quinta-feira, 29 de agosto de 2013

As Pedras de Elementra - Parte 2. Capítulo 3.


3. O ser magnético da ilha de Subna!


-AAAAAAAAA! – eu gritava por diversão enquanto caia no buraco, aparentemente, sem fundo.

-Quanto eco... – Polar dizia sem ânimo enquanto caia.

Ele realmente não queria estar ali. Mas isso vai mudar, com certeza.
Eu posso conhecê-lo a pouco tempo. Mas se ele é meu mascote, vai ter que ser aventureiro e ativo.

-Olhe! Uma luz! – alertei meu amigo Polar, enquanto apontava para baixo.

-Uau... Uma luz... Que incrível... – Polar falou com sarcasmo.

-Pode parar com isso por fav... – tentei falar, mas eu cai de cara no chão antes de terminar a frase.

-Esqueceu como suas asas funcionam? – Polar riu.

Nem liguei pra piada dele e olhei ao redor. Estávamos em uma pequena caverna, cheia de rochas e de pedrinhas azuis brilhantes. Havia um rio que passava pela caverna, e seguia a escuridão.

-ECO! – gritei pela caverna.

A minha voz ecoou por toda a caverna, fazendo um grande som.

-Legal... – murmurei.

Polar encarava as pedrinhas azuis.

-Olá? – chamei sua atenção.

-Me pergunto... O quê isto faz aqui? – ele falava com os olhos fixados na pedra.

Eu não entendia o quê ele queria dizer. Talvez aquela pedra não fosse típica da região... Ou coisa assim, depois de tu que vi até agora, não duvido de nada.
Então, me virei para o Polar, para sugerir seguirmos o caminho de pedras brilhantes, e vi ele se abaixar e comer a pedra.

-POLAR! O QUÊ ESTÁ FAZENDO?! – questionei.

-Comendo. Na verdade, provando. E eu estava certo, isso são minérios de fluorita. Uma pedra que serve para estabilizar o campo magnético. Cientistas usam em inventos, mas o meu povo usa como alimento. – ele explicou.

Eu parei de ouvir quando notei que ele disse “minério de fluorita”. Eu já tinha visto aquilo em algum lugar...

-Isso não me é estranho... – sussurrei para mim mesmo.

-Se eu estiver correto, devemos segui-las. – Polar comentou e começou a flutuar pela trilha de pedras azuis brilhantes.

Peguei uma e a guardei em minha mochila.
“Vai que é útil...” pensei e então segui Polar.

-Você come umas coisas bem estranhas...

-Olha quem fala. – Polar revidou. – Para mim, aquele seu “doritos” que é uma comida estranha. Não tem aparência de nada que venha de vocês humanos, e têm um gosto artificial de mais para mim.

-Olha, depois nós vemos o seu ódio por Doritos. Agora nós estamos em uma missão. – expliquei.

Polar não disse nada e continuou a flutuar, até que percebemos que a trilha de pedras havia acabado.

-E agora? – perguntei.

-Agora nós continuamos. – ele respondeu.

-Nesse escuro? E se tiver armadilhas? E se acabar em uma cachoeira? – perguntei, inseguro.

-Não era você que disse para seguir em frente sem medo? – Polar riu.

-Eu não cheguei a usar essas palavras... Mas eu acho que... – respondi enquanto pensava.


Decidi desistir de lutar contra ele, e segui-lo.
“O quê poderia acontecer de ruim?”
Essa pergunta ficou em minha mente. Toda vez que uma pessoa, não importa o quão sortuda seja, faz essa pergunta. O lugar pega fogo, zumbis criam vida, um meteoro cai... A vida se volta contra a pessoa.
FATO.

-Eu sei bem o quê têm aqui. – Polar tossiu.

Notei que, logo a frente, havia duas lâmpadas acesas, apontadas para uma porta entre elas.

-Não disse? – Polar se gabou.

-Você só acertou o palpite. Grande coisa.

Corri até a porta com cuidado para não acabar tropeçando em nada no meio do escuro. E então parei a frente dela, e esperei Polar se aproximar.
A porta parecia ser feita de um material muito forte. Ela não tinha maçaneta nem nada do gênero para abri-la. Mas tinha um equipamento estranho logo ao lado, com teclas e uma pequena tela.
Tateei a porta, vendo se era resistente.
Ela era novinha em folha. Totalmente segura e resistente.

-Parece quê não faz muito que alguém passou por aqui...

Polar não disse nada. Se aproximou da porta e começou a teclar os botões.

-Eu sei onde estamos. Sei quem está aqui. Sei muito bem. – Polar sussurrava para si mesmo.

Tentei perguntar do quê se tratava. Mas ele continuou lá, mexendo nos botões, sem desgrudar os olhos da pequena tela.
E então, Polar fez uma expressão alegre, e a porta se abriu, fazendo um barulho de algo vazando.

-Consegui. – glorificou-se Polar.

-Olha só, alguém ficou animado. – ri, ignorando as perguntas que iria fazer.

Esperei a porta abrir por inteira e entrei nela. Eu só via a escuridão.

-Polar, poderia dar uma luz? – pedi.

Ele fez uma bola de energia com as mãos, e a lançou no ar. Ela subiu até uma boa altura, e lá ficou. Era incrível como o brilho dela era o suficiente para clarear todo o local.
Agora, com luz, pude ver aonde estava.
Em um laboratório.
Um imenso laboratório, cheio de tralhas, equipamentos científicos, computadores, mesas, projetos, objetos estranhos... Realmente havia muita coisa lá. Vi que Polar parecia empolgado.

-Eu estava certo... – Polar disse animado.


-Sobre o quê? – perguntei.

-Anh... Nada... – ele desviou o assunto. – Vamos achar a pedra.

Ele estava escondendo algo. Com toda a certeza.
Desconfiado, comecei a procurar pela pedra. Se não estivesse ali, eu não sei onde iria procurar. Não tem lugar mais suspeito!
Comecei a procurar no meio das invenções e máquinas. Tinha um aparelho, que quando toquei, congelou minha mão. Ter poder sobre o fogo ajuda nessas horas.
Eu e Polar vasculhamos por todo o laboratório, por todas as máquinas e artefatos. Só achávamos fios, mais aparelhos e ferramentas.

-Desisto! – suspirei.

Dei uma última olhada rápida pela enorme sala, e então sentei em uma cadeira.

-A pedra não está aqui.

-Não era você que estava todo confiante? – Polar perguntou. – Já vai desistir?

Eu iria responder, mas levei um enorme choque. Levantei rápido da cadeira e percebi que havia um aviso em cima dela.
“Cadeira elétrica 9000. Não sentar.”

-Só agora que você avisa cadeira?!

Fui até Polar.

-Não vai contar quem você acha que mora aqui? – murmurei pessimista.

Ele olhava assustado para a porta. Segui seu olhar. Havia um ser, idêntico a Polar, mas com longas antenas em cima de sua cabeça, olhando para nós.

-MAGNA! – Polar gritou furioso e então avançou para cima dela.

Os dois começaram a brigar, soltar raios um no outro, bolas de fogo, cacos de gelo... Eu olhava assustado e me perguntava “O quê é que está acontecendo?”.

-Ahn... Amiga sua? – perguntei sem jeito.

Eles continuaram brigando e nem prestaram atenção em mim.

...

-Vai demorar pra isso acabar? – eu perguntava múltiplas vezes.

Polar e sua “amiga” estavam a uma hora brigando. E consequentemente, me deixando sozinho.

-JÁ CHEGA! – gritei sem paciência.

Me levantei do chão e fui separar a briga.
Digamos que... Eles não aceitaram muito bem.
Em outras palavras, me acertaram com um raio e eu fui mandado contra a parede.

-Como meu pai sempre dizia... Briga de marido e mulher, não se mete a colher. – suspirei.

Os dois pararam de brigar por um momento, e me acertaram com uma bola de fogo.

-HÁ! DRAGÕES NÃO SÃO AFETADOS POR FOGO! – ri com um ar superior.

Então eles me acertaram com um raio de gelo.

-Eu meio que pedi por essa... – falei deprimido.

Meu corpo todo ficou preso em um cubo de gelo.
E então, Polar e Magna (esse é o nome, não?) voltaram a brigar.
Eu desisti de tentar acalmá-los, e esperei. Esperei e esperei.
Até que vi uma silhueta passar pela porta aberta do laboratório.
Era Melody!

-O quê ta acontecendo aqui? – ela perguntou confusa.

-Oi. Eu estou numa fria. – cumprimentei com uma piada sem graça.

-Percebe-se. Quem é que ta ali com o Polar? – ela perguntou, tentando perceber quem era.

-Eu não sei! Me tira desse gelo! Por favor! – pedi.

-Não to afim. – ela riu.

-POR FAVOR! Já é a segunda vez que eu fico preso numa pedra poxa... – reclamei.

Ela foi até mim, com a mão pegando fogo.

-Grita se eu acertar sua pele.

Ela começou a passar a mão pelo fogo, derretendo-o numa velocidade mediana.
Depois de alguns minutos, eu já estava descongelado.
Com frio, tremendo e molhado, mas descongelado.

-O-obrigado. – gaguejei.

-De nada. Agora me explica o quê houve.

-Bem, caímos de propósito nesse buraco, seguimos a trilha de pedras azuis, Polar abriu a porta, procuramos a pedra, não achamos a pedra, esse ser chegou aqui, acho que o nome é Magna, daí o Polar puxou briga, e até agora não pararam. – resumi.

-E porque você estava congelado? – Melody perguntou.

-Por que eu tentei parar a briga...

Melody riu.

-Deixa que eu cuido disso.

Ela foi até Polar e Magna e então começou a perguntar o quê eles estavam fazendo, e por quê estavam fazendo.
Eles atiraram bolas de fogo nela.
Ela refletiu o fogo, jogando-o contra a parede, e então prendeu os dois em um tipo de escudo de força, onde não havia espaço para brigar.

-Nossa... Parabéns! – exclamei.

-Obrigada. – ela agradeceu.

Ela se virou para Polar e Magna, e perguntou de novo o quê estava acontecendo. A essa altura, eles já estavam mais fracos.

-Essa... “Coisa” está viva! – Polar resmungou.

-E esse traidor não está morto, como deveria. – Magna devolveu.

Melody olhou Polar, e depois passou o olhar para Magna, e então declarou:

-É uma briga de casais.

Polar e Magna gritaram furiosos e começaram a reclamar. Eu ri. O quê mais podia fazer?

-Ok, ok. Agora podem ir se explicando. O quê ta rolando entre vocês, “casal feliz”? – perguntei ainda rindo.

-É uma longa história. – Polar rosnou.

-Nada que você entenderia. – Magna completou.

-Vocês terminam a fala um do outro, e depois não querem que achemos que são um casal? – Melody riu.

Eles resmungaram novamente, e então tentaram se livrar do escudo de força. Porém, estavam cansados de mais para isso.
Melody flutuou até uma cadeira próxima e se sentou.

-Podemos ficar o dia todo aqui se preferirem.
Polar e Magna se entreolharam, irritados um com o outro. E então Polar suspirou.

-Está bem, eu conto o quê houve. – reclamou.

-FINALMENTE! – declarei alegre.

Polar me lançou um olhar frio de repreensão.
Como se eu fosse ligar pra isso, minha curiosidade, no momento, estava maior que minha culpa. Me sentei no chão próximo a Polar e me preparei para ouvir a história.

-Eu e ela éramos... “amigos” até que um dia eu bati um carro nela, sem querer, e ela acha que eu a traí, sendo que foi um acidente. Fim. – Polar contou com uma expressão fria em seu rosto.

Eu e Melody o encaramos horrorizados.

-VOCÊ ATROPELOU ELA?! – gritamos horrorizados.

-Não. Eu... Ahn... É, acho que sim. Mas foi só porque ela estava me traindo com um qualquer. – Polar explicou.

-ERA MEU PRIMO! – Magna gritou.

-ENTÃO POR QUE ELE ESTAVA TE BEIJANDO?! – Polar gritou mais alto, irritado.

-Uh... Bem... Tenho uma família estranha? – ela riu nervosa.

Eu já estava entendo o que estava acontecendo. Será que Melody também?
Ela olhava fixamente para Polar e Magna. Como se tentasse decifrar alguma coisa.
Me levantei, fui até ela, e a cutuquei. Ela se deixou cair no chão frio.

-É... Eu não sou boa com problemas de casais. Vamos pedir ajuda pra Kath. – ela disse, atirada no chão.

-A bravinha? Não, vamos resolver nós mesmos.
Encarei Polar e Magna, e então lembrei de uma coisa.

-Porque a gente precisa resolver os problemas deles mesmo?

-Uh... Sei lá. Boa idéia Selion. Ok, vocês que se virem Polar e Magna. – Melody falou.

-Vai nos deixar presos aqui? – Magna murmurou.

-Até se resolverem. Enquanto isso... – Melody olhou ao redor, e pegou uma máquina que lembra uma arma. – Vamos testar isso aqui. Vamos Selion!

Nós dois corremos para fora, e deixamos Polar e Magna sozinhos para conversarem.
Notei que a caverna estava toda iluminada. Não só pelas pedras no chão, mas também por vagalumes. Milhares deles.
Agora podia ver a caverna inteira. Ela era linda. Era bem grande e espaçosa, havia um monte de trilhas iluminadas por pedras, e o rio cruzava por quase todos os lados, e então sumia ao longe.
Melody mirou a arma, e atirou. Um raio de luz varreu toda a escuridão por onde percorreu, e desapareceu ao tocar na parede da caverna.

-UAU! – exclamei animado. – Quero tentar.

-Não tão rápido. – Melody sussurrou.

Ela apontou para o vazio, e então notei que, algo ou alguém estava aparecendo, no local onde a água sumia. O quê seria?

-Problemas... – Melody indagou.

O ser começou a andar numa velocidade muito lenta até a nossa direção. Eu e Melody corremos até o laboratório e trancamos a porta.

-E então... Você foi atropelada... Não foi minha intenção... Sério. – Polar se desculpava.

-Owwnn... – Magna murmurou feliz. – Eu te perdôo.

-Sinto por interromper o momento meigo de vocês mas... TÊM ALGUÉM OU ALGO VINDO!

Melody libertou os dois.

-Calma, não deve ser um inimigo. Nunca ninguém me ameaçou. – Magna acalmou a todos.

Um terremoto derrubou a mim e a Melody, mas deixou intacto Polar e Magna, que flutuavam.

-Até agora. – Magna completou.

Encaramos Magna irritados.

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