sábado, 1 de março de 2014

As Pedras de Elementra, Parte 2. Capítulo 7 (com a aparição especial de um de meus pesadelos ;-;)




                                                      Sakura 


                    7. Trilha da espadachim.




Eram 5 horas da tarde, o sol estava forte do lado de fora,
e eu estava assistindo TV, um programa que contava histórias de pessoas que tiveram encontros sobrenaturais, quando Selion, Richard e Kathryn voltaram de sua busca por uma das pedras.
Me levantei e corri até eles para perguntar como se saíram.

-Voltaram! – gritei para avisar todos na casa.

Melody, Olive e Misake vieram logo depois.
Selion abriu a porta.

-Como foram na missão? – perguntei.

-Aqui está sua resposta. – Richard apareceu atrás dele e ergueu uma pedra vermelha brilhante. – A pedra do fogo!

Richard me parecia diferente. Seu olho parecia mais sombrio (pelo menos o sem tapa-olho), e seu cabelo mais escuro que o normal. “Deve ser meus olhos me enganando.” Pensei.

-Eu vou guardá-lo em um lugar seguro... Kath, as outras pedras estão no mesmo lugar de sempre...? – Richard perguntou.

Kathryn entrou e respondeu que sim com a cabeça, depois foi até a geladeira, pegou uma garrafa de água e a bebeu.
Richard foi até o corredor e desapareceu por lá.

-Foi uma LONGA viagem! – Selion choramingou e depois caiu no chão.

-Você está bem? – Olive perguntou.

Ele não respondeu.
Notei que ele estava cheio de arranhões, e um pouco de sangue saia de seus braços.
Olive cutucou ele com o pé. Não houve reação.

-Selion? – chamei estranhando.

Ele estava parado no chão, sem reação. Então ouvimos um som baixo. Um ronco. Ele estava dormindo.

-Ele está dormindo... – Melody explicou. – Devemos deixá-lo assim?

Todos demos de ombros.

-Os que se incomodarem tiram ele daí, simples. – Misake explicou.

Misake se aproximou de Kathryn.

-Aconteceu algo durante nossa ausência? Alguma notícia de você sabe quem? – Kathryn perguntou.

-Éolo foi para o Grand Elementra de Londres e... É só isso mesmo. – Misake respondeu.

Kathryn resmungou algo baixinho e depois pegou um mapa em seu bolso, e o abriu.

-O quê está procurando nesse mapa? – Olive perguntou.

-A localização da próxima pedra. Eu tenho dúvida entre dois lugares... Teremos que nos dividir para encontrar esta pedra. Embora eu não goste da idéia... – Kathryn respondeu angustiada.

Aposto que meus olhos brilharam nessa hora! Só pode! Era minha chance de participar de uma busca pelas pedras! Era minha chance!
Me aproximei empolgada de Kathryn.

-Posso ir em um desses grupos?! – perguntei animada.

-Deixa eu pensar... Não. – Kathryn respondeu.

Meu coração se encheu de tristezas e mágoas.

-Por favor... – choraminguei.

-Ta bem. – Kathryn reclamou.

Pulei de felicidade. EU IA PARTICIPAR DE UMA BUSCA PARA SALVAR O MUNDO!

-Não exagera na emoção, é mais perigoso do que pensa. – Kathryn alertou.

-Deixa ela, Kathryn! Não seja estraga prazeres. – Melody respondeu.

Corri para meu quarto a mil. O quê eu ia fazer? As malas!


                                                  ...

O tempo passou mais rápido do que pensei. Deviam ser umas 22 horas. Eu estava deitada em minha cama, não conseguia dormir, eu ficava ouvindo sussurros. Eles vinham de todos os cantos, sussurros contínuos e ameaçadores, pessoas pedindo por ajuda.
Claro, aquilo não era novidade, eu ouço esses sussurros desde que eu era pequena, é algo comum. Mas... Desta vez... Algo estava diferente. Suas vozes estavam mais confiantes, eles estavam pedindo ajuda, de uma maneira como se soubessem que eu iria salva-los.
Acredito eu, que são sussurros de mortos. Sim, mortos, espíritos, fantasmas, espectros, essas coisas. Lembro de quando Melody (ou será que foi Kathryn?) me disse sobre meus poderes. Eu tenho sangue de espadachim, o dom de ouvir os mortos, e talvez até de atravessar coisas, mas será que isso era possível? Eu poderia ser uma espécie de espadachim fantasma?
Durante todo o tempo que Selion, Kathryn, Melody e Richard saíram em suas aventuras, Misake me ajudou a treinar.
E agora era a hora de mostrar meus novos talentos!
Eu estava elétrica. Não iria conseguir dormir nem se as vozes parassem, mas resolvi tentar.
Virei para o outro lado da cama, e fechei os olhos. Senti coisas atrás de mim. Pessoas se movendo. Me virei rapidamente.
Nada. Não tinha exatamente nada fora do comum no meu quarto.
“Eu ainda vou descobrir o quê é isso!” pensei confiante.
Fechei meus olhos novamente e procurei dormir, pois na manhã seguinte eu partiria para minha missão.
Eu estava quase adormecendo quando ouvi passos. Passos vindos do corredor.
Me levantei silenciosamente, peguei minha espada e fui até a porta. Coloquei meu ouvido na porta, esperando ouvir alguma coisa. Silêncio.
Abri a porta com cuidado, e vi alguém parado no fim do corredor. Fechei a porta rapidamente.
“Será que ela me viu?”
Abri uma fresta da porta e espiei. Richard me encarava, cara a cara.
Saltei para trás assustada.

-Qual a necessidade disso?! – reclamei tentando não gritar.

-Eu que pergunto. Eu fui buscar um copo de água, e me deparo com você me espionando. – Richard se explicou.

-B-bem... São umas... – olhei para o relógio no corredor. – São 3 horas da manhã! Eu pensei que pudesse ser algum intruso! E você ficou fazendo barulho de passos... Porque você não flutuou como sempre fez?

-O quê eu faço ou deixo de fazer é problema meu. Agora vai dormir. – Richard resmungou, se virou e foi para seu quarto.

Seu cabelo estava mais escuro do que o normal. E seus olhos estavam diferentes... Mais sombrios... Mas devia ser culpa da escuridão. Voltei para minha cama e me deitei.
Quando percebi, eram 9 da manhã. Me levantei e bocejei. Eu devia ter dormido mais.
Caminhei vagarosamente até a cozinha. Selion continuava dormindo no chão.

-Como Misake disse... “Os incomodados que o retirem.” – cutuquei ele com o pé.

Ele se moveu um pouco, e depois se levantou.

-O... Que aconteceu? – ele perguntou confuso.

-Você dormiu. Na cozinha. – expliquei, e depois me sentei na mesa, ainda com preguiça e sono.

-A... – ele se levantou. – O quê vamos fazer hoje?

-Foi decidido que montaremos dois grupos para procurar a última pedra! E eu estarei em um deles! – expliquei animada.

Me levantei e fui até a geladeira. Abri a porta e peguei uma caixa de suco de laranja. Peguei um copo e o servi.

-Qual será o meu grupo? – perguntei.

-Pergunta para a... – Kathryn entrou na cozinha. – Para ela. – apontei para Kathryn.

-Kathryn! Quais são os grupos para procurar a pedra?! – perguntei.

-Não começa. Eu acabei de acordar. ESPERE! – ela brigou.

Desta vez eu acho que ela tem um pouco de razão em ficar brava...

-Foi mal... – Selion se desculpou.

Ele desapareceu pelo corredor. Eu bocejei novamente.

-Bom dia. – eu cumprimentei.

Kathryn disse o mesmo, enquanto fazia uma torrada.
Coloquei minha cabeça na mesa, ainda cansada.

-Alguém não dormiu muito. – Kathryn notou.

-É... Longa história... – expliquei, levantando minha cabeça da mesa.


Esperei Kathryn se acalmar e comer sua torrada.

-Você quer saber aonde vamos, não é? – Kathryn perguntou.

-Sim...

-Bem, temos duas possíveis localizações de onde talvez a pedra esteja. Uma é perto daqui, no meio de uma floresta, é mais ou menos próxima. E a outra localização, é em um lago no Chile. – Kathryn explicou.

-E quanto aos grupos? – perguntei ansiosa.

-Você vai saber na hora que eu os revelar. – Kathryn riu.

E isso foi uma maneira disfarçada de dizer que ela não pensou nos grupos ainda.  
Fui para o meu quarto e peguei minha mochila. Eu havia colocado, na noite passada, o quê eu achava que seria necessário para a missão.
“O quê será que nos aguarda?” eu pensava confiante.
Eu sabia que íamos conseguir a pedra, tínhamos que conseguir.
Saí do meu quarto, com minha espada em mãos, e a mochila nas costas.
Blanorcana apareceu.

-Bom dia. – cumprimentei.

-Bom dia. – Blanorcana sorriu.

Nós duas fomos até a sala de estar. Kathryn e Melody estavam lá.
Selion apareceu logo depois.
Quando percebi, todos da casa estavam lá, exceto Richard.

-Bom, vamos partir agora. Eu, Misake e Melody iremos até o Chile, esperamos encontrar a pedra por lá. Adrian, Sakura, Selion e Blanorcana irão até a floresta. Todos de acordo? – Kathryn esclareceu.

-Eu não quero ir. – Blanorcana confessou. – Eu não gosto de florestas... Prefiro ficar aqui com a Richard...

-Como quiser. – Kathryn deu de ombros.

Saí pela porta da cozinha o mais rápido possível.
O sol estava forte, e quase não havia vento. O dia estava muito quente.

-Vamos pessoal! – chamei com a espada já em mãos.

Selion e Adrian apareceram.

-Alguém sabe algo sobre essa floresta? – Adrian perguntou.

-Eu sei de tudo que precisamos saber! Que a pedra pode estar lá! – Selion explicou empolgado.

Corri até a sombra das primeiras árvores da floresta, alguns metros do lado de nossa casa, e esperei Selion e Adrian.

-Alguém está empolgada... Empolgada demais. – Adrian notou. – Você espera que isso seja algo fácil?

Não respondi. Eu não queria que nenhum comentário idiota estragasse minha missão.
Quando Selion e Adrian se aproximaram, comecei a andar pela única trilha que havia. Estava bem mais quente lá dentro, e barulhento. Os assobios dos pássaros e o barulho que as folhas faziam quando pisávamos nelas formavam um som alto e que ecoava por todo o lugar. As árvores altas se erguiam por cima de nós, e bloqueavam a visão do céu, porém alguns raios de sol atingiam o solo e iluminava nosso caminho.
Respirei fundo e continuei a andar, até que a trilha se bifurcou, e quando reparei tínhamos dois caminhos a nossa frente.

-Qual caminho nós devemos seguir? – perguntei para meus amigos.

-Seria arriscado nos separarmos... – Selion comentou.

Adrian pegou um galho e riscou uma flecha no chão, na direção do caminho da direita.

-Qualquer coisa é só voltarmos, e saberemos que é por este caminho que viemos. Que tal? – Adrian expôs sua idéia.

-Pode dar certo. Ok! Vamos prosseguir! – respondi indo na direção da flecha que Adrian desenhou.

Caminhamos um pouco e logo fomos forçados a parar novamente. A trilha havia se bifurcado de novo.

-Dessa vez vamos pela esquerda. – sugeri riscando a terra com um galho.

Voltamos a andar. Até agora estava tudo calmo. Que perigos poderiam nos aguardar nas profundezas da floresta?

-Sabe... Ouvi falar sobre um monstro vivendo nesta floresta... – Adrian começou a falar.

-A não! De novo não! – parei de caminhar e me virei para ele. – Já deu de suas historinhas sem graça!

-Monstro? Que história é essa? – Selion perguntou animado.

-Viu? Ele quer saber sobre ele. – Adrian sorriu superior.

Rosnei e continuei a andar, desejando que ele tropeçasse em algo e se espatifasse no chão.
“Adrian e suas historinhas bestas... Como se ele conseguisse assustar alguém.” Pensei irritada.
Ele vivia inventando histórias toscas sobre monstros que ele inventava na hora, tentando conseguir assustar alguém.

-HEY! – Adrian gritou.

Ouvi um barulho de algo caindo e me virei. Ele havia tropeçado em uma raiz e caído no chão. Comecei a rir.

-Bem feito! – ri mais um pouco e depois ajudei-o a levantar.

-Dessa vez é verdade, Sakura. Realmente ouvi falar sobre um monstro vivendo por aqui. – Adrian grunhiu e limpou sua calça.

-Vou fingir que acredito ok? – voltei a andar.

Adrian e Selion começaram a andar ao meu lado. Eu acho que estava tão animada que comecei a deixá-los para trás.

-Parece que vai demorar pra chegarmos a algum lugar... Conta logo sua historinha besta. Vai ser o quê dessa vez? O bicho papão?

-Tomara que encontremos esse monstro! Já estou pronto para a luta! – Selion torceu.

“Ainda acho que ele não está pronto para sair em missão de novo... Ele voltou em um péssimo estado da última missão, e ele não está totalmente curado...” pensei.
Mas ele me parecia bem.
Tropecei em alguma coisa, mas me equilibrei e continuei de pé caminhando.
Parei por um segundo e olhei para trás. Não havia nada lá. Nenhum pedra, nenhum galho, nenhuma raiz... Só folhas.
Isso não estava me cheirando bem. Ou será que era só o cheiro da floresta?

-Bem, na verdade não tenho muitas informações... Mas ouvi dois garotos contando para seus amigos que foram atacados por um monstro na floresta. – Adrian contou. – Não chegaram a falar como ele era, mas disseram que ele era semelhante com uma pessoa normal, mas super alto.

-Bobagem. Vai ver eles viram um bando de cipós escuros e saíram correndo. – expressei minha opinião.

-Aí tem coisa, só o que digo. – Adrian alertou.

-Eu esperava mais... Mas dá pro gasto. Que venha o monstro! – Selion falou.

Caminhos por mais alguns minutos. Passamos por outra bifurcação, e encontramos um lago enorme, em uma grande clareira na floresta.

-Água, tsc. – Selion resmungou.

-É o elemento que procuramos, não esperava que não fosse achar água, ou esperava? – Adrian respondeu ao resmungo.

-Uau... – me aproximei da água.

A água era totalmente limpa e cristalina. O lago não parecia ser muito fundo, mas eu não tinha certeza.
Alguns raios de sol tocavam na água, e a mesma os refletia.

-Chegamos? – eu me perguntei em voz alta.

-Bem, chegamos a algum lugar... – Selion disse.

Me aproximei da água e tentei procurar por algum sinal da pedra, mas eu não conseguia enxergar nada.

-Não da pra ver o fundo... Adrian, será que poderia...? – pedi, sem ter a necessidade de terminar a pergunta.
Adrian levantou a mão, e as poucos, a água foi se levantando. Me aproximei mais do lago, e parei na beirada dele. O lago era mais fundo do que eu pensava. Mesmo com toda aquela água flutuando acima do lago, ainda havia muita água nele, ainda me impedindo de ver o fundo.

-A pedra só pode estar lá... – suspirei e fiz um sinal para Adrian parar.

A água caiu com tudo no chão, e uma pequena parte dela foi espirrada para fora.

-Teremos que entrar para procurar... – suspirei novamente.

Selion pareceu não gostar muito da idéia.

-Eu odeio água... Mas se é o único jeito... – ele choramingou.

-Ótimo. – respondi séria. – Mas você não precisa ir se não quiser...

-Jura? – ele respondeu rapidamente.

Fiz que sim com a cabeça.

-Precisamos de alguém para ficar aqui e nos avisar se algo acontecer. – expliquei.

-Boa idéia... – Adrian comentou.

-Adrian, sabe o que fazer. – apontei para a água.

Ele parou para se concentrar, levantou suas mãos e depois as separou. A água acompanhou seus movimentos, primeiro se levantando, e depois se separando, fazendo um túnel. Me aproximei.

-Isso não vai dar certo... – pensei alto.

-Vamos tentar primeiro, depois lidamos com o resultado. – Adrian se aproximou do túnel, e entrou nele. – Até agora tudo certo.

Eu o segui e entrei no túnel. Eu vi um ou dois peixinhos minúsculos nadando sobre nossas cabeças. Haviam diversas algas no chão.

-Isso é incrível! – comentei enquanto andava com cuidado atrás de Adrian.

Ele ia na frente, abrindo caminho para passarmos.
Eu ficava de olho vivo no chão, procurando pela pedra.
Algumas gotas de água caiam na minha cabeça, a água estava morna.
Andávamos em uma diagonal para baixo, a água ia ficando cada vez mais funda.
“O lago é tão fundo assim?!” eu pensei impressionada.
Eu caminhava cuidadosamente, até que Adrian parou de repente, eu acabei esbarrando nele.

-O quê foi? – perguntei surpresa.

-Temos um problema...

Ele fez um gesto com as mãos, como estava fazendo antes para fazer o nosso túnel debaixo da água, mas desta vez a água não se mexia.

-Não estou conseguindo continuar! – Adrian explicou irritado.

Ele continuou tentando afastar a água, mas ela continuava lá, sólida como uma parede. E então eu comecei a pensar.

-E se isso não for água? – pensei em voz alta e clara.

-O quê? Que idéia absurda, é claro que é água. – Adrian resmungou.

-Será? – duvidei.

Ultrapassei Adrian, e fiquei parada na frente do paredão de água.
Levantei minhas mãos e lentamente as aproximei da água, até tocar nela. Para minha surpresa, a minha mão entrou na água.

-Parece que você se enganou. – Adrian riu superior.

Tentei tirar minha mão da água, estranhando o que estava acontecendo, mas não consegui.

-Ei... Não consigo retirar minha mão da água! – abafei um grito.

Puxei minha mão com o outro braço. Mas não estava querendo sair, era como se minha mão estivesse presa na água.
Eu podia vê-la se mexendo, mas não conseguia tirá-la da água.

-ADRIAN ME AJUDE! – pedi histérica.

-Calma... Você só está com a mão presa, não precisa se descabelar toda, ela vai sair. – Adrian me tranquilizou.

Ele pegou meu braço, e me ajudou a puxar. Quando paramos para retomar a força, senti um movimento estranho na água, seguido de um péssimo pressentimento. E então, senti minha mão sendo sugada por uma força fraca.

-Isso não me parece coisa boa... – presumi.

E então, do nada, a força que estava puxando meu braço ficou mais forte, e metade do meu corpo entrou para dentro da água.

-ADRIAN, SOCORRO! – gritei por ajuda.

Ele pegou meu braço livre, e tentou me puxar.
A força misteriosa agiu de novo, e nos puxou para dentro da água.
Respirei o mais fundo que consegui, antes de ficar coberta de água.
Adrian perdeu a concentração, e o túnel que ele tinha feito afastando a água foi desfeito.
Eu segurava Adrian o mais forte que conseguia para não nos separarmos. Ele apertava tanto minha mão que chegava a doer.
Eu tentava lutar para me libertar mas não conseguia. Meus olhos estavam fechados, não sabia para onde estava indo, o quê estava me levando.
Bati a perna em algum lugar. Abri a boca e gemi de dor. Eu havia esquecido que estava de baixo d’água! O ar que eu tinha havia saído.
Eu precisava respirar, eu não aguentaria muito tempo.
Percebi que começamos a ser puxados para cima.
Quando percebi, estávamos flutuando no ar, como peixes fora da água, nos movimentando loucamente para nos libertar. Senti que Adrian soltou minha mão, e logo depois ouvi um monte de água sendo espirrada.

-SOCORRO! – gritei por ajuda.

Esfreguei meus olhos com dificuldade e retomei a visão. Procurei pela coisa que segurava meu braço, mas antes que conseguisse ver alguma coisa, fui puxada em direção da floresta.

-ADRIAN, SELION! – gritei a plenos pulmões.

Tentei parar, ou pelo menos diminuir a velocidade na qual eu era puxada, pondo os pés no chão, mas não deu certo, só tropecei em uma raíz e quase torci meu tornozelo.
Com dificuldade, olhei para frente a tempo de ver uma árvore enorme. E eu estava indo na direção dela.
Levei um susto, e coloquei a minha mão livre na frente do rosto tentando me defender, mas não funcionou muito bem. Tudo ficou escuro.

                                                         ...

Abri os olhos, tonta, e olhei ao redor. Eu só via escuridão.
“Onde estou?” eu pensava.
Aos poucos, meus olhos se acostumaram a escuridão.
Olhei para o lado, um feixe de luz entrava por uma pequena fresta na janela fechada, e iluminava o que parecia ser um monte de corda.
Tentei abrir minha boca, mas não consegui, deduzi que eu estava com uma fita prendendo minha boca. Tentei movimentar minhas mãos, ou me levantar. Meus braços e pernas estavam amarrados.
Minha cabeça doía e latejava. Provavelmente por causa daquela árvore idiota.
Procurei por algo que pudesse usar para me libertar.
Não encontrei nada.
E então, uma porta se abriu, e o lugar se encheu de luz. Meus olhos arderam. Eu os fechei rapidamente para me proteger.
E enquanto sofria por causa da mudança repentínua de luz, tive a ideia de fingir que não havia acordado.
Ouvi passos leves. E então subitamente eles pararam, como se tivesse alguém parado na minha frente.
E então eu pensei o seguinte... E se fossem Selion ou Adrian?
Eu não podia ficar no “e se”. Abri os meus olhos o menos possível. Assim que meus olhos se acostumaram novamente, levantei meu olhar devagar. Era alguém com pernas finas, usando uma calça e sapatos pretos. Meu corpo gelou quando consegui ver a cara do ser que me encarava.
Sabe porque?
Porque ele NÃO HAVIA cara. Eu estava olhando para um ser alto e esguio, de terno preto, com a face inteiramente branca! Sem olhos, sem boca, sem nariz, sem orelhas, sem cabelo, sem nada. Simplesmente uma cara vazia e branca me encarando em silêncio.
Ele se abaixou, e ficamos cara a cara.
Arregalei meus olhos de pavor. Eu estava com muito medo.

-O q-quê é você...? – tentei perguntar, gaguejando, porém fui impedida pela fita.

Ele aproximou sua mão de meu rosto, e o acariciou, e depois arrancou com força a fita da minha boca.
Gritei de dor.
Ele permanecia calado.

-O-o q-q-quê é v-você? O q-quê quer d-de mim? – eu perguntava gaguejando.

Ele era assustador. O modo como se movia lentamente, o jeito como sua cara vazia me encarava.

-S-S-SELION! A-ADRIAN! – eu gritava desesperada.

O ser sem face não se movia. Mas algo estava acontecendo. Atrás dele, vi sombras se mexendo.

-O quê é isso? ME DEIXE SAIR! – exigi com medo.
E então, as sombras se tornaram sólidas, e se espalharam pela sala.
Eram tentáculos. Longos tentáculos negros saindo das costas da criatura. Eu queria muito que isso fosse só uma história boba de Adrian.

-O-o quê vai fazer?! – repeti minha pergunta.

Os tentáculos ficaram mais longos, e se espalharam pela sala. Então, eles avançaram contra mim.
“E-essa não, o quê vou fazer agora?!” pensei apavorada com os olhos bem fechados.

“É o meu FIM!” 

Um comentário

  1. OOOOOOOOOOOO ate chrei aq ah um passabronk mando isso para vc zacquipodueru http://www.4shared.com/rar/o6U3Njlwce/Deck_The_Chaser__Concluido_.html?

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