3. O ser magnético da ilha de Subna!
-AAAAAAAAA! – eu gritava
por diversão enquanto caia no buraco, aparentemente, sem fundo.
-Quanto eco... – Polar
dizia sem ânimo enquanto caia.
Ele realmente não queria
estar ali. Mas isso vai mudar, com certeza.
Eu posso conhecê-lo a
pouco tempo. Mas se ele é meu mascote, vai ter que ser aventureiro e ativo.
-Olhe! Uma luz! – alertei
meu amigo Polar, enquanto apontava para baixo.
-Uau... Uma luz... Que
incrível... – Polar falou com sarcasmo.
-Pode parar com isso por
fav... – tentei falar, mas eu cai de cara no chão antes de terminar a frase.
-Esqueceu como suas asas
funcionam? – Polar riu.
Nem liguei pra piada dele
e olhei ao redor. Estávamos em uma pequena caverna, cheia de rochas e de
pedrinhas azuis brilhantes. Havia um rio que passava pela caverna, e seguia a
escuridão.
-ECO! – gritei pela
caverna.
A minha voz ecoou por
toda a caverna, fazendo um grande som.
-Legal... – murmurei.
Polar encarava as
pedrinhas azuis.
-Olá? – chamei sua
atenção.
-Me pergunto... O quê
isto faz aqui? – ele falava com os olhos fixados na pedra.
Eu não entendia o quê ele
queria dizer. Talvez aquela pedra não fosse típica da região... Ou coisa assim,
depois de tu que vi até agora, não duvido de nada.
Então, me virei para o
Polar, para sugerir seguirmos o caminho de pedras brilhantes, e vi ele se
abaixar e comer a pedra.
-POLAR! O QUÊ ESTÁ
FAZENDO?! – questionei.
-Comendo. Na verdade,
provando. E eu estava certo, isso são minérios de fluorita. Uma pedra que serve
para estabilizar o campo magnético. Cientistas usam em inventos, mas o meu povo
usa como alimento. – ele explicou.
Eu parei de ouvir quando
notei que ele disse “minério de fluorita”. Eu já tinha visto aquilo em algum
lugar...
-Isso não me é
estranho... – sussurrei para mim mesmo.
-Se eu estiver correto,
devemos segui-las. – Polar comentou e começou a flutuar pela trilha de pedras
azuis brilhantes.
Peguei uma e a guardei em
minha mochila.
“Vai que é útil...”
pensei e então segui Polar.
-Você come umas coisas
bem estranhas...
-Olha quem fala. – Polar
revidou. – Para mim, aquele seu “doritos” que é uma comida estranha. Não tem
aparência de nada que venha de vocês humanos, e têm um gosto artificial de mais
para mim.
-Olha, depois nós vemos o
seu ódio por Doritos. Agora nós estamos em uma missão. – expliquei.
Polar não disse nada e
continuou a flutuar, até que percebemos que a trilha de pedras havia acabado.
-E agora? – perguntei.
-Agora nós continuamos. –
ele respondeu.
-Nesse escuro? E se tiver
armadilhas? E se acabar em uma cachoeira? – perguntei, inseguro.
-Não era você que disse
para seguir em frente sem medo? – Polar riu.
-Eu não cheguei a usar
essas palavras... Mas eu acho que... – respondi enquanto pensava.
Decidi desistir de lutar
contra ele, e segui-lo.
“O quê poderia acontecer
de ruim?”
Essa pergunta ficou em
minha mente. Toda vez que uma pessoa, não importa o quão sortuda seja, faz essa
pergunta. O lugar pega fogo, zumbis criam vida, um meteoro cai... A vida se
volta contra a pessoa.
FATO.
-Eu sei bem o quê têm
aqui. – Polar tossiu.
Notei que, logo a frente,
havia duas lâmpadas acesas, apontadas para uma porta entre elas.
-Não disse? – Polar se
gabou.
-Você só acertou o
palpite. Grande coisa.
Corri até a porta com
cuidado para não acabar tropeçando em nada no meio do escuro. E então parei a
frente dela, e esperei Polar se aproximar.
A porta parecia ser feita
de um material muito forte. Ela não tinha maçaneta nem nada do gênero para
abri-la. Mas tinha um equipamento estranho logo ao lado, com teclas e uma
pequena tela.
Tateei a porta, vendo se
era resistente.
Ela era novinha em folha. Totalmente
segura e resistente.
-Parece quê não faz muito
que alguém passou por aqui...
Polar não disse nada. Se
aproximou da porta e começou a teclar os botões.
-Eu sei onde estamos. Sei
quem está aqui. Sei muito bem. – Polar sussurrava para si mesmo.
Tentei perguntar do quê
se tratava. Mas ele continuou lá, mexendo nos botões, sem desgrudar os olhos da
pequena tela.
E então, Polar fez uma
expressão alegre, e a porta se abriu, fazendo um barulho de algo vazando.
-Consegui. –
glorificou-se Polar.
-Olha só, alguém ficou
animado. – ri, ignorando as perguntas que iria fazer.
Esperei a porta abrir por
inteira e entrei nela. Eu só via a escuridão.
-Polar, poderia dar uma
luz? – pedi.
Ele fez uma bola de
energia com as mãos, e a lançou no ar. Ela subiu até uma boa altura, e lá
ficou. Era incrível como o brilho dela era o suficiente para clarear todo o
local.
Agora, com luz, pude ver
aonde estava.
Em um laboratório.
Um imenso laboratório,
cheio de tralhas, equipamentos científicos, computadores, mesas, projetos,
objetos estranhos... Realmente havia muita coisa lá. Vi que Polar parecia
empolgado.
-Eu estava certo... –
Polar disse animado.
-Sobre o quê? –
perguntei.
-Anh... Nada... – ele
desviou o assunto. – Vamos achar a pedra.
Ele estava escondendo
algo. Com toda a certeza.
Desconfiado, comecei a
procurar pela pedra. Se não estivesse ali, eu não sei onde iria procurar. Não
tem lugar mais suspeito!
Comecei a procurar no
meio das invenções e máquinas. Tinha um aparelho, que quando toquei, congelou
minha mão. Ter poder sobre o fogo ajuda nessas horas.
Eu e Polar vasculhamos
por todo o laboratório, por todas as máquinas e artefatos. Só achávamos fios,
mais aparelhos e ferramentas.
-Desisto! – suspirei.
Dei uma última olhada
rápida pela enorme sala, e então sentei em uma cadeira.
-A pedra não está aqui.
-Não era você que estava
todo confiante? – Polar perguntou. – Já vai desistir?
Eu iria responder, mas
levei um enorme choque. Levantei rápido da cadeira e percebi que havia um aviso
em cima dela.
“Cadeira elétrica 9000.
Não sentar.”
-Só agora que você avisa
cadeira?!
Fui até Polar.
-Não vai contar quem você
acha que mora aqui? – murmurei pessimista.
Ele olhava assustado para
a porta. Segui seu olhar. Havia um ser, idêntico a Polar, mas com longas
antenas em cima de sua cabeça, olhando para nós.
-MAGNA! – Polar gritou
furioso e então avançou para cima dela.
Os dois começaram a
brigar, soltar raios um no outro, bolas de fogo, cacos de gelo... Eu olhava
assustado e me perguntava “O quê é que está acontecendo?”.
-Ahn... Amiga sua? –
perguntei sem jeito.
Eles continuaram brigando
e nem prestaram atenção em mim.
...
-Vai demorar pra isso
acabar? – eu perguntava múltiplas vezes.
Polar e sua “amiga”
estavam a uma hora brigando. E consequentemente, me deixando sozinho.
-JÁ CHEGA! – gritei sem
paciência.
Me levantei do chão e fui
separar a briga.
Digamos que... Eles não
aceitaram muito bem.
Em outras palavras, me
acertaram com um raio e eu fui mandado contra a parede.
-Como meu pai sempre
dizia... Briga de marido e mulher, não se mete a colher. – suspirei.
Os dois pararam de brigar
por um momento, e me acertaram com uma bola de fogo.
-HÁ! DRAGÕES NÃO SÃO
AFETADOS POR FOGO! – ri com um ar superior.
Então eles me acertaram
com um raio de gelo.
-Eu meio que pedi por
essa... – falei deprimido.
Meu corpo todo ficou
preso em um cubo de gelo.
E então, Polar e Magna
(esse é o nome, não?) voltaram a brigar.
Eu desisti de tentar
acalmá-los, e esperei. Esperei e esperei.
Até que vi uma silhueta
passar pela porta aberta do laboratório.
Era Melody!
-O quê ta acontecendo
aqui? – ela perguntou confusa.
-Oi. Eu estou numa fria.
– cumprimentei com uma piada sem graça.
-Percebe-se. Quem é que
ta ali com o Polar? – ela perguntou, tentando perceber quem era.
-Eu não sei! Me tira
desse gelo! Por favor! – pedi.
-Não to afim. – ela riu.
-POR FAVOR! Já é a
segunda vez que eu fico preso numa pedra poxa... – reclamei.
Ela foi até mim, com a
mão pegando fogo.
-Grita se eu acertar sua
pele.
Ela começou a passar a
mão pelo fogo, derretendo-o numa velocidade mediana.
Depois de alguns minutos,
eu já estava descongelado.
Com frio, tremendo e
molhado, mas descongelado.
-O-obrigado. – gaguejei.
-De nada. Agora me
explica o quê houve.
-Bem, caímos de propósito
nesse buraco, seguimos a trilha de pedras azuis, Polar abriu a porta,
procuramos a pedra, não achamos a pedra, esse ser chegou aqui, acho que o nome
é Magna, daí o Polar puxou briga, e até agora não pararam. – resumi.
-E porque você estava
congelado? – Melody perguntou.
-Por que eu tentei parar
a briga...
Melody riu.
-Deixa que eu cuido
disso.
Ela foi até Polar e Magna
e então começou a perguntar o quê eles estavam fazendo, e por quê estavam
fazendo.
Eles atiraram bolas de
fogo nela.
Ela refletiu o fogo,
jogando-o contra a parede, e então prendeu os dois em um tipo de escudo de
força, onde não havia espaço para brigar.
-Nossa... Parabéns! –
exclamei.
-Obrigada. – ela
agradeceu.
Ela se virou para Polar e
Magna, e perguntou de novo o quê estava acontecendo. A essa altura, eles já
estavam mais fracos.
-Essa... “Coisa” está
viva! – Polar resmungou.
-E esse traidor não está
morto, como deveria. – Magna devolveu.
Melody olhou Polar, e
depois passou o olhar para Magna, e então declarou:
-É uma briga de casais.
Polar e Magna gritaram
furiosos e começaram a reclamar. Eu ri. O quê mais podia fazer?
-Ok, ok. Agora podem ir
se explicando. O quê ta rolando entre vocês, “casal feliz”? – perguntei ainda
rindo.
-É uma longa história. –
Polar rosnou.
-Nada que você
entenderia. – Magna completou.
-Vocês terminam a fala um
do outro, e depois não querem que achemos que são um casal? – Melody riu.
Eles resmungaram
novamente, e então tentaram se livrar do escudo de força. Porém, estavam
cansados de mais para isso.
Melody flutuou até uma
cadeira próxima e se sentou.
-Podemos ficar o dia todo
aqui se preferirem.
Polar e Magna se
entreolharam, irritados um com o outro. E então Polar suspirou.
-Está bem, eu conto o quê
houve. – reclamou.
-FINALMENTE! – declarei
alegre.
Polar me lançou um olhar
frio de repreensão.
Como se eu fosse ligar
pra isso, minha curiosidade, no momento, estava maior que minha culpa. Me
sentei no chão próximo a Polar e me preparei para ouvir a história.
-Eu e ela éramos...
“amigos” até que um dia eu bati um carro nela, sem querer, e ela acha que eu a
traí, sendo que foi um acidente. Fim. – Polar contou com uma expressão fria em
seu rosto.
Eu e Melody o encaramos
horrorizados.
-VOCÊ ATROPELOU ELA?! –
gritamos horrorizados.
-Não. Eu... Ahn... É,
acho que sim. Mas foi só porque ela estava me traindo com um qualquer. – Polar
explicou.
-ERA MEU PRIMO! – Magna
gritou.
-ENTÃO POR QUE ELE ESTAVA
TE BEIJANDO?! – Polar gritou mais alto, irritado.
-Uh... Bem... Tenho uma
família estranha? – ela riu nervosa.
Eu já estava entendo o
que estava acontecendo. Será que Melody também?
Ela olhava fixamente para
Polar e Magna. Como se tentasse decifrar alguma coisa.
Me levantei, fui até ela,
e a cutuquei. Ela se deixou cair no chão frio.
-É... Eu não sou boa com
problemas de casais. Vamos pedir ajuda pra Kath. – ela disse, atirada no chão.
-A bravinha? Não, vamos
resolver nós mesmos.
Encarei Polar e Magna, e
então lembrei de uma coisa.
-Porque a gente precisa
resolver os problemas deles mesmo?
-Uh... Sei lá. Boa idéia
Selion. Ok, vocês que se virem Polar e Magna. – Melody falou.
-Vai nos deixar presos
aqui? – Magna murmurou.
-Até se resolverem.
Enquanto isso... – Melody olhou ao redor, e pegou uma máquina que lembra uma
arma. – Vamos testar isso aqui. Vamos Selion!
Nós dois corremos para
fora, e deixamos Polar e Magna sozinhos para conversarem.
Notei que a caverna
estava toda iluminada. Não só pelas pedras no chão, mas também por vagalumes.
Milhares deles.
Agora podia ver a caverna
inteira. Ela era linda. Era bem grande e espaçosa, havia um monte de trilhas
iluminadas por pedras, e o rio cruzava por quase todos os lados, e então sumia
ao longe.
Melody mirou a arma, e
atirou. Um raio de luz varreu toda a escuridão por onde percorreu, e
desapareceu ao tocar na parede da caverna.
-UAU! – exclamei animado.
– Quero tentar.
-Não tão rápido. – Melody
sussurrou.
Ela apontou para o vazio,
e então notei que, algo ou alguém estava aparecendo, no local onde a água
sumia. O quê seria?
-Problemas... – Melody
indagou.
O ser começou a andar
numa velocidade muito lenta até a nossa direção. Eu e Melody corremos até o
laboratório e trancamos a porta.
-E então... Você foi
atropelada... Não foi minha intenção... Sério. – Polar se desculpava.
-Owwnn... – Magna
murmurou feliz. – Eu te perdôo.
-Sinto por interromper o
momento meigo de vocês mas... TÊM ALGUÉM OU ALGO VINDO!
Melody libertou os dois.
-Calma, não deve ser um
inimigo. Nunca ninguém me ameaçou. – Magna acalmou a todos.
Um terremoto derrubou a
mim e a Melody, mas deixou intacto Polar e Magna, que flutuavam.
-Até agora. – Magna
completou.
Encaramos Magna
irritados.
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