. – expliquei.

Comecei a andar.

-Para onde vai? – Adrian perguntou.

-Salvar uma amiga.

Andei mais rápido. Adrian e Mariana foram atrás de mim. Logo, logo cheguei ao lugar por onde começamos. E adivinha quem estava lá? Richard e Blanorcana (presa numa esfera azul).

-Chegaram minhas presas. – Richard riu.

-Olha, se quer lutar, vamos lutar, mas deixe meu amigos em paz! – reclamei.

-Não é assim que funciona comigo. – Richard explicou estalando os dedos.

Duas feras azuis saíram de sei lá onde e nos encararam.

-Já conheceram meus amiguinhos?

Eram como tigres dente de sabre, mas tinham asas e chifres. Eles erradiavam uma substância azul. Só havia uma explicação. A pedra do vento.
Adrian ficou um pouco amedrontado, diferente de Mariana, que parecia ter tudo sob controle.
Mariana assobiou. E as feras raivosas, pareciam que ficaram mais calmas.

-Bom trabalho. – falei gratificante.

Ela não respondeu. Só sorriu e chegou perto dos monstros, acariciando-os.
Os monstros azuis se voltaram contra Richard e rosnaram.
Richard levantou a pedra do vento num movimento rápido, e eles foram reduzidos a pó.
O sorriso de Mariana desapareceu.

-Richard, nós não queremos brigar com você. – Mariana explicou.

-Que dó. – ela falou descendo de cima da esfera azul onde Blanorcana se encontrava presa. – Mas eu quero brigar com você.

Richard correu até Mariana e fez uma chave de braço nela. Mariana gritou.
Adrian, num reflexo, atirou água contra a Richard, sem muito efeito. Corri até Richard e a atirei longe. Mas Richard aproveitou o espaço e se lançou contra mim. Mariana se recuperou e correu para me ajudar. Adrian tentou soltar Blanorcana.
Eu lutava para tirar Richard de cima de mim. Ela não parava de me soquear e chutar. Era estranho ela não usar seus poderes contra mim.
Tentei me esquivar o máximo que podia, eu não iria conseguir bater em uma amiga.
Richard continuava atacando e atacando, até que uma hora, para minha felicidade, ela se cansou.
Ofegante, Richard pegou a pedra dos ventos, que começou a brilhar e cintilar, e ameaçou fincar ela em mim.
E foi isso que ela fez, porém, a pedra da luz saiu do meu bolso e se chocou contra a do vento, causando uma explosão que arremessou Richard até a parede.
Neste exato momento, Adrian libertou Blanorcana, que foi asfixiada dentro da esfera azul. Adrian a levou até Mariana, que também foi atingida durante a explosão.
Me levantei e segurei a pedra com força. Minhas escamas de dragão brilhavam.

-Não é mais tão poderosa assim, não é? – gritei para ela.

Não houve resposta. Tudo havia ficado silencioso. Eu não avistava Richard.

-Droga. – resmunguei.

De repente, tudo ficou mais escuro. E houve uma grande explosão vindo da direção do quarto de Grandark.

-Melody... N-não... – falei em tom triste.

Eu tentava não pensar nisso. Mas o que havia acontecido era inevitável. Ela realmente se sacrificou por nós.

-Seu sacrifício... Não vai ser em vão! – Adrian falou confiante atrás de mim.

Aquelas palavras...
De um momento para o outro, tudo ficou branco. Um enorme clarão me atingiu. A visão era toda embaçada, eu só conseguia enxergar uma grande luz branca, cinco sombras, e uma “coisa” quadrada.

Você terá que fazer o sacrifício! Por todos nós.
M-mas... Eu não estou pronto para isso...
Nós sabemos que você fará a coisa certa!
Estaremos com você. Seu sacrifício não será em vão.

E então eu ouvi outra enorme explosão, e o clarão se dissipou, a última coisa que vi foi um rosto. Um rosto de uma pessoa com cabelos negros e olhos prateados. Esse rosto, não me parecia ser estranho.
Quando consegui ver tudo claramente de novo, vi vários fios na minha frente.

-O quê é isso? – falei aproximando uma das minhas garras até um dos fios.

-NÃO! – alguém gritou atrás de mim.

Era Mariana. Ela, Adrian, e Blanorcana estavam cercados de fios prateados, vermelhos e verdes.

-O quê é isso?! – repeti.

-Richard. – Blanorcana explicou.

Olhei para frente. Richard estava segurando a pedra dos ventos. Os fios saíam cintilantes da pequena pedra coberta por uma força de luz estranha.

-O quê pretende fazer com isso? – perguntei para ela.

-Toque em um dos fios e descubra. – ela provocou.

Armadilha. Estava na cara. Mal pude pensar no que havia acontecido, sobre o clarão e coisa e tal. Meus amigos precisavam de mim.
Estiquei um pouco minhas asas, e voei cuidadosamente para cima. Toquei em dois fios no caminho, mas nada aconteceu.
Poucos segundos depois eu estava livre. Mas, alguma coisa me puxou para baixo com força. Quando abri os olhos novamente, estava sendo empurrado para baixo, no chão sólido. O piso havia rachado com minha queda.

-É hora da vingança! – uma voz estranha gritou de algum lugar.

Fiz força para virar a cabeça, e vi Melody. Mas ela estava diferente. Seu cabelo estava inteiramente preto, sua roupa era vermelha e preta, e uma força sombria circulava seu corpo. Igual a Richard.

-V-você! – Richard gaguejou.

Melody empunhava a pedra da escuridão.

-Vamos ver quem é a mais maligna entre nós duas! – ela falou fazendo um feitiço que dissipou os fios. Todos nós nos afastamos.

A coisa ia ficar feia.
Melody ia cuidar da Richard por um tempo. Aproveitamos o tempo para ver se Blanorcana estava bem. Olhei para o lado. Richard e Melody se encaravam bravas.
Acho que estão esperando alguém fazer o primeiro movimento.
Nos escondemos rapidamente e, enquanto Mariana dava uma olhada em Blanorcana, eu e Adrian olhávamos para Richard e Melody, que por sinal estavam erradiando muito mais magia negra. A coisa ia ficar muito feia.

-O quê está esperando? – Melody gritou. – VENHA ME ENFRENTAR!

-Como quiser. – Richard respondeu correndo como o vento, empunhando numa mão seu leque, e na outra a pedra do vento.

No meio do caminho ela se virou bruscamente, e foi em nossa direção.
Automaticamente me transformei em dragão e atirei fogo nela. Porém, não adiantou.

-Isso fica comigo. – ela disse fazendo um movimento com o leque.

A pedra da luz voou da minha mão para o bolso dela. Ela trocou a do vento pela da luz e então se voltou contra Melody.
Eu fiquei olhando para minha mão, perplexo.
Eu tinha vontade de ir lá e arrancar todas as pedras delas, mas eu tenho certeza que eu não conseguiria isso.
Adrian formou um escudo de água ao nosso redor.

-De onde veio essa água? – Mariana perguntou.

-Do cano d’água em baixo de seus pés.

Ouvimos um leve rangido.

-Seu idiota. – Blanorcana murmurou.

O chão fez um chiado irritante e então, uma poça de água começou a se formar no chão.
A gente se distraiu tanto com a água do Adrian que acabamos esquecendo de olhar a luta.
Quando ergui a cabeça, vi uma enorme esfera cercar Melody e Richard.

-Pessoal... Vejam isso.

Adrian e Mariana olharam. A essa altura, Blanorcana já estava consciente.

-Elas... Pararam de lutar. Parecem que estão presas no tempo ou algo parecido. – Mariana explicou.

Olhei bem para a grande esfera negra e branca ao mesmo tempo. Eu via Melody e Richard paradas lá dentro. Melody estava quase fincando uma espada no pescoço de Richard, e Richard estava quase enfiando seu leque no meio do pescoço de Melody. E no meio delas, duas coisas estavam voando e se batendo no ar.
As duas pedras de Elementra.

-Pessoal... Eu lembrei de uma coisa... – Mariana falou olhando para a esfera.

-Que coisa? – perguntei.

-Snape e Lief também estão no Grand Destruction.

-E daí? – Blanorcana disse coçando a cabeça.

-Eles estão aqui. – ela falou se virando para mim.

Olhei para a porta. Duas sombras estavam nos encarando.

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