19. A União.
Minha cabeça
doía. Eu havia acordado dentro de uma espécie de quarto negro, com paredes
escuras, sem nenhuma janela. Eu estava usando uma camisa de força, que não
durou muito tempo, um pouco de fogo hà desintegrou em poucos segundos.
Eu não tinha
ninguém ao meu lado, só a solidão e a minha sombra.
“Deve ter uma
saída...”
Mal via a hora
de sair dali e chutar o traseiro do Grandark por causa de tudo que ele nos fez
passar.
Minha primeira
reação naquele quarto, foi queimar a camisa de força, a segunda, foi tacar fogo
nas paredes, vai que uma porta secreta aparecia ou sei lá...
O tempo passava,
e passava. Eu havia perdido minha mochila, eu estava sozinho, sem comida, sem
água, num quarto totalmente escuro e fechado a vácuo.
A dúvida era:
“Como se entra num quarto sem saída?”.
O tempo passava,
e passava, eu estava a beira do enlouquecimento, até que uma enorme luz
apareceu na minha frente, fritando meus olhos já acostumados a escuridão.
“Vampiros passam
por isso todo dia?”
Eu ouvi
aplausos, e a luz ficou mais nítida. Era o holograma do Grandark.
-O quê você
quer? – perguntei de mau-humor – JÁ VOU AVISANDO, QUANDO EU SAIR DAQUI, VOCÊ
VAI MORRER!
-Calminha
dragãozinho. – ele retrucou.
Olhei para mim,
eu estava transformado em dragão.
“Se acalme,
Selion.” Repeti para mim mesmo baixinho.
-O quê você
quer? – repeti.
-Olha você aí,
não posso deixá-lo assim, não é minha adorável assistente?
Richard apareceu
ao lado de Grandark.
-RICHARD! –
gritei surpreso.
-Ela não está
linda? – Grandark perguntou.
Ela estava
inteiramente vestida de preto e azul, com uma tiara de asas de morcego na
cabeça, parecia real. Ela estava com um sorriso assustador no rosto. Um sorriso
que dizia “quem será minha próxima vítima?”. Era perturbador.
-R-richard? –
gaguejei.
Não parecia mais
que ela era a mesma pessoa que tinha entrado comigo neste covil infernal. Não
parecia mais ser a Richard que eu conhecia.
Parecia que,
alguém havia tomado conta do corpo de Richard, fazendo-a ficar... Obsoleta. O
corpo dela, ocupado com outra pessoa.
Mas isso era só
na aparência. Eu torcia para que ela estivesse com a mente intacta, fingindo
cooperar com Grandark ou sei lá.
-Quem é este,
meu lorde? – Richard perguntou.
-Você não o
conhece. Por pouco tempo. – Grandark explicou. – Ele se chama Selion. Ele é
o... como posso dizer?
-É o...? –
perguntei.
Sério, ele devia
passar num psicólogo.
-É o nosso maior
inimigo. O “ser divino”. Sua missão, é destruí-lo. Entendeu? – Grandark
continuou.
-Como assim o “ser
divino”? – estranhei.
-Você não sabe?
Que bom, agora tenho um segredo seu que nem você sabe. Isso vai ser...
Divertido. – Grandark zombou.
-Você têm algum
problema mental? Conheço um ótimo hospital psiquiátrico lá no Peru. Você devia
ir lá.
-Não zombe de
meu lorde! – Richard retrucou.
-Quem vai me
impedir?
Ouvi engrenagens
se moverem. E senti uma gota de água caindo em cima de meu cabelo.
-Mas... o
quê...? – perguntei olhando para cima.
Havia uma
espécie de leão olhando para mim, babando.
“Mais essa
agora.”
-Você conhece o
Klutzy? – Grandark perguntou sorrindo.
-Se você não se
comportar, ele será seu novo colega de quarto. – Richard completou.
-Podem colocar.
Ele vai ser meu almoço, eu estou com fome mesmo.
-Hoho... –
Grandark riu. – Esse não é o tipo de leão que você pode derrotar. Tentei dar
uma outra olhada para ele.
Olhei para cima.
O leão havia arrancado uma parte de seu rosto. E em vez de carne, músculos,
ossos, esse leão, tinha uma espécie de brilho verde.
-Esse leão é
feito de pura energia da pedra dos ventos. – Grandark explicou.
-P-pedra dos
ventos? – gaguejei.
Grandark
levantou as mãos, e me mostrou uma pedra verde cintilante.
-Onde você...?
-É confidencial.
– Richard interrompeu.
-Claro que é...
– resmunguei.
O teto se fechou.
“Então é de lá
que eu vim.”
Interessante.
O holograma de
Grandark e de Richard se desfez, e o Polar apareceu logo depois para me fazer
companhia.
-O quê você
quer?
-Vim trazer
noticias de Melody. – Polar falou entregando um bilhete. – Comparada com a
masmorra dela, a sua é tão tranquila...
Ele desapareceu
logo após isso.
Desdobrei o
bilhete e o li em voz alta.
-“Selion, vim
lhe avisar que todos nós estamos trancafiados em celas diferentes, equipadas
para nos prender por um bom tempo. Então não espere um resgate tão cedo. Outra
coisa que vim dizer é: Grandark me avisou que vai mandar Richard ir aí atrás de
você daqui a uma hora, então não fique parado, tente fugir...”.
O final estava
queimado. Alguém havia tacado fogo nas últimas palavras de Melody. Não me
importei, o que estava ali era suficiente.
-Então vai vir
atrás de mim é...? Gostei da idéia.
Eu já sabia como
sair daquela sala “fechada a vácuo”. Só precisa de um “pouquinho” de tempo.
Me transformei
em dragão e voei para o teto. Bati de leve no teto, como se fosse uma porta. Um
longo som de eco apareceu acima de mim.
Me lembrei do
leão de Grandark. Com certeza era um holograma, dos bem fajutos por sinal.
Grandark podia
até estar com a pedra do ar. Mas com certeza não sabe usá-la, disso tenho certeza.
-Vamos lá,
Selion. – falei respirando fundo.
Peguei impulso e
me atirei em direção ao teto.
Cai com tudo no
chão.
-Ai... – falei
coçando a cabeça. – Pensava que minha pele de dragão era mais dura.
Outro clarão
ofuscou meus olhos. Já estava preparado para xingar o Grandark quando senti
algo felpudo na minha mão.
-O quê? –
perguntei.
Snowy. Ele
estava lá, segurando alguma coisa com a boca.
-Como você e o
Polar fazem isso? Eu preciso saber! – implorei.
Snowy me olhou
com uma cara estranha.
-Aé, não fala...
Peguei o objeto
da boca de Snowy e sentei no chão para analisar.
-Luz por favor?
Snowy sentou ao
meu lado e ficou quieto. Ele parecia com sono.
Joguei fogo para
cima, e uma luz laranja e brilhante cobriu o lugar. Era a pedra da luz. Era
isso que o Snowy havia trazido para mim. Mas para quê? Eu não sabia usar
aquilo.
Levantei e
apontei a pedra para uma das paredes.
Adivinha o quê
aconteceu. Nada, nadinha mesmo. Nem luz saía daquela pedra, o que fazia eu
duvidar do nome dela.
Encarei Snowy.
Depois encarei a pedra. Quando fui olhar para Snowy de novo, ele não estava
mais lá.
-Me leva com
você!
Deitei de bruços
no chão e pensei quando Richard viria.
Talvez a pedra
servisse para ajudar a lutar. Ou não.
Nem deu tempo
para pensar direito que o teto se abriu. Richard havia chegado?
“O tempo passa
rápido mesmo.”
Me levantei e me
preparei para lutar. Ninguém apareceu, eu só ouviu um sussurro.
Selion! Ei! Olha eu aqui!
-Quem está aí? –
perguntei alerta.
-Sou eu!
Mariana! Venha. – ela sussurrou.
“Mariana?”
Pensei lembrando que ela havia sumido de uma hora para outra.
-Onde você foi?
– perguntei enquanto voava em sua direção.
-Agora não dá
para explicar! O tempo está se esgotando, vamos! Rápido! – ela me apressou
abrindo uma porta no meio da grade que separava a sala do mundo lá fora.
“Enfim
liberdade.”
Você não sabe o quê é liberdade...
-Disse alguma
coisa, Mariana? – perguntei confuso.
-Ãn? A última
vez que falei foi quando disse para você se apressar. – ela respondeu subindo
em uma escada. – A escada está bamba, tome cuidado.
“Se ela não
disse aquilo...”
Eu devia estar
ouvindo coisas, isso sim. Deve ser efeito do quarto de tortura do Grandark. Eu
espero.
Eu e Mariana
subimos a escada com cuidado. Depois da pequena subida, eu podia ver mais
algumas portas. Algumas com paredes ao redor transparentes, outras coloridas.
Se via de tudo ali.
Um lugar me
chamou a atenção. Uma sala com paredes transparentes e com uma porta de metal.
Adivinha o quê
tinha lá? Uma menina de cabelos negros e pontas roxas, gritando, grudada no
teto.
-Olha lá, a
Melody! – gritei.
Corremos até lá
e Mariana abriu a porta com uma chave escura.
O chão da sala
estava coberta de aranhas. Os gritos de Melody eram tão agudos que faziam meus
ouvidos doerem. O eco da sala ajudava nisso.
-Acho que ela
tem medo de aranha... – Mariana suspirou.
Taquei fogos nas
aranhas, matando-as e ajudei Melody a descer.
-O-obrigada. –
ela falou com nojo dos pequenos insetos. – Como era sua prisão?
-Um quarto preto
fechado a vácuo.
Melody me olhou
brava.
“Não olha pra
mim, foi idéia do Grandark.”
-Temos que
salvar os outros. – Melody suspirou.
-Eu faço isso,
vocês vão atrás do Grandark. – Mariana falou correndo para o sul.
-O.K. Agora é
conosco Melody. Alguma sugestão? – perguntei.
-Não, mas ela
deve ter. – Melody apontou.
Olhei para trás.
Richard estava lá. Brava e furiosa, como se fosse explodir. Mal pude dizer
alguma coisa que ela veio em minha direção e me atacou.
-MELODY! –
gritei desviando de seus ataques.
Melody deu um
soco nas costas de Richard e ela caiu no chão desarmada.
-Fraqueza dela.
Vamos, não temos muito tempo! – Melody gritou.
Richard estava
começando a se levantar. Eu e Melody corremos o mais rápido que conseguimos.
Richard começou
a correr atrás de mim novamente.
Porque ela não
me dá um tempo e corre atrás da Melody?
Eu e Melody nos
deparamos com uma bifurcação. Não conseguíamos ver Richard, então seguimos pela
direita e demos logo de cara com uma porta. Melody a abriu com cuidado e eu
entrei. Adivinha o quê tinha lá?
Um quarto. Com
uma ponte que levava a uma cama com alguém dormindo. Melody e eu pisamos na
ponte com cuidado. Era bem firme. Olhei abaixo dela. Um rio, com águas claras,
e corria livremente.
Atravessamos com
cuidado a ponte, e quando chegamos do outro lado vimos Grandark roncando em
cima da cama toda bagunçada.
O cobertor
estava no chão, o travesseiro estava dobrado, o lençol embolado...
-Vamos procurar
as pedras. – sussurrei.
Comecei a abrir
cuidadosamente todas as gavetas. Depois retirei todo o conteúdo na busca pelas
pedras.
Senti algo atrás
de mim.
-O quê você quer
Melody? – sussurrei.
Não obtive
resposta. Me virei.
Grandark estava
na sua forma de lobisomem, me encarando.
Me preparei para
atacar mas algo me interrompeu.
Os olhos de
Grandark. Eles estavam fechados. Melody se aproximou de mim.
-Ele é
sonâmbulo. – ela disse em meu ouvido e depois voltou a sua busca.
Não liguei para
Grandark e voltei a procurar. Não obtive resultado. Só achei um monte de
tralhas, como cartas, lápis, papel, roupas, etc. Mas nem sinal da pedra da
escuridão ou do vento.
Me abaixei e
abri uma portinha. Havia um molde lá, com espaço para as seis pedras. Mas
nenhuma estava lá. Senti alguém me cutucar.
Uma dor imensa
percorreu meu corpo. Olhei para trás. Grandark estava 100% acordado, e ele
estava me atacando com suas garras.
-ARGH! – gritei
dolorido.
Melody chegou
por trás dele e bateu em sua cabeça com um cajado. Me afastei de Grandark e fui
para perto de Melody.
-COMO ESCAPOU? –
ele gritou.
-Seu calabouço é
uma porcaria sabia? E a comida é nota 4. – brinquei.
-Grrr... – ele
grunhiu.
-Selion, corre
que eu cuido dele. – Melody mandou.
-Nem vem – falei
pegando meu arco e flecha – eu também quero “brincar”.
-Selion, não é
hora para isso, vai AGORA! – ela ordenou.
Me afastei e
atravessei a ponte.
-Arkina! –
Melody conjurou.
Uma das pontas
da ponte se quebrou, e pouco a pouco, a ponte caiu no rio. Os olhos de Melody
brilhavam. Essa batalha era dela, agora eu conseguia ver isso.
Saí do quarto
apressadamente e dei de cara com Mariana e Adrian.
-Cadê a
Blanorcana? – perguntei.
-Selion... Eu...
– Adrian falou com medo.
Eu o encarei.
Pela cara dele, dava para ver que ele estava suando, e muito por sinal, mas se
secou com seus poderes aquáticos.
-Ela... Foi pega
pela Richard. – Mariana completou triste.
Mais essa agora.
-Cadê a Melody?
– Mariana perguntou cortando o silêncio.
-Lutando contra
Grandark. A luta é dela, não se metam por favor. – expliquei.
Comecei a andar.
-Para onde vai?
– Adrian perguntou.
-Salvar uma
amiga.
Andei mais
rápido. Adrian e Mariana foram atrás de mim. Logo, logo cheguei ao lugar por
onde começamos. E adivinha quem estava lá? Richard e Blanorcana (presa numa
esfera azul).
-Chegaram minhas
presas. – Richard riu.
-Olha, se quer
lutar, vamos lutar, mas deixe meu amigos em paz! – reclamei.
-Não é assim que
funciona comigo. – Richard explicou estalando os dedos.
Duas feras azuis
saíram de sei lá onde e nos encararam.
-Já conheceram
meus amiguinhos?
Eram como tigres
dente de sabre, mas tinham asas e chifres. Eles erradiavam uma substância azul.
Só havia uma explicação. A pedra do vento.
Adrian ficou um
pouco amedrontado, diferente de Mariana, que parecia ter tudo sob controle.
Mariana
assobiou. E as feras raivosas, pareciam que ficaram mais calmas.
-Bom trabalho. –
falei gratificante.
Ela não
respondeu. Só sorriu e chegou perto dos monstros, acariciando-os.
Os monstros
azuis se voltaram contra Richard e rosnaram.
Richard levantou
a pedra do vento num movimento rápido, e eles foram reduzidos a pó.
O sorriso de
Mariana desapareceu.
-Richard, nós
não queremos brigar com você. – Mariana explicou.
-Que dó. – ela
falou descendo de cima da esfera azul onde Blanorcana se encontrava presa. –
Mas eu quero brigar com você.
Richard correu
até Mariana e fez uma chave de braço nela. Mariana gritou.
Adrian, num
reflexo, atirou água contra a Richard, sem muito efeito. Corri até Richard e a
atirei longe. Mas Richard aproveitou o espaço e se lançou contra mim. Mariana
se recuperou e correu para me ajudar. Adrian tentou soltar Blanorcana.
Eu lutava para
tirar Richard de cima de mim. Ela não parava de me soquear e chutar. Era
estranho ela não usar seus poderes contra mim.
Tentei me
esquivar o máximo que podia, eu não iria conseguir bater em uma amiga.
Richard
continuava atacando e atacando, até que uma hora, para minha felicidade, ela se
cansou.
Ofegante,
Richard pegou a pedra dos ventos, que começou a brilhar e cintilar, e ameaçou
fincar ela em mim.
E foi isso que
ela fez, porém, a pedra da luz saiu do meu bolso e se chocou contra a do vento,
causando uma explosão que arremessou Richard até a parede.
Neste exato
momento, Adrian libertou Blanorcana, que foi asfixiada dentro da esfera azul.
Adrian a levou até Mariana, que também foi atingida durante a explosão.
Me levantei e
segurei a pedra com força. Minhas escamas de dragão brilhavam.
-Não é mais tão
poderosa assim, não é? – gritei para ela.
Não houve
resposta. Tudo havia ficado silencioso. Eu não avistava Richard.
-Droga. –
resmunguei.
De repente, tudo
ficou mais escuro. E houve uma grande explosão vindo da direção do quarto de
Grandark.
-Melody...
N-não... – falei em tom triste.
Eu tentava não
pensar nisso. Mas o que havia acontecido era inevitável. Ela realmente se
sacrificou por nós.
-Seu
sacrifício... Não vai ser em vão! – Adrian falou confiante atrás de mim.
Aquelas
palavras...
De um momento
para o outro, tudo ficou branco. Um enorme clarão me atingiu. A visão era toda
embaçada, eu só conseguia enxergar uma grande luz branca, cinco sombras, e uma
“coisa” quadrada.
Você terá que fazer o sacrifício! Por todos nós.
M-mas... Eu não estou pronto para isso...
Nós sabemos que você fará a coisa certa!
Estaremos com você. Seu sacrifício não será em vão.
E então eu ouvi
outra enorme explosão, e o clarão se dissipou, a última coisa que vi foi um
rosto. Um rosto de uma pessoa com cabelos negros e olhos prateados. Esse rosto,
não me parecia ser estranho.
Quando consegui
ver tudo claramente de novo, vi vários fios na minha frente.
-O quê é isso? –
falei aproximando uma das minhas garras até um dos fios.
-NÃO! – alguém
gritou atrás de mim.
Era Mariana.
Ela, Adrian, e Blanorcana estavam cercados de fios prateados, vermelhos e
verdes.
-O quê é isso?!
– repeti.
-Richard. –
Blanorcana explicou.
Olhei para
frente. Richard estava segurando a pedra dos ventos. Os fios saíam cintilantes
da pequena pedra coberta por uma força de luz estranha.
-O quê pretende
fazer com isso? – perguntei para ela.
-Toque em um dos
fios e descubra. – ela provocou.
Armadilha.
Estava na cara. Mal pude pensar no que havia acontecido, sobre o clarão e coisa
e tal. Meus amigos precisavam de mim.
Estiquei um
pouco minhas asas, e voei cuidadosamente para cima. Toquei em dois fios no
caminho, mas nada aconteceu.
Poucos segundos
depois eu estava livre. Mas, alguma coisa me puxou para baixo com força. Quando
abri os olhos novamente, estava sendo empurrado para baixo, no chão sólido. O
piso havia rachado com minha queda.
-É hora da
vingança! – uma voz estranha gritou de algum lugar.
Fiz força para
virar a cabeça, e vi Melody. Mas ela estava diferente. Seu cabelo estava
inteiramente preto, sua roupa era vermelha e preta, e uma força sombria
circulava seu corpo. Igual a Richard.
-V-você! –
Richard gaguejou.
Melody empunhava
a pedra da escuridão.
-Vamos ver quem
é a mais maligna entre nós duas! – ela falou fazendo um feitiço que dissipou os
fios. Todos nós nos afastamos.
A coisa ia ficar
feia.
Melody ia cuidar
da Richard por um tempo. Aproveitamos o tempo para ver se Blanorcana estava
bem. Olhei para o lado. Richard e Melody se encaravam bravas.
Acho que estão
esperando alguém fazer o primeiro movimento.
Nos escondemos
rapidamente e, enquanto Mariana dava uma olhada em Blanorcana, eu e Adrian
olhávamos para Richard e Melody, que por sinal estavam erradiando muito mais
magia negra. A coisa ia ficar muito feia.
-O quê está
esperando? – Melody gritou. – VENHA ME ENFRENTAR!
-Como quiser. –
Richard respondeu correndo como o vento, empunhando numa mão seu leque, e na
outra a pedra do vento.
No meio do
caminho ela se virou bruscamente, e foi em nossa direção.
Automaticamente
me transformei em dragão e atirei fogo nela. Porém, não adiantou.
-Isso fica
comigo. – ela disse fazendo um movimento com o leque.
A pedra da luz
voou da minha mão para o bolso dela. Ela trocou a do vento pela da luz e então
se voltou contra Melody.
Eu fiquei
olhando para minha mão, perplexo.
Eu tinha vontade
de ir lá e arrancar todas as pedras delas, mas eu tenho certeza que eu não
conseguiria isso.
Adrian formou um
escudo de água ao nosso redor.
-De onde veio
essa água? – Mariana perguntou.
-Do cano d’água
em baixo de seus pés.
Ouvimos um leve
rangido.
-Seu idiota. –
Blanorcana murmurou.
O chão fez um
chiado irritante e então, uma poça de água começou a se formar no chão.
A gente se
distraiu tanto com a água do Adrian que acabamos esquecendo de olhar a luta.
Quando ergui a
cabeça, vi uma enorme esfera cercar Melody e Richard.
-Pessoal...
Vejam isso.
Adrian e Mariana
olharam. A essa altura, Blanorcana já estava consciente.
-Elas... Pararam
de lutar. Parecem que estão presas no tempo ou algo parecido. – Mariana
explicou.
Olhei bem para a
grande esfera negra e branca ao mesmo tempo. Eu via Melody e Richard paradas lá
dentro. Melody estava quase fincando uma espada no pescoço de Richard, e
Richard estava quase enfiando seu leque no meio do pescoço de Melody. E no meio
delas, duas coisas estavam voando e se batendo no ar.
As duas pedras
de Elementra.
-Pessoal... Eu
lembrei de uma coisa... – Mariana falou olhando para a esfera.
-Que coisa? –
perguntei.
-Snape e Lief
também estão no Grand Destruction.
-E daí? –
Blanorcana disse coçando a cabeça.
-Eles estão
aqui. – ela falou se virando para mim.
Olhei para a
porta. Duas sombras estavam nos encarando.
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