6. Treinando
Kung-fu
Comi minha
pizza, com uma certa dificuldade, mas ficou tudo bem. O ruim foi me encaixar na
cadeira com aquela cauda de dragão que ficava atrapalhando. Tirando isso, foi
um ótimo almoço. Mas no tempo todo fiquei pensando em como eu ia voltar ao
normal.
-E agora? –
falei para mim mesmo mordendo o ultimo pedaço que havia sobrado da pizza.
-Agora você vai
aprender kung-fu. – Melody explicou.
-Boa sorte. –
Richard murmurou aparecendo de repente no meio da cozinha.
-Oi Richard.
Obrigado por guardar um pedaço da pizza para mim. – agradeci.
-De nada... –
ela falou abrindo a geladeira.
Ela pegou um
pequeno pote de sorvete, e depois abriu duas asas, uma negra e outra branca, e
saiu voando até o quarto dela.
-Asas maneiras.
– gritei para ela. – Voltando, como vou aprender kung-fu?
-Treinando...
Com o Lief. – Kathryn explicou.
-O QUÊ?! –
Melody reclamou. – Eu! Que treino as pessoas aqui, não o Lief! – ela continuou.
-Nada disso, o
Selion precisa de um treinador que o encoraje. – Kathryn falou. – E que
desperte sua raiva... – ela continuou só que dessa vez sussurrando.
-Eu ouvi ta? –
falei olhando fixamente para a Kathryn.
...
-Bom, você já
deve me conhecer, não é Selion? – um garoto com cabelos curtos e negros falou.
-Pra fala a
verdade... Não. – falei.
Ele tinha olhos
castanhos escuros e usava uma calça branca, e uma camisa preta, de mangas
curtas, e no meio dela havia um símbolo japonês. E percebi que ele usava uma
espécie de luva em uma das mãos, e que tinha uma espada guardada em uma espécie
de capa de couro, que estava presa nas costas de sua camisa.
-Bom eu sou o
Lief. E esse é o Galaxy. – ele falou apontando para um pequeno dragão branco de
olhos negros.
-Você vai me
ensinar kung-fu, né? – falei, só para ter certeza.
-Sim. Mas já vou
avisando, você não pode questionar meus métodos. – ele explicou.
-Até já sei o
que você vai fazer. Você vai me fazer um treinamento de limpeza e blá, blá, blá...
Como nos velhos filmes de kung-fu ou Karatê.
-Pra falar a
verdade não... – ele explicou. – Primeiro treinamento. Você deve subir em cima
do telhado, sem escadas, nem bancos ou cadeiras. – ele explicou. – E não pode
voar.
-Nem sei voar
mesmo... – falei bufando.
Fui para um lado
plano da casa. Vi as árvores se moverem por causa do vento, estava um dia
quente. Sem nenhuma nuvem no céu.
Olhei para cima
e respirei fundo. Percebi que Lief não estava me vendo.
Respirei fundo e
pulei para ver até onde eu conseguia ir. Me surpreendi. Na minha nova forma, um
pulo me fazia ir bem para cima. Mas ainda não alcançava o telhado.
“Pense Selion.”
Falei comigo mesmo. “Como vai subir aí?”.
Percebi que:
como o treinamento era de kung-fu, talvez pudesse subir lá usando a força. Me
concentrei, e bati forte na parede com a mão. Deixou um pequeno buraco, e eu
podia usá-lo para escalar!
-Vamos lá
Selion! Calcule bem, já tenho um buraco, onde mais devo quebrar? – comecei a
falar sozinho.
...
Cinco minutos
depois estava no telhado, meditando. Ia tudo bem, até levar um susto de Lief,
que apareceu do nada na minha frente.
-E agora? –
perguntei me levantando.
-Agora,
treinamento dois. Você deve sair daqui, ir correndo até o pátio, e bater em
sequencia nos bonecos, de acordo com seus números. Acha que consegue? – Lief
perguntou depois de me explicar a tarefa.
-Você não me
ensinou nenhum golpe! Como quer que eu bata neles? – falei frustrado.
-Aja
por extinto.
-Como
se meu extinto pudesse me ajudar. No treinamento de arqueiro: aja por extinto.
Kung-fu: aja por extinto! Já até sei como vai ser o de dragão. – reclamei.
-Você
não está entendendo. Esse aqui, também é o seu treinamento de dragão! Bata neles
com o rabo, cuspa fogo, estraçalhe com os dentes! Sei lá.
-Belo
mestre... – sussurrei para mim mesmo.
Não
tive escolha, eu tinha que tentar. Me preparei e pulei do telhado. Minhas asas
me ajudaram a pousar. Fui correndo ao primeiro boneco, tudo que eu queria era
acabar com tudo isso. Eu fui correndo até ele, e me senti como se eu pudesse
quebrá-lo em mil pedaços. Será que era o meu extinto? Acho que sim. Fui até ele
e dei um chute bem no número um que estava em seu peito, ele saiu voando. E saí
distribuindo socos e chutes em todos eles. Até destruir todos.
-Como
fui? – perguntei para o Lief.
-Olha,
você foi bem. Mas se fosse eu, teria sido bem melhor. – ele falou rindo da
minha cara.
Geralmente
eu não daria bola para isso. Mas não sei o que deu em mim, eu fui consumido
pela raiva.
-Vai
encarar? – falei com a voz grossa.
Era
meu dragão interior falando.
-Claro.
Cai dentro. – ele falou pegando sua espada, e se preparando para lutar comigo.
Eu
falava: “NÃO,NÃO,NÃO!” mas eu acabava dizendo: “SIM,SIM,SIM!”.
Estávamos
frente a frente, esperando o outro começar a atacar. Ficamos andando em
círculo, até que ele resolveu começar a atacar.
Desviei,
e usei minha cauda para atacá-lo. Ele desviou. Eu estava enraivecido,não sei
porque. Tentei dar um soco nele, para ver como ele reagiria. Ele largou a
espada, agarrou minha mão e me jogou do telhado, depois pegou a espada de novo.
Mas eu não havia me machucado.
-É
só isso que você tem? – falei.
-Não,
mas pelo menos tenho mais ataques que você! – ele zombou.
Ele
estava me deixando bravo, ou melhor, meu dragão interior, mas porquê? Por que
ele queria me irritar? Será que era parte do treinamento?
Antes
de eu me levantar, ele pulou do telhado, com a espada em uma posição que, ao
chegar ao chão, iria me matar.
Rolei
para o lado, foi meio difícil com a minha cauda, mas eu consegui. Ele fincou a
espada no chão, e não conseguiu tirar.
-HÁ!
– falei rindo da cara dele.
Comecei
a me aproximar, para lhe dar um soco. Mas notei que ele começou a rir.
-O
quê foi? Feliz por ser derrotado? – perguntei com uma voz grossa de dragão.
-Não
tenho tanta certeza de que você ganhou. – ele falou com a cabeça abaixada.
De
repente, ele levantou a cabeça, e percebi que sua mão (a com a luva) começou a
pegar fogo. Ele levantou a mão pegando fogo em minha direção e atirou uma
rajada de fogo. Tentei desviar, mas não daria tempo. Senti um sentimento
esquisito, fiquei em posição de batalha e atirei pela boca uma rajada de fogo
contra ele. Era um fogo alaranjado.
O
meu fogo foi maior que o dele. Foi tão intenso, que engoliu o fogo dele, e fez
com que as duas rajadas de fogo fossem contra o Lief. Elas o acertaram, e ele
foi arrastado, rolando pelo chão, até uma árvore atrás dele.
-Nossa. – murmurei.
Ele
se levantou, e se escorou na árvore. “Ainda não acabou!” pensei. Fui correndo
até ele, e dei um golpe “sinistrão” nele. Acho que era de Kung-fu. O golpe o
levantou no ar, e jogou ele contra a árvore com força. Logo após isso, senti
meu corpo se enchendo de fogo por um segundo e depois, quando reparei, eu não
era mais dragão. Eu havia dominado meus poderes.
-Consegui!
– comemorei. – Agora vamos ver se consigo controlar o meu dragão.
Fiz
esforço e consegui me tornar o dragão de antes.
-Ótimo.
Agora voar.
Comecei
a pensar em voar, e me esforcei para fazer as asas baterem e consegui. No
início eu estava desequilibrado, mas depois eu consegui me manter. E até que
começou a ser divertido. Fiz o mesmo de antes e voltei a ser humano.
-Legal.
– comemorei. – Obrigado Lief. – falei me virando, mas ele não estava lá.
Eu
o procurei, até que ele me chamou, e eu o vi em cima do telhado, com a espada
pegando fogo.
-Isso
não acabou Seilon. – ele falou. – Eu sou, e sempre serei o maior guerreiro do
Grand Elementra! E não é você que vai me derrotar! – ele declarou com raiva e
depois ficou coberto de fogo e sumiu.
-É
impressão minha, ou ele não sabe perder? – falei para mim mesmo.
Logo
depois os Pufis e o Polar apareceram.
-E
aí? Como foi o treinamento? – Polar perguntou.
-Legal...
Sei dominar os meus poderes. Mas agora eu tenho que ficar de olho-vivo com o
Lief. E eu ainda tenho que saber sobre minha origem... – comentei, me lembrando
que eu era alienígena.
-Tudo
virá com o tempo. – Polar falou me tranquilizando.
Peguei
o pufi branco.
-Devo
dar um nome para vocês não devo? – comentei acariciando o pequeno pufi branco
que estava em meu colo. – Você se chamara Snowy.
Depois
que disse isso, ele tossiu uma pequena rajada de gelo que me refrescou.
-Escolhi
o nome apropriado. – falei para o Polar. – O preto já têm nome... O vermelho se
chamará... Cannon. Não sei porque, mas vai. O azul se chamará... Ken. O
verde... Lenny. Pronto. Estão nomeados! – declarei.
Ken
e Lenny vieram para perto de mim, e então começaram a sorrir. Sorri de volta.
Olhei
para o relógio, eram cinco horas da tarde.
-Quem
quer fazer um lanche? – perguntei.
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