quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

As Pedras de Elementra - Parte 2. Capítulo 20


20. Sexto degrau.
Despertar? Não, renascer!

Nossa luta teve início. 
Lief foi coberto de chamas, copiando meu estado típico nesta forma. Originalidade está em falta hoje em dia.
Não era preciso ser um gênio para perceber a mudança de humor em Lief. Ele estava mais histérico, desesperado, preocupado, alguma coisa desse gênero. 
Chegava a dar pena. Afinal, eu não podia culpá-lo por querer ter Melody à seu lado, mas se realmente desejava isso, não deveria ter mudado de lado pra início de conversa.

-Eu vou te fazer em pedacinhos, e então teremos lagarto no espeto para o banquete! - Lief tentava provocar-me, sem muito sucesso.


Eu me sentia vivo de uma maneira nunca antes sentida. O calor emanava de meu corpo, o fogo escorria entre minhas veias, pequenas sensações nunca antes notadas. Eu me sentia mais forte e poderoso do que nunca. Meus sentidos estavam afiados até demais, eu podia ouvir o coração de cada pessoa no lugar, batendo dentro de seus corpos. Mas algo estava errado. Eu contara mais cedo treze pessoas no lugar, excluindo as ninjas e Troian, que estavam ausentes. Meus sentidos identificavam somente onze corações batendo.
Um certamente seria de Lucius, mas e quanto ao outro?

-Olha só o que temos aqui... Meu bichinho voltou! - Scarlet se levantou, agora com a mão recuperada.

-Calada. Eu acerto as contas com você depois. - fixei meus olhos nos dela - Você me fez machucar quem amo. Não perdoarei você por isso.

Por um instante, Scarlet me pareceu assustada. Vê-la desse jeito me fez abrir um enorme sorriso.

-E então? Pode vir com tudo! Ou está com medo?!

O fogo emanando de sua espada fortificou-se, os canais de lava em seu corpo passaram a brilhar intensamente e seus olhos fitavam os meus. Ele investiria contra mim, e eu não planejava nenhum plano de ataque. 
Eu deveria estar inseguro quanto a isso, pois em suas mãos estava uma das armas mais poderosa da Terra. Uma das pedras de elementra. Então por que eu estava tão animado? Que sede por batalha era essa, preenchendo meus pensamentos, dominando minha mente?
Logo, essas perguntas foram esquecidas, e eu estava feliz com isso.
Finalmente, Lief atacou. Cortou o ar diversas vezes com sua espada, ateando fogo contra mim a partir da lâmina de sua espada. Me mantive imóvel. Uma parte de mim preferia desviar ao ser atingido, mas a parte dominante não pensava da mesma maneira. 
O fogo não iria me ferir, eu sabia disso. 
Fui atingido por cada ataque, sem mover um dedo. Cada um deles não fazia nada além de fortalecer-me. 
Enquanto isso, a raiva de Lief era notável. Com sua espada encrustada com a pedra do fogo, ele correu em minha direção. Sua velocidade aumentara desde nosso último encontro. 

-Selion, cuidado com o que for fazer! - Melody alertou.

-Não se preocupe. Eu tenho tudo sob controle. - me preparei para defender do próximo ataque de Lief.

Rápido como um relâmpago, sua imagem se projetou à minha frente. Instintivamente, formei um X com meus braços, pronto para aguentar o ataque com minhas escamas resistentes. Parecia um bom plano, mas tinha uma grande falha. Como eu disse, ele era rápido.
Desapareceu diante de meus olhos. Quando reparei, ele estava atrás de mim, rasgando minhas costas com sua espada flamejante. 
Eu esperava dor, eu esperava muita dor mesmo, mas eu não senti nada. 

-Como... - Lief estava de olhos arregalados.

Era minha deixa para um ataque. Investi contra ele, arranhando seu rosto com minhas garras mortíferas. Lief recuou, saltando para trás.

-Mas... A pedra é mais poderosa que ele! Como ele sobreviveu?! - Lief não parava de olhar para sua espada, aterrorizado - Você não é real... Não pode ser!

Minhas mãos... Desculpe, garras, estavam sujas de sangue. Normalmente eu ignoraria o fato, mas aquela não era uma ocasião normal. Uma sensação de ardência subiu por meu estômago. 
Eu entendi isso como sede de sangue.
Eu precisava disso, muito mesmo. Meu corpo dominou. Eu sentia uma enorme vontade de rasgar o corpo de cada inimigo à minha frente, ansioso para ver o chão sujo com seu sangue. 

-Selion? Você está bem? - Merith terminava de enfaixar Melody corretamente.

-Eu estou ótimo! - bufei em resposta.

Minhas asas se abriram. Decolei ao ar sem fazer o mínimo esforço, e em uma velocidade completamente inédita para mim. Eu me sentia leve como uma pluma, mas sabia que meus ataques fariam mais estrago do que nunca.

-Você já esteve no inferno, Lief? Não? Bem, vai desejar estar lá. - estralei as juntas das mãos.

Após sacudir sua cabeça, ainda com dificuldades em acreditar no que acabara de acontecer, Lief novamente empunhou sua espada, pronto para me partir ao meio quando pudesse. Mas é uma pena para ele, pois isso não iria acontecer.
Resolvi dar um segundo à ele. Não teria graça alguma dar um fim nele desse jeito. Eu queria muito vê-lo sofrer.
"Espera, o quê estou pensando?! Eu não torturo! Só protejo as pessoas!" sacudi minha cabeça.
Talvez ter assumido esta forma tenha sido um grande e catastrófico erro, mas era tarde demais para pensar nisso. 
Logo, toda a preocupação desapareceu, focando-me novamente na batalha à minha frente. Bati minhas asas e voei rasante em sua direção. Por algum motivo, o misterioso cubo acorrentado começou a se contorcer e a tremer mais intensamente, fazendo um barulho horrível de chiado. Com muito esforço, prossegui com o ataque sem deixar o barulho interromper-me.
Lief estava preparado. Antes de ter-me por perto, cravou sua espada no chão, levantando torres de fogo em direção do teto. Não deixei-me abalar, eu já sabia que não poderia ser derrotado por fogo.
Foi uma enorme surpresa quando uma das torres chocou-se contra mim. Eram duras como pedra, praticamente indestrutíveis. Minha velocidade foi reduzida a zero e meu corpo fora esmagado. Caí no chão lentamente, grudado na torre de fogo sólido. Cada membro de meu corpo doía com o impacto. 
Meu corpo absorveu as chamas ao redor involuntariamente, diminuindo os danos o máximo possível. Infelizmente, mesmo com a redução de ferimentos e dores, eu estava fora de combate por alguns turnos.

-Eu não sou tão idiota quanto pensa. E agora, sua ousadia vai causar sua morte. - Lief marchou em minha direção.

Tentei forçar-me a levantar, mas o impacto foi mais feio do que pensei.

-Cadê toda a sua coragem e bravura agora? - Lief se aproximava devagar, aproveitando seu momento de superioridade - "Eu tenho tudo sob controle." - ele imitou minha voz.

-Eu não falo assim, seu idiota. - rugi em resposta.

-Ui, se ofendeu? 

Ele ergueu a espada e a girou para baixo. Em poucos segundos, eu teria uma lâmina coberta de fogo atravessando meu crânio. Tentei pensar em alguma coisa, mas minha mente estava confusa.
"Não vou perder para alguém como ele. Eu não sou caça de ninguém!" era realmente eu pensando isso, com tanta fúria?
Minha frustração e raiva impedia os pensamentos de serem claros, e além disso, um som metálico irrompia meus ouvidos, trazendo-me uma grande agonia, tornando meu estado mais confuso ainda.

-Últimas palavras? - Lief tocou a espada em meu pescoço.

Ela não me queimava, como já deve ter percebido, muito pelo contrário, mas Lief ainda não percebera. Se eu absorvesse um pouco mais das chamas, alimentando-me delas, talvez eu pudesse reverter a situação.

-Ótimo. - murmurou Lief.

Eu estava prestes a perder a sanidade de vez e a fazer alguma loucura desesperada, quando algo impediu Lief.

-Se pretende matá-lo, terá de cortar esse pescoço recém costurado aqui primeiro. - Melody apareceu a tempo de impedir a continuidade do ataque, empurrando-o para o lado com uma rajada de vento poderosa.

-Parece que ele conseguiu mesmo estragar você, mas não é tarde demais para consertá-la. Saia de meu caminho por agora, e depois cuidarei pessoalmente de você. - Lief baixou sua guarda.

-Então, estou "estragada"? Que grande maneira de persuadir alguém. - Melody puxou sua katana, mantendo Lief a uma certa distância de nós dois - Faça sua escolha. Sair daqui vivo ou ficar morto.

Ver Melody clareou minha mente. Eu não estava sozinho comigo mesmo, eu tinha mais um monte de pessoas ao redor. Eu podia contar com eles, então eu não podia falhar enquanto eles contam comigo para derrotar Lief.
Eu só precisava de um pouco mais de tempo, e então eu iria pôr um fim nisso.
Abri minhas asas com cuidado. Agora era só esperar o momento certo para pegar impulso e atacá-lo de surpresa.

-Nós dois sabemos minha escolha. Vou ficar aqui, vivo, enquanto você me deixa passar. - Lief largou a espada.

Ao aproximar-se do solo, ela simplesmente desapareceu e reapareceu, poucos segundos depois, flutuando acima de seu ombro. O brilho da pedra parecia ter se apagado um pouco. Me pergunto se Lief tinha noção disto.

-E por qual motivo eu deixaria você passar? - a katana de Melody brilhava, fazendo-me perceber que algo estava por vir.

-Por sua vida. 

Lief investiu contra ela, agarrando suas mãos, tentando soltá-la de sua arma. Quando ele tocou-a, um som parecido com o de algo sendo queimado foi ouvido. Em resposta, Melody tentou acertá-lo com sua katana, mas foi impedida. A espada de Lief bloqueou sua katana, colocando lâmina contra lâmina. Um detalhe: a espada flamejante não estava sendo segurada por ninguém.
Ao chocar-se contra a espada de Lief, a arma de Melody imediatamente começou a oscilar. Eu não tinha certeza se era algum truque de Melody, ou sua katana, que estava perdendo para a rival.

-Truque novo? Bom, eu também aprendi alguns. - por algum motivo, consegui prever que os olhos de Melody tornariam-se vermelhos. 

Em questão de um piscar de olhos, uma dúzia de espadas cercou os dois. Um movimento de Lief e ele seria espetado, ou melhor ainda, perfurado, por no mínimo três delas. Como sempre, derrotando os inimigos de uma maneira incrível.
Eu estava pronto para agir, no momento que algo saísse do controle. No momento em que Lief tentar assumir o controle da batalha, seria fim de jogo para ele.
Uma parte de mim desejava levantar, atear fogo a qualquer coisa que ameaçasse nossas vidas, mas eu não podia deixar-me levar. Ou então... Bem, eu espero não ter de terminar esta frase.

-Belo movimento. É uma pena ser inútil. - o corpo de Lief começou a exalar chamas intensas, capazes de derreter o metal das espadas - Magias metálicas nunca foram seu forte, não é?

Eu começava a perder a cabeça novamente. Era preciso terminar isso o mais rápido possível, antes que eu fizesse alguma besteira impulsiva, e eu até conseguia imaginar-me nesta situação.

-Você não pode me vencer. - Lief fez um gesto com a mão, fazendo sua espada autônoma fortificar o ataque, fazendo Melody ter dificuldades em manter a katana - Sua arma não vai aguentar, sabia?

Eles estavam cara-a-cara agora. Se eu me movesse, Lief poderia feri-la. Eu não podia correr esse risco.

-Para de resistir, entregue-se à destruição. - as mãos de Lief avermelharam-se, fazendo-me pensar que estavam superaquecendo. 

Melody não conseguiu aguentar, o calor forçou-a a largar sua espada. Agora suas vantagens diminuíram, mas eu sabia que ela não estava vencida.
Sua boca se mexeu discretamente, sem Lief perceber, e uma enorme mão saiu do chão, literalmente do solo de pedra puro, agarrando Lief na primeira oportunidade. Aproveitando o momento, Melody distanciou-se e agarrou sua katana novamente. Seu feitiço não durou muito, pois a espada de Lief fatiou a mão azulada até desaparecer, libertando assim o usuário da pedra do fogo.
Era a minha oportunidade. Bati minha asas e levantei do chão, pronto para transformar Lief em pão de forma humano. Fechei minhas garras ao redor de seu pescoço com muita empolgação. Eu ficara feliz com a ideia de massacrá-lo.
Por um momento, tive medo de mim mesmo, mas como das outras vezes, tais pensamentos me deixaram rapidamente. 
Surpreendi-me da demora em perceber meu erro. Lief não estava preso entre minhas garras, ele fugira a tempo.
"Como eu não percebi? Eu devia estar com sentidos aumentados!" raciocinei comigo mesmo até conseguir uma solução concreta. Desagradável, mas concreta.

"Meus sentido estão aumentos, sem dúvida. Mas estes instintos selvagens... Eles me deixam impulsivo demais para usá-los..."

-O-Oh... - um de meus companheiros deixou escapar.

Virei-me imediatamente. Foi um grande, não, um imenso erro.

-Afastem-se. Vocês precisam colocar seus corpos orgânicos facilmente incineráveis o mais longe daqui. - Polar instruiu a todos, tornando-se agora visível.

Minha mente entrou em colapso por algum motivo. Sanidade? Me deixara a tempos.
A poucos passos de mim, Lief roubava um beijo de Melody.

-Selion não é o único sentindo algo por você. - Lief afastou-se dela, prendendo suas mãos, evitando qualquer resposta ofensiva.

-L-Lief?! O q-quê pensa que...?! 


-Depois você resolve com esse ser invasor de espaço pessoal. Agora não é hora para permanecer neste canto do recinto. - Magna apareceu por trás de Melody, fazendo-a pular de susto.

Antes de obter resposta, Magna empurrou-a para o mais longe possível de mim. Eu compreendo bem a reação dela. E todos iriam conhecer a minha.
Lief foi longe demais dessa vez. Para seu azar, eu não estava com o mesmo humor de sempre. Agora, minha mente foi dominada por este lado draconiano, que não controla suas emoções e as deixa correr solta.
Ao ver esta cena, o tempo parou para mim. Tive que tomar algum tempo para processar o que acabara de ver, e como reagir. Mas eu não precisei reagir a nada. Meu corpo fez isso sozinho.

-Pessoal... Acho melhor nos escondermos atrás do cubo vivo assustador. É mais seguro! - Adrian opinou, já colocando suas palavras em prática.

Até mesmo Lucius saiu de cena, carregando Richard (o que sobrou dela) para um lugar seguro, sendo seguido por Aslan, que por sua vez carregava Misake. Eu não entendo de medicina, e nem estava com cabeça para pensar nisso, mas Misake parecia no mesmo estado de quando Aslan começou a tratá-lo.
Quando percebi, eu estava sozinho com Lief e Scarlet. Algo acontecia comigo, mas eu não percebia o que.

-Ficou brabinho, é? Desculpe, Selion, você é só um estranho qualquer atrapalhando a vida das pessoas. - Lief virou-se para mim exibindo um enorme sorriso de satisfação - Seria melhor se desistisse e deixasse ela seguir o melhor para ela. Eu.

O brilho da pedra diminuíra, mas a este ponto eu já não ligava mais para isso.
Comecei a rugir para mim mesmo, contra minha vontade, é claro. Minha visão tornou-se vermelho-sangue e meu corpo começou a exalar flamas, mas algo mudara. O fogo ao meu redor, as intensas chamas que não paravam de crescer, não eram vermelhas. Estavam azuis, algo nunca antes visto por mim. 
Esse fogo cobriu cada centímetro de meu corpo, causando uma dor insuportável. Rugi de dor, com a cabeça abaixada, tentando manter-me firme, embora fosse impossível.

-Chamas azuis... Lief, é melhor você medir suas palavras... - Scarlet parecia assustada, realmente apavorada, como se tivesse um passado com tais chamas.

-Ou o quê? Enquanto eu tiver essa belezinha aqui, - Lief levantou sua espada fortificada - serei completamente imune a ele. 

O sangue bombeando em minhas veias, o pulsar de cada coração presente... Esses sons não paravam de martelar em meus ouvidos, como se eu estivesse amarrado com fones de ouvido em alto volume, não podendo tirá-lo. 
Minha visão continuou a envermelhar até ficar impossível distinguir as coisas a minha frente. Eu me sentia cego, mas ainda capaz de ver. Isso não faz muito sentido, eu sei, mas era a verdade. A presença de todas as pessoas, eu podia senti-la como se tivesse muitos olhos ao redor de minha cabeça, cada um olhando para uma direção diferente.
Senti meu corpo pesar mais e mais, até ter de ficar agachado para conseguir me mover. Junto de tal mudança, minhas asas tornaram-se mais fortes e resistentes, como se só com uma batida pudesse voar até o topo da montanha mais alta do mundo.

-Lief. - minha respiração estava pesada, o que provocava longas pausas durante minha fala - Você não deveria ter feito isto... Eu não me responsabilizo... Por seu estado quando eu acabar com... Você...

-Estou morrendo de medo. - ele respondeu, sarcástico.

Dei um passo a frente.
O cubo misterioso acorrentado no meio da sala reagiu à mim. Ninguém entendia o motivo, mas ele começara a pular e a tremer, movendo o solo junto com ele. Um pequeno terremoto foi criado, derrubando a todos que não flutuavam e isto inclui Lief.
Aproveitando seu momento de fraqueza, dei passos longos e lentos em sua direção, com o chão tremendo como se o mundo estivesse acabando. Meu peso me mantinha preso ao chão e minhas asas me permitiam locomover como bem entendesse, sem ser afetado pelos tremores. Ao perceber minha aproximação, Lief levantou e lutou para manter-se em pé. 

-O QUÊ ESTÁ ACONTECENDO?! - alguém gritava no meio do barulho ensurdecedor criado pela vibração do terreno.

-Energia. - a voz de Polar soava mais alta do que nunca, como se usasse um mega-fone para falar conosco - Este quadrado tridimensional começou a sugar energia da fonte mais poderosa presente. Selion.

Foquei minha audição na conversa deles.

-Se você estava ciente disto, por que não nos contou?! - Kathryn indagou impaciente.

-Antes a absorção era débil, de modo que acontecia sem mesmo podermos notar. Mas com o despertar de Selion, ou como ele se intitulou, Flamus, passou a extrair toda a energia possível, provocando estas instabilidades que veem. - Magna explicou.

-Tudo faz sentido agora... - Kathryn murmurou para si mesma.

Parei de dar ouvidos. Eu queria, realmente, eu me sentia obrigado a saber o que meu poder estava provocando, mas, novamente, meu corpo não me ouviu. Marchei em direção de Lief. A esta altura, eu exalava fogo por minha boca ao invés de ar e meus únicos pensamentos nítidos eram relacionados a fogo, sangue e fúria. 
Cansado de não conseguir manter os pés no chão sem tropeçar em si mesmo, Lief empunhou sua espada, erguendo-se do chão com fogo sólido apoiando seus pé.

-Eu não sei como está fazendo isso, mas foi inútil. 

Agora eu estava frente-a-frente com Lief. Me segurei para não atacar. Eu tinha que saber como ele reagiria.

-Aceitou a derrota? Típico de uma lagartixa como você. Adeus! - Lief cravou a espada em minha cabeça.

Não senti nada. Tudo que fiz foi sorrir de volta, com o misterioso fogo azul intensificando-se ao meu redor, fazendo voltas e voltas ao redor de meu corpo, como se estivesse vivo.

-Bom... Então isto acabará com você! - Lief engoliu em seco e cravou novamente a espada em mim, dessa vez tendo minha cara como alvo.
.. Pus as mãos na lâmina da espada e a afastei de mim.

-Você não é real... - Lief tentou puxar a espada para longe. 

Mantive as mãos firmes até Lief escorregar e perder a espada para mim, caindo para trás, perdendo todo o poder.

-Eu te garanto... - meus olhos faiscavam, capazes de fulminar Lief caso ele estivesse mais perto de mim - Eu sou real... Eu sou o seu maior pesadelo...


Observei a espada por alguns segundos, sem tirar os olhos de Lief. Ergui uma de minhas garras e retirei a pedra, como se fosse um simples carrapato, deixando-a cair no chão. Ao tocar o solo, a mesma se tornou pó e dissipou-se até não sobrar restos.

-Ela era falsa?! - Lief parecia chocado.

Talvez ele não soubesse sobre isso, mas não importava. Ele tentou machucar a mim e a meus colegas, invadiu o espaço de minha amada, roubando um beijo dela, e ainda por cima tentou tirá-la de mim. 

-Para seu azar... - completei meus pensamentos em voz alta - O Selion que deixaria você vivo... Não está aqui agora...

Cerrei meus punhos e deixei minha raiva levar-me, agir por mim. Certamente não deveria, mas me sentia satisfeito e feliz comigo mesmo.


...

-Me lembrem de nunca irritar esse cara... - Ingo escondia-se atrás dos outros, com medo de ser acertado por alguma bola de fogo perdida.

Eu conseguira destruir o lugar por completo. Todo o espaço próximo a mim queimava. Os pequenos rios de lava feitos por mim na última transformação receberam o dobro de seu tamanho e as cores agora alternavam entre o azul e o vermelho. Os abalos sísmicos só aumentavam por minha causa, e eu aproveitava a cada tremor como uma chance de continuar a atacar.
Eu abrira infinitos buracos no solo. A cada passo dado, o chão derretia, simplesmente era desintegrado, deixando o piso irregular. Minhas asas eram o que mantinham-me de pé. Sem elas, eu acabaria no centro da Terra, pois toda vez que tocava o solo, ele deixava de existir.
Era extremamente difícil de enxergar devido a uma grande cortina de névoa criada pelo calor em conjunto dos rios, agora não tão pequenos, que cobriam o chão. Mas é claro que eu era uma exceção.

-Por favor! Parem ele! FAÇAM ELE PARAR! - Lief repetia e repetia, muitas e muitas vezes, completamente abatido e derrotado.

-Você é... Patético! - usei minha cauda para jogá-lo longe.

Lief rolou sem controle até bater em uma parede com força, tendo contato com muito fogo e lava no caminho. Fiz o favor de limitar o calor quando ele passava, pois meu objetivo não era matá-lo, mas sim faze-lo pagar pelo que fez.

-Eu imploro... Pare... - ele lutava para se levantar.

Patético... E não me refiro a ele...
Eu já me esquecera completamente desta voz insuportável. Nunca descobri quem é, de onde vem, só sei que não é oriunda de minha cabeça pois eu já estivera lá.

-Cansei-me de repetir! Vocês tem de retorná-lo à forma primária! - Polar reclamava com os olhos vidrados no cubo, com medo do que sairia de lá.

-Como quer que façamos isso? - Adrian criava correntes de ar em sua direção.

O calor começava a afetar a todos, fazendo seus rostos pingarem de suor. Ao notar isto, Kathryn criou uma pedra de gelo no meio de todos. Ao ser conjurada, instantaneamente começou a derreter.

-Selion está preso dentro de si mesmo, sendo trancafiado por aquele nomeado Flamus, cuja personalidade é constituída a partir de instintos e emoções... - Magna explicou - Nossa raça não entende este conceito de "emoções", mas há uma grande possibilidade de poderem manipulá-lo com tais sentimentos.

"Se preocupam comigo em vão."
Eu sentia-me ótimo, forte, ágil e poderoso, coisas nunca antes sentidas quando era Selion. Talvez fosse Flamus pensando no meu lugar, mas eu não desejava voltar ao normal, nunca mais. Com este poder em mãos eu poderia vencer Aron em um piscar de olhos, ele nem poderia demonstrar do que é capaz.
Manipulei as chamas ao redor para criar uma lança entre minhas mãos. Composta das chamas vermelhas e azuis, descia da ponta até o final em uma espiral infinita, tornando-a capaz de perfurar, ou derreter, qualquer coisa que a tocasse.
Eu inauguraria esta nova arma em Lief.

-Selion, não faça isso! 

-Você queria lutar até a morte... - aproximei a lança de seu peito - Parece que eu ganhei...

-Eu não disse nada, seu réptil arrogante. - Lief parou de lutar, ele percebera o quão inútil era tentar.

-Fomos nós. - Kathryn e Melody apareceram em minha frente, impedindo de prosseguir com o extermínio de Lief.

Ambas flutuavam no ar. Abaixei o fogo ao redor para que não fossem afetadas pelo calor ou por qualquer fumaça produzida pela lava.

-Já chega. Você já mostrou superioridade, já teve sua vingança, já acabou com ele. Não é necessário matá-lo, não somos animais! - Kathryn aproximou-se de Lief e tocou em sua testa, fazendo-o ficar inconsciente - Não vai durar muito. 

-VOCÊS não são animais... - desviei o olhar para minhas garras, levantando-as para que fossem vistas - Eu sou... E é incrível! Com esse poder... Posso derrotar qualquer um!

Bati minha cauda no chão com força, levando o que um dia foi um solo de pedra sólida no ar, criando estalactites invertidas. 

-Ele perdeu o controle de vez. O quê faremos? - Kathryn indagou preocupada.

-Não se preocupem comigo... Tragam Aron, vou acabar com ele em segundos! - eu rugi ensurdecidamente.

"Eu realmente perdi o controle. Mas quem se importa, não é?" 

-Agora saiam da frente... - comecei a aumentar novamente o calor lentamente para afastá-las.

Ao notarem, ambas levantaram as mãos, erguendo uma fina camada de gelo, que acabara moldando-se até encaixar perfeitamente à seus corpos, bloqueando assim o calor de minhas chamas. Quando a camada de gelo terminou de se encaixar aos corpos, acabou desaparecendo de meus olhos, fazendo a pele de ambas tomarem uma tonalidade azul clara.

-Selion, é sério. Você vai acabar machucando alguém que não deve. Faça um favor a si mesmo e volte ao normal, imediatamente! - Kathryn brigou.

-Você pensa que pode mandar em mim...? - eu gargalhei em resposta.

O que começou com um riso baixo acabou se tornando uma longa gargalhada em tom alto e bom som, ecoando por todo o lugar.

-Certo, começou a ficar assustador, Melody, é sua vez. - Kathryn levantou Lief e o arrastou para outro lugar, prendendo suas mãos com algemas.

Não me pergunte de onde as algemas vieram, só sei que elas estavam lá.

-O único que deve morrer é Aron. Você sabe que Lief só está sendo manipulado, não sabe? Ele já foi um dos nossos, então...

-Então... Você não quer que eu mate seu novo namoradinho... Não é mesmo? - bufei.

Ela não me respondeu. O silêncio de reprovação deixado por ela acabou me enfurecendo, embora o verdadeiro eu não concordasse com nada do que acontecia.

-Como eu pensei. - dei as costas a ela.

"Não faça isso, seu idiota!"
Sim, é exatamente o que parece, eu discutia comigo mesmo. 

-Selion, você é inteligente o suficiente para saber quem fez o quê. Eu não me atiraria desse jeito pra alguém. Parece que nem me conhece. 

"Eu sei disso!" eu tentava me fazer ser ouvido, mas não era possível falar. Minha cabeça estava uma loucura, como deve ter percebido.

-Eu não sou Selion. - respirei fundo - E eu conheço o suficiente.

-Quando você disse aquilo para mim quando mudou de forma, eu acreditei em você. Mas deve ter sido mentira, não é mesmo? Só suas emoções exageradas. - ela revirou os olhos.

As chamas azuis começaram a substituir as vermelhas. Eu não tinha muita certeza sobre isto ser bom ou ruim.
Aproximei-me de Melody e coloquei minhas mãos em seus ombros, tomando cuidado para não cortá-la com minhas garras. Elas estavam mais afiadas do que nunca agora.

-Eu não menti. Foi real, é real, continua sendo real, sempre foi real. - eu despejava coisas nunca antes pensadas por mim, sem dar tempo para qualquer reação - Selion era um inútil, ele não conseguiu ver o que estava bem na sua frente! Eu sou diferente. - as chamas azuis intensificaram-se, alternando entre brilho e cor enquanto eu falava - Eu vejo tudo. Até mesmo o que você fez. 

"Pare, eu mesmo!" eu ordenava em vão.
Eu nunca soube como controlar a mim mesmo, desde criança eu era impulsivo. Ao crescer eu estabeleci um equilíbrio, que esse dragão nomeado de Flamus estragou por completo.

-Você está cego por seus próprios pensamentos. Vê o que quer ver. E agora vai ouvir o que tem que ouvir. 

O sangue sendo bombeado em meu corpo acelerara, junto de meu metabolismo. Meu coração batia descontroladamente. Isto seria saudável? 
O rosto de Melody havia corado. Tirei as mãos de seus ombros. Eu não percebera o calor e o fogo que exalavam por entre minhas escamas.

-Selion, eu não poderia beijar o Lief. - seus olhos tornaram-se rosa.

O fogo começou a diminuir, com exceção do criado ao nosso redor, que só ganhava mais força e brilhava cada vez mais.

-Eu também amo você, Selion.

Cinco palavras foram o suficiente para substituir toda a raiva acumulada em mim por algo melhor, um sentimento alegre. Foi o suficiente para me fazer acordar do transe de "Flamus" e voltar a mim. 
Minhas escamas desapareceram lentamente, trazendo meu corpo de volta intacto, como se eu acabara de entrar no covil pela primeira vez. O único vestígio deixado foram o fogo que não se apagara e não iria apagar. Agora era possível tocar em alguém sem causar queimaduras de terceiro grau. 

-Obrigado. - eu a abracei. 

-Por quê agradecer? Eu só disse a verdade. - ela sorriu em resposta. 

-Você é a primeira a ver algo de bom em mim.

Por mais feliz que eu estivesse, aquele não era nem o momento, nem o lugar certo para isso, infelizmente. Abaixei as chamas, secando assim cada rio de lava, deixando para trás uma densa cortina de fumaça. 
Começamos a aproximar-nos dos outros quando o cubo parou de se mover completamente. Ele não havia parado por um só segundo desde que chegamos. Algo iria acontecer. 
Esta última frase foi comprovada quando Misake e Gar levantaram ao mesmo tempo, com os olhos esbugalhados de pavor. 
Lembrei-me de Scarlet, mas a mesma havia fugido durante o meu surto. Não estou me chamando de surtado, simplesmente saí um pouquinho de mim, só isso.
Deveríamos começar a tomar mais cuidado, ela não fora a primeira a desaparecer depois de derrotada.

-Ele voltou! - Misake e Gar pronunciaram ao mesmo tempo.

-Isso foi assustador. - Yousuke mirou a espada para o cubo, pronto para desafiar o que saísse dele.

Talvez ele seja um vidente. Segundos após apontar a espada, três corpos pularam de uma das aberturas do cubo "revoltado". Dois deles pularam contra a parede, usando-a como impulso para caírem precisamente no chão, já o terceiro teve um pouco de dificuldade, mas acabou caindo de pé no chão. Teria caído, para dizer a verdade, mas uma das crateras deixadas por mim acabou impedindo o pousou de dar certo.
Não foi preciso muito esforço para reconhecer Annie, Stephie e Troian.

-Nós falhamos! Não conseguimos impedir a tempo! - Annie e Stephie jogaram-se no chão, envergonhadas por sua pouca eficácia.

-Vocês não estão em seu país, não precisam se humilhar para pedir desculpas. - Kathryn tentou acalmá-las.

-IRMÃO! - Gen abraçou Gar, gritando um pouco alto demais, colocando a atenção de todos nos dois irmãos psíquicos.

-Gen? O quê faz nesse lugar? - a voz de Gar era diferente agora, estava áspera e rouca - Ah, desculpe. - ele tossiu algumas vezes - Testando. Um, dois, três... Muito melhor. - sua voz tornara-se desequilibrada, como se não soubesse moderar entre o alto e o baixo, o grave e o agudo, e divertida.

Sua voz atual parecia com um narrador de filme de comédia, alternando a voz dependendo da palavra, da frase e da situação, como se estivesse participando de algum tipo de show. 
Gen estava chorando de alegria.

-Desculpe estragar a reunião de irmãos, mas... - Ingo interrompeu os dois, lembrando-os sobre onde estávamos.

As mãos de Ingo brilharam. Quando o brilho apagou-se, havia uma bússola em sua mão, uma bússola com um único ponteiro, sem marcas ou qualquer número. Ela apontava para Misake e Aslan. 

-Inusitado. Mas deve ser só mais uma inutilidade, acontece as vezes. - Ingo jogou a bússola no meio do fogo ainda não apagado e assistiu ela derreter.

Quando derretida, ela explodiu.

-Droga, eu podia ter usado como granada. - Ingo estava mais decepcionado com a granada perdida do que com a bússola derretida.

Um "click" foi ouvido. O cubo foi totalmente quebrado, em minúsculas partes (vale lembrar que seu tamanho original era imenso). Uma cortina de poeira, misturada com a fumaça já existente, tornou nossa visão quase cega. Kathryn e Melody, com a ajuda de Adrian, criaram uma forte barreira de vento que nos permitiu enxergar novamente. Não fui o único a ficar boquiaberto com o que vira.
Havia uma pequena escada, com cerca de trinta degraus, que levava até uma porta. "O quê tem demais nisso?", você deve se perguntar. A olho nu era possível ver uma aura negra cobrindo-a. Garras de pedra marcavam as laterais, como se a segurassem para algo não escapar de dentro, sua cor era vermelho-sangue, dando a ideia de que fora pintada com sangue real, e cinco pedras flutuavam ao seu redor, formando um hexágono incompleto.
Todas as pedras que perdemos estavam lá. As pedras roubadas por Richard.
A pedra da luz se encontrava no topo, com a do vento e fogo à seu lado esquerdo e direito, respectivamente, completando com a pedra da terra oposta a do vento, e com a pedra da escuridão oposta à de luz. 

-Misake, mantenha a pedra em segurança! - Kathryn não conseguiu tirar os olhos da porta, pensando nas coisas malignas dentro dela.

-Eu sei, ela está segura bem... - ele procurou algo no bolso de seu casaco - Aqui... - continuou procurando no bolso de sua calça.

Ele engoliu em seco.

-Aslan, você esteve com ele o tempo todo, me diga que a pedra está em segurança com você! - Kathryn tentava se manter calma, mas seu pânico era visível.

-Não esquentem, ela está comigo... - ele mostrou a pedra da água em sua mão.

-Que susto! Pode passar ela pra mim agora, vou guardá-la comigo para emergências. - Kathryn estendeu a mão.

-Deixe-me terminar. - Aslan se levantou e caminhou para longe de nós - A pedra está comigo, mas não em segurança. 

-O quê quer dizer? - a face de Merith ficou pálida.

Melody já suspeitava de algo. Sigilosamente, ela pegou sua katana com as mãos atrás das costas, pronta para impedir Aslan caso movesse-se. 
Devagar, Aslan ergueu uma mão até as orelhas e as ARRANCOU fora, jogando-as no chão. Gen e Merith fecharam os olhos imediatamente.

-Não preciso de algo assim em minha mente! - Gen abraçou seu irmão.

-Eu também não! - Merith se abaixou e abraçou Gen.

-Orelhas falsas. - Lucius os avisou - Quanta criatividade.

Aslan estava mentindo quando mencionou ser um elfo, druida, seja lá o que for com orelhas pontudas. Elas eram comuns. 
Ele tirou seu machado das costas e removeu dele um emblema em forma de árvore que eu não tinha notado mais cedo. Por baixo dele, havia uma marca de caveira detalhada, com asas atrás da cabeça, como um crânio anjo, se isso fosse possível.

-Não pode ser! - Kathryn ergueu seu cajado, fazendo-o começar a faiscar.

-O símbolo usado por Aron na guerra... - os olhos de Melody se tornaram uma mistura de negro com vermelho. 

-Saudades de você, Melody. - Aslan girou seu pescoço, fazendo-o estalar - Vejo que recuperou sua visão, não é mesmo? Dessa vez eu não vou ficar brincando, prometo.

-Foi... Você? - Melody deu passos a frente, conjurando katanas extras atrás dela, todas apontando para o falso druida.

Kathryn e Melody não esperaram ninguém, foram com tudo para cima dele. Kathryn levantou o chão atrás dele, impedindo-o de fugir, enquanto Melody corria atirando suas katanas contra ele, fazendo aparecer uma nova para cada gasta.
Com um simples movimento de sua mão direita, com a posse da pedra, uma bolha prendeu todas as espadas, jogando-as de volta logo depois.

-É inútil. E agora, trarei de volta o meu senhor, Aron. - Aslan cortou a pedra levantada por Kathryn com seu machado e correu até a porta, subindo os degraus com um único salto.

Gen e Gar trocaram olhares rápidos e fecharam os olhos. O corpo de Aslan foi parado por um momento, como se tivesse sido petrificado. Aproveitando a situação, Annie e Stephie jogaram estrelas ninjas - shuriken - em Aslan. Uma onda de água levantou do chão, onde meus canais de lava quente haviam sido criados, interceptando assim os projéteis ninja e levando para longe os psíquicos, quebrando o transe de Aslan.

-Não podem contra mim, eu sou o segundo em comando após Aron. Aturei todos vocês por tanto tempo, mas valeu a pena. Agora sei suas fraquezas e Aron sabe as de Selion e Melody, os únicos que poderiam nos atrapalhar. Obrigado, Gar. - Aslan levantou a pedra e a colocou no seu lugar do hexágono flutuante. 

Agora todas estavam reunidas e na posse da Grand Destruction. 
Um trovão foi ouvido, vindo de fora do covil. As pedras começaram a reagir umas as outras, girando em volta de si mesmas, criando uma esfera de luz colorida no meio delas. 

-Desperte, Mestre! - Aslan se abaixou, reverenciando a porta.

-Não use Flamus a não ser que seja necessário, está me ouvindo? - Melody mordeu o lábio.

Assenti em resposta.
Sem som algum ser emitido, a porta sombria começou a abrir lentamente. Sombras começaram a sair de dentro dela, como se o mal encarnado estivesse lá dentro.
E em poucos segundos, ele estaria aqui fora.

-Agora as coisas vão ficar interessantes. - Lucius tinha agora uma foice em mãos - Quero ver você de novo, velho "amigo".

As chamas azuis cresceram em volta de minhas mãos, motivando-me para lutar.
Magna e Polar colocaram suas mãos - se é que aquelas coisas sem dedos podiam ser chamadas de mãos - em cima de meus ombros, um de cada lado.

-Não se preocupe, estaremos com você. - Polar tentou me acalmar.

Eu deveria me sentir pronto para a batalha, mas não era bem assim, pois eu sabia quem estava atrás daquela porta. O maior inimigo já visto pelo Grand Elementra. E agora, que está em posse das pedras, eu sabia que não poderíamos derrotá-lo. 
Com tamanho poder que tem, fica cantando derrota...
É por esse motivo que eu acho você patético, Selion Gran Lux.

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