sábado, 31 de maio de 2014

As Pedras de Elementra. Parte 2. Capítulo 11.



11. Se inicia o desespero.



Abri a porta rapidamente e me arrastei até a cadeira mais próxima. Sentei nela e deitei minha cabeça na mesa da cozinha. Lá fora, o sol ainda raiava, mas eu estava quase morrendo de cansaço.

-Eu estou cansado... Envenenado... Cheio dos problemas... – reclamei comigo mesmo.

Melody entrou logo atrás de mim.

-Mas valeu a pena. – eu sorri, exausto.

-Você está bem, Selion? – Melody perguntou se aproximando.

Fiz que sim com a cabeça.
Eu estava bem afinal, só cansado, envenenado, com fome, sede, dores corporais e mentais, um pouco de culpa pelo caso da Blanorcana, mas fora isso, eu estava muito bem, melhor do que nunca.

-Você não me parece bem... Você está exausto... – ela bocejou.

Ela também estava cansada. Mas eu sofri mais, sem dúvidas.
Duas garrafas de água saíram de dentro da geladeira e foram até as mãos de Melody.

-Quer? – ela ofereceu.

-Obrigado. – peguei a garrafa.

Eu bebi todo o conteúdo dela rapidamente. Eu precisava MESMO daquilo. Kathryn apareceu silenciosamente.

-MELODY! – ela abraçou Melody feliz.

Melody correspondeu a alegria.

-Nunca mais suma desse jeito! – Kathryn brigou. – Me desculpe por não ter ido atrás de você... Aconteceram alguns contra-tempos...

-Tudo bem. Selion me ajudou. – ela respondeu alegre.

Misake e Sakura apareceram.

-Selion... O QUÊ VOCÊ ESTAVA PENSANDO?! SAIR SOZINHO DESSE JEITO?! EU QUERIA IR TAMBÉM! – Sakura implicou.

-Foi mal... Não tinha tempo para isso, e foi melhor você ter ficado aqui mesmo. O inimigo que enfrentamos era... Esquisito... Estranho... Anormal... – tentei achar o adjetivo certo.

-Bizarro. – Melody ajudou a achar a palavra.

-Isso mesmo! Essa era a palavra! – comemorei. – Ele era bizarro!

-Parece que certas pessoas estão interligadaaaaas... – Adrian apareceu cantarolando de uma maneira irritante. - Daqui a pouco vão começar a falar ao mesmo tempo.

-Calado, Adrian. – eu e Melody reclamamos.

Adrian nos encarou com um olhar malicioso. Soprei brasas fracas na cara dele, e ele começou a tossir passando a mão na cara para se livrar do fogo.

-Bom, vocês chegaram a tempo, porque logo sairemos atrás das pedras... – Kathryn notificou.

-“As pedras”? – Melody estranhou. – Mas só faltava a da água, não é? Vocês não conseguiram pegá-la?

-Conseguimos... Mas como eu disse, surgiram complicações... Richard fugiu com todas as outras cinco pedras... – Kathryn explicou olhando para o chão, como se estivesse se segurando para não sair batendo em algo.
Misake abriu um mapa na mesa onde eu estava. Levantei a cabeça e o observei. Ele parecia ser antigo, estava amarelo e tinha alguns rasgos nas laterais. O mapa mostrava um caminho e no fim dele, havia uma espécie de mansão retangular, como um prédio, todo destruído.

-Que mapa é esse? – perguntei.

-Nosso destino. – ele explicou. – É esse o caminho que seguiremos para chegar até o grande centro da destruição. A real Grand Destruction. Richard deve estar lá.

-Esse mapa foi feito por um antigo membro do nosso clã. Não sabemos exatamente quem, mas ele começou com o Grand Elementra. – Kathryn completou. – O mapa não é atual, mas pensamos que talvez ainda possa ser usado... É nossa única pista de como encontrar Aron.

Melody pareceu se sentir perturbada ao ouvir esse nome. Ela passou a mão pelo braço com cuidado, com uma expressão preocupada.

-Melannie também está lá... – Misake lembrou.

Sakura sumiu pelo corredor. Ela foi até uma porta, a abriu e passou por ela, fechando-a. Logo depois a porta se abriu de novo, e ela saiu com uma maleta branca.

-Selion, você ainda está sob o efeito do veneno, não é? – Sakura se aproximou.

Respondi que sim. Então Sakura se aproximou e tirou uma seringa com um líquido verde dentro.

-Agora fique parado para levar o antídoto! – ela aproximou a agulha do meu braço.

-OPA, OPA, OPA! NÃO COLOQUE ESSE TROÇO PERTO DE MIM! – me afastei.

Todos os outros se entreolharam, exceto Melody que estava praticamente dormindo em pé de tão exausta.
Um sorriso ameaçador brotou nos rostos de todo mundo.

-P-pessoal? – chamei.

Sakura se aproximou com a agulha.

-Eu não me dou bem com agulhas... Tire isso de perto de mim! – avisei.

Meus pequenos pufis pulavam ao meu redor.

-Posso... Sair por favor? – pedi para eles.

Eles não me deixavam sair do lugar.
Eu já entendi o que estava acontecendo, me encurralaram para furar meu braço, que gente solidária.
Fios luminosos apareceram e me amarraram para que eu não me mexesse. Os olhos de Kathryn estavam brilhando, enquanto ela murmurava palavras estranhas para si.

-Não ousem fazer isso! – tentei me soltar.

-Pare de ser criança e aguente. – Misake esboçava um sorriso maldoso.

-Vocês não fariam isso... – tentei me libertar.

A agulha se aproximava cada vez mais de mim. É, eu tenho um certo medo de injeções, algum problema?!
Tentei me libertar de novo. Eu estava tenso, e comecei a ficar desesperado.
E então, Sakura abriu um sorriso diabólico e furou minha pele com a agulha.

-ARG! EU ODEIO TODOS VOCÊS! – gritei com raiva.

                                                      ...

Abri meus olhos devagar. Parecia que eu não dormia há uma semana! Sentei na cama e olhei a janela. Os raios do sol atravessavam a janela e iluminava todo o quarto. No relógio, marcavam 10 horas da manhã.
Me levantei as pressas, me vesti e corri para a cozinha. Kathryn estava tomando uma xícara do que parecia ser um chá, enquanto Sakura cozinhava algo.

-Bom dia... – murmurei com um pouco de preguiça.

-Bom dia. – Kathryn colocou a xícara na mesa. – Você dormiu praticamente um dia inteiro, parabéns.

-É... Eu estava com muito sono... – me espreguicei.

Olhei para o relógio acima da geladeira, ele marcava 10 horas em ponto, e o ponteiro de segundos não se mexia. Talvez estivesse sem bateria...
Notei que as cores das coisas ao redor estavam mais nítidas e vibrantes. A parede, que costumava ser branca, estava cor laranja, um laranja vibrante e incandescente. O mesmo se repetia com os demais objetos.

-Selion, porque já esta com a cabeça quente logo de manhã? – Sakura me encarava do fogão.

“Como assim?” pensei em falar, mas bocejei bem na hora.
 Sakura apontava para sua cabeça, com um fósforo apagado em mãos. Eu ainda não entendia, até que olhei para a geladeira e vi meu reflexo sendo refletido. Minha cabeça estava pegando fogo.
Sacudi minha cabeça e o fogo se apagou.

-Pelo jeito ainda não me acostumei totalmente com minhas habilidades... – passei a mão no meu cabelo, para ter certeza que o fogo havia apagado.

Sakura deu de ombros e se virou novamente. Ela estava fazendo panquecas.

-Virou cozinheira agora, Sakura? – perguntei brincando.

-Bem, minha mãe achava que eu ia explodir a cozinha lá em casa, então eu aproveito que estou aqui para tentar coisas novas... – ela se explicou.

-Entendo... – me virei para Kathryn. – Kath-...

-Antes que pergunte – ela me interrompeu. -, nós vamos sair quando todos estiverem aqui! E ponto final.

Suspirei. Todos estavam demorando, e eu não sou do tipo paciente...
Pouco depois, Melody e Misake apareceram.

-Bom dia Selion, Kathryn e Sakura. – Melody cumprimentou com um sorriso. – Agora que eu pude dormir, estou bem melhor.

Todos respondemos ao seu bom dia.
Notei que ela estava com seus olhos e pontas do cabelo na cor azul claro, turquesa, e parecia bem alegre. Já Misake estava com um monóculo com uma aparência mecânica que parecia estar ligado a um dispositivo pequeno que emitia uma pequena luz em cima de sua orelha. Ele carregava um monte de dispositivos consigo.

-Pra que toda essa tralha? – perguntei vendo aquele monte de aparelhos em baixo de seu braço.

-São algumas coisas que podem vir a nos ser úteis... – ele tirou um cubo pequeno do seu bolso, e o abriu, e então todos os aparelhos foram sugados para dentro dele. – Temos que estar preparados!

Ele mantinha uma expressão séria. Essa era de longe a nossa missão mais perigosa e decisiva, o destino do mundo em nossas mãos! E se falhássemos... Bem, não quero ter que pensar nisso.
Mas tínhamos muita pressão sobre nós, como todos estavam tão calmos?

-Ei, acabei de lembrar, e quanto a Blanorcana? Ela já acordou? Está melhor? – perguntei.

-Bem... Ainda não acordou. E ela se tornou um problema... Porque não temos alguém para ficar aqui cuidando dela... – Kathryn disse com uma voz preocupada.

-Não se preocupe, eu faço isso. – Sakura desligou o fogão e se virou.

-O quê? Você? – perguntei chocado.

A Sakura era a ÚLTIMA pessoa que eu esperava que ficasse em casa numa missão tão importante.

-Não fique surpreso. – ela colocou as panquecas num prato, e depois colocou o prato na mesa. – Sabe, quando fizemos aquela missão na floresta, eu percebi que eu não sou tão boa quanto eu penso. Eu não sou tão forte assim... Eu quero ajudar, mas eu só atrapalharia se eu fosse com vocês... Então eu vou ajudar de um jeito que eu consiga!

Ela mantinha um sorriso no rosto, mas por dentro dava para notar que ela se sentia meio insegura. Será que ela estava com medo?
Eu entenderia se ela estivesse...
Melody se sentou a mesa usando um garfo para pegar uma das panquecas, e a colocando em seu prato.

-Essa pode ser nossa última refeição em paz... Devemos aproveitá-la, certo? – Melody suspirou.

Eles já devem ter passado por algo assim... Só assim para se manterem tão calmos!
Peguei uma das panquecas e a comi. Então, lembrei que elas haviam saído do fogo agora.

-Agora que sei o que eu sou, eu entendo porque nunca me queimei na vida. – raciocinei comigo mesmo.

Adrian apareceu de repente fazendo muito barulho. Ele entrou na sala correndo, em direção da pia. Ele tentou abrir a torneira, mas não conseguia. Ele gritava sem parar, dizendo que sua boca estava pegando fogo. Depois de tentativas falhadas de abrir a torneira, ele correu até a geladeira e pegou vários cubos de gelo, e os colocou na boca. Ele suspirou de alívio.

-O quê está acontecendo? – perguntei estranhando seu comportamento.

-PERGUNTE PARA A SAKURA! – ele apontou para ela com raiva. – ESSA IDIOTA COLOCOU MOLHO DE PIMENTA NO LUGAR DA PASTA DE DENTE!

Sakura ria dele como uma condenada.

-Bem feito! – ela tirou suas luvas de cozinha e as pendurou em um cabide. – Pra você aprender a deixar de ser chato.

Adrian a encarava com um olhar de plena raiva, enquanto Sakura ainda estava rindo. Ainda ia dar coisa entre esses dois...
Meu olhar foi desviado para Kathryn, que havia se levantado subitamente, empurrando a cadeira com tudo e colocando suas mãos na mesa.

-O quê foi? – Melody perguntou.

-Acabei de lembrar de uma coisa! – ela desapareceu no ar.

-Parabéns, você não tem amnésia, Kathryn... – Adrian respondeu como se ela ainda estivesse lá.

Kathryn reapareceu logo em seguida, com cartas em mãos.

-Ufa... – ela se deixou cair na cadeira.

-Que cartas são essas? Espera, você esqueceu de avisá-los? – Misake perguntou brincando com seu cubo estranho.

-É... O quê faremos agora? Não temos tempo! – ela colocou as mãos na frente da cara, se escondendo.

-Pode deixar isso comigo. – Magna apareceu com um sussurro seco atrás de mim.

Eu pulei pra frente e bati minha barriga na mesa.

-P-pra que f-fazer isso... – choraminguei.

-Desculpe, não era a intenção. – Magna flutuou até Kathryn. – Posso levar as cartas se quiser, não vai demorar muito! Já sei onde se localizam cada Grand Elementra da Terra, e fora dela. Eu também quero ajudar em vossa batalha!

-Obrigado, Magna. – Kathryn entregou as cartas para ela.

-Mas... Porque cartas? Não existem celulares lá? Computadores? – perguntei.

-É perigoso... Podemos ser rastreados. – ela respondeu.

Faz sentido.
Feixes de luz atravessavam Magna, e em um piscar de olhos, ela desapareceu.

-Para quem são aquelas cartas? – Sakura perguntou.

-Para os outros G.E., elas pedem reforços. Não vamos vencer essa guerra sozinhos. – Melody explicou.

Eu já estava me esquecendo da existência de outros grupos, lembrar sobre eles me deixava um pouco mais tranquilo. Quanto maior o grupo, maior a chance de vitória!
Sakura pegou uma panqueca e um copo de água, e andou até o quarto de Blanorcana. Eu me sentia mal por Sakura não poder vir com a gente, ela estava se esforçando tanto para isso. Mas, talvez seja melhor ela ficar por aqui mesmo.
Magna reapareceu.

-Voltei! – Magna alertou. – As cartas foram entregues, e você recebeu isto, Kathryn.

Magna lhe entregou um pequeno envelope vermelho.
Kathryn o abriu e tirou de dentro um pedaço de papel. Ela fez uma expressão séria, e então se levantou e saiu da cozinha.
Analisei o envelope jogado na mesa. Ele era vermelho na frente, e branco atrás, e estava com um carimbo estranho na frente, parecia um olho detalhado com uns rabiscos.
Misake largou seu cubo na mesa e pegou o envelope.
Pouco tempo depois, Kathryn retornou.

-O quê dizia? – Misake perguntou.

Kathryn olhou para mim com um rosto sério. Era meio perturbador. Ela desviou o olhar para Misake, e o puxou para a sala de estar.
Todos mantínhamos uma expressão confusa. Dava para ver que nem mesmo Melody sabia do que se tratava.
Kathryn retornou logo em seguida, junto de Misake, com um cajado.

-Já estão prontos? – ela perguntou, ignorando completamente a situação de agora a pouco.

-Kathryn, o quê a carta dizia? – Melody se levantou.

-Vamos pessoal, não temos tempo a perder! – Kathryn ignorou completamente a pergunta de Melody.

Ela agiu como se nem mesmo a tivesse ouvido, isso não era um bom sinal, sem dúvida. Mas eu tentei ignorar isso, talvez eu esteja só vendo coisa onde não há nada.
Snowy e Firus apareceram pulando segurando minha mochila com a boca.

-Obrigado, Snowy. – agradeci e peguei a mochila.

Snowy estava bem agitado, parecia que queria dizer algo.

-O quê foi? Quer ir com a gente? – perguntei.

Ele respondeu que sim, balançando a cabeça.

-Snowy... É perigoso, você acha mesmo que é uma boa ideia?

Snowy pareceu ficar um pouco irritado. Ele também queria ajudar como todo mundo, mas eu não me perdoaria se eu deixasse ele se machucar.

-Seria melhor se você ficasse aqui... Você pode ajudar a Sakura, que tal? – tentei convencê-lo.

Ele não aceitou isso muito bem, mas logo ele cedeu.
Agradeci por ele ter entendido, e depois ele foi pulando até o quarto de Blanorcana. Firus o seguiu.

-Pessoal, essa é a nossa missão mais importante, então peço que deem o melhor de si! – Kathryn pediu.

Polar apareceu, atravessando a parede, e se aproximou de mim.
Magna se aproximou dele.

-Nós vamos estar com vocês. – o fogo que cobria sua cabeça parecia estar mais forte.

-Obrigado por sua ajuda. – Kathryn agradeceu.

Polar pegou minha mochila e desapareceu no ar, junto de Magna.
Me levantei e saí para fora. Nosso futuro é incerto, não sabemos se iremos sobreviver. Todos estavam dispostos a dar o melhor de si, e eu não ia fazer diferente.
Misake abriu o mapa antigo e o analisou, mostrando-o para Kathryn. Uma esfera azul transcendente se abriu, do nada, a nossa frente. O cajado de Kathryn brilhava.

-Esse portal nos levará para um lugar próximo ao nosso destino. – ela explicou.

Ele emitia uma luz muito forte, tive que cerrar os olhos para olhar na direção dele, mas mesmo assim minha visão se sentia incomodada. Os outros pareciam que não eram afetados.
Dei uma última olhada ao redor. Pássaros voavam alegres pelo céu azul.
“Faço isso para proteger vidas inocentes como vocês...” falei comigo mesmo por pensamento.
Olhei em direção da floresta, sombras se moviam rapidamente.
Por um momento, vi uma criatura alta acenando para nós. Eu nem precisava enxergar direito para saber de quem se tratava.
Corri em direção ao portal com os olhos fechados por causa da luz.

-Algo parece estar errado... – Kathryn disse com uma voz preocupada.

O portal se tornou negro. Parei de correr na mesma hora que ela disse isso. Eu estava exatamente na frente dele, ele sugava o vento e parecia me puxar para ele. Comecei a me afastar devagar.

-O quê deu errado? – perguntei.

Tentei me virar, mas algo me impediu. Algo me observava de dentro da esfera sombria. Virei para trás imediatamente, e corri para me afastar, mas eu não pude. Algo, ou alguma coisa, segurou meus dois braços, e me puxou lentamente para o portal.

-SELION! – Melody gritou assustada.

-NINGUÉM SE APROXIME! – Kathryn ordenou.

A criatura me puxava bem devagar, mas com uma força enorme. Eu não podia mexer um músculo de meu braço para tentar me soltar e meus pés arrastavam no chão, levando a terra que eu pisava junto comigo.
Melody e Adrian ignoraram o pedido de Kathryn, e correram em minha direção. Adrian encaminhava o caminho do vento na direção das mãos sombrias que me seguravam, na tentativa de me soltar. Os “braços” me moviam de lugar para que eu fosse atingido. Por mais que fosse só ar, ele era muito forte, era como se eu estivesse sendo acertado por martelos na cabeça.
Adrian parou com uma cara assustada.
Melody notou que eu só ia me machucar se tentasse usar algum tipo de magia, então correu até mim e tento me puxar para longe do portal.
O cajado de Kathryn brilhava cada vez mais. Ela tentava desfazer o portal.

-Melody, aguente mais um pouco! – Adrain gritou para ela.

O portal fazia uma barulho muito alto de sucção. E o vento que era levado em nossa direção estava nos deixando surdos.

-Melody, saia daqui! – pedi. – Eu vou ficar bem. Se solte e vença impeça a Grand Destruction!

-Você me salvou Selion, agora é minha vez de te salvar! – ela tentava soltar os braços de mim.

Minhas pernas congelaram. Olhei para baixo, elas já haviam entrado na esfera negra. Mais braços me agarraram e me puxaram.

-MELODY! SAIA DAQUI! – implorei.

-NUNCA! – ela gritou, para eu conseguir ouvi-la mesmo com o vento e o barulho.

As mãos se multiplicaram, e nós dois fomos pegos e puxados pelo portal.
Quando abri os olhos, eu estava em uma espécie de sala cheia de uma gosma roxa. Melody estava ao meu lado. Não tive tempo para pensar em nada, pois as mãos sombrias reapareceram. Elas pegaram o meu braço e o de Melody e nos puxou a toda velocidade até um círculo de luz. Eu não conseguia respirar!
Os braços nos jogaram em direção do círculo, e nós o atravessamos sem poder reagir.
Caímos com tudo no chão. Eu respirava rapidamente para recobrar o fôlego, Melody reagiu da mesma forma.
Quando voltei ao normal, me levantei e olhei ao redor. Estávamos em um quarto escuro. Era MUITO espaçoso, era um quarto enorme. Consegui identificar uma cama, vários guarda-roupas e uma penteadeira.

-Que lugar é esse? - Melody perguntou.

-Eu não sei... – respondi.

Meu corpo pegou fogo. Comecei a andar por aí para ter uma noção do que havia ao nosso redor. Era só um quarto comum, tirando o tamanho, é claro.

-Achei um interruptor. – Melody apontou.

Eu me aproximei e apertei o botão. Várias lâmpadas se acenderam no teto, iluminando cada centímetro do local. Meu fogo se apagou.

-Temos que sair daqui, mas como? – procurei por uma saída.

Não havia nenhuma porta. Nem nas paredes, nem no teto (vai que por algum motivo...).

-Quem será que mora aqui...? – perguntei.

-Eu não sei... Mas isso não parece um quarto, tem tamanho de uma sala de jantar de uma mansão! – Melody observou.

Havia um relógio na parede, mas os ponteiros não se mexiam.
“Mais um? Deve ser só coincidência.” Pensei comigo mesmo.
Abri um guarda-roupa.

-Melody... Venha ver isso... – chamei.

Ela se aproximou.
Havia um amontoado de ossos e esqueletos dentro do armário.
Fui ao guarda-roupa do lado. Havia um monte de órgãos humanos empilhados! Me segurei para não vomitar.
O guarda-roupa ao lado, estava trancado com um cadeado e selado com várias fitas adesivas. Por baixo dele, um líquido vermelho saía por uma pequena fissura.
E no último guarda-roupa (pelo menos desse lado da parede) havia, também, um cadeado. Só que este era diferente, havia símbolos estranhos, e havia algo que parecia uma escritura estranha nas bordas.

-PRECISAMOS sair daqui! – tentei manter minha calma.

Melody parecia ter congelado. Ela tremia, apontando para o outro lado do salão. Segui seu olhar, havia milhares de pequenas criaturas vindo em nossa direção. Logo consegui ver o que era. Eram milhares de insetos, entre eles, as temidas aranhas.
Comecei a tentar quebrar o último guarda-roupa, ele me parecia suspeito.
-Podem tentar correr, mas não sobreviverão para sempre. – uma voz soou.

Eu nem me virei para trás. Quebrei o guarda-roupa com um pouco de esforço. Havia uma passagem nele! Puxei a mão de Melody através dele, sem nem olhar onde iríamos.

Tudo que podíamos fazer, era correr.

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