domingo, 20 de maio de 2012

As pedras de Elementra. Capítulo 11.


11. A espetacular aventura de Kathryn. Parte 2.



-Estamos chegando? – Éolo perguntou pela décima vez.

-Faz ele cala a boca, Kathryn? – Misake implorou.

Estávamos quase chegando na ilha onde estaria a pedra. Acho que dava para fazer Éolo parar de perguntar isso, sem nos atrasar.

- Ha-tep (ficar em paz)! – comandei.

Uma fita adesiva apareceu na boca de Éolo.

-Que tal? – perguntei com um sorriso brincalhão no rosto.

-Ótimo – Misake agradeceu. – Ei, é naquela ilha ali! – Misake falou apontando.

-Ótimo – murmurei. – Saladin está começando a cansar!

-Podemos aterrissar.

-Hu...hm..humhu... – Éolo tentou falar.

Eu e Misake rimos.

Aterrissamos (assim que paramos de rir) perto de uma pequena cachoeira.

-Lugar bem bonito... – admiti.

-Humhuuhum... – Éolo tentou falar.

-Quase esqueci de você – falei estalando os dedos.

-AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH! – ele gritou de dor.

-Essa foi boa – Misake riu.

-Engraçadinhos... – Éolo resmungou.

-Pode descansar Saladin – falei apontando para o rio.

“Ele deve estar com sede” pensei.

-ROB, volte agora para o cubo! – Misake mandou.

-Quem? – Éolo perguntou.

-ROB. Significa: Robô Omega Beta. – Misake explicou.

-Eta nomezinho... – Éolo riu.

-Quero ver você rir quando estiver quase morrendo, e só ele puder te salvar! – reclamei.

-Claro que isso vai acontecer... – ele falou ignorando meu aviso.

-Não diga que ela não avisou... – Misake alertou.

-Parem com isso! Estão me assustando! – ele reclamou.

-Paramos? – Misake perguntou.

-Não prometo nada... – murmurei.

-O que disse? – Éolo retrucou.

-Que eu vou parar... – falei rindo.

-Melhor mesmo  – ele resmungou.

Eu sorri maliciosamente para ele. Ele me encarou de volta e deu um passo para trás. “Acho que agora deu, Kathryn” pensei comigo mesma.

-Pra onde Misake? – perguntei.

-Está aí o problema, desde que pousamos o sensor do ROB parou de funcionar – ele reclamou.

-Droga – Éolo reclamou. – Viajamos até aqui para nada!

-Nem vem, não saio daqui sem a pedra! – declarei confiante.

-Vamos ter que agir por instinto – Misake falou guardando a pequena caixa onde ROB estava preso.

-Saladin... – chamei assobiando. – Poderia nos ajudar por favor? – pedi com uma voz doce.

Ele nos olhou com um sorriso.

-Freeek – ele falou ficando de cara séria. Pelo que entendo da língua dos grifos isso era um "não".

Logo após isso ele deitou numa e ficou lá.
Fiquei lá parada. Até me tocar que o Saladin me hipnotizou por um segundo para poder se afastar.

-SALADIN! – gritei irritada.

-Graaaa! – ele resmungou.

-Droga! O que faremos agora? – reclamei.

-Andamos... Ou melhor, vocês andam, eu vou de bicicleta – Éolo zombou.

-Misake... Estou autorizada a usar forças letais? – perguntei.

Ele fez sinal com a mão para mim parar e esperar, e logo depois fez sinal que eu poderia ir em frente.

-VINGANÇA! – gritei.

Invoquei meu cajado do Duat e atirei uma bola de gelo em Éolo. O impacto fez ele ir para trás e acidentalmente cair no lago.

-PONTO EXTRA! – comemorei.

-Agora podemos ir - Misake falou apontando para o norte.

-Tem certeza que é pra lá? - duvidei.

-Olha, certeza eu não tenho, mas é melhor do que ir para o oeste – ele explicou.

-O que o oeste tem de mal? – indaguei coçando a cabeça.

-O fim do rio fica pra lá – ele explicou.

-E... – falei tentando fazer ele me explicar mais.

-Deve de ter uma cachoeira. – ele finalizou.

-Ah... – falei entendo a situação.

-O Éolo está bem? – Misake perguntou.

Olhamos para o rio e vimos a cabeça dele sair de lá e depois o ouvimos murmurar algo.

-Tá sim – falei começando a andar.

-EI, ME ESPEREM! – Éolo implorou.

-Não... – Misake e eu falamos em uníssono.

                                                                                    ...

-Droga de insetos! – Misake reclamou.

-Eu avisei que você devia ter pego a raquete elétrica! – Éolo lembrou.

-Deixa ele... – falei para o Éolo.

-Afinal estamos procurando o quê? – Éolo perguntou se esquivando de um enorme galho de árvore, que antes havia acertado minha cabeça.

-A pedra de Quartzo – expliquei.

-Então não deveria ter quartzo por perto? – ele reclamou.

De repente Misake deu uma freada e se virou para trás.

-VOCÊ É UM GÊNIO ÉOLO! – ele declarou contente. – Por quê eu não pensei nisso antes? – ele reclamou.

-Pensar no quê? – perguntei.

-Éolo está certo, deve de ter quartzo perto da pedra. – ele explicou.

-Mas não sabemos onde tem quartzo. Eu nem sei o que é – Éolo quase tropeçando numa pedra enorme.

-Quartzo é uma espécie de diamante certo? – perguntei para Misake.

-É... Acho que pode se dizer que quartzo é uma pedra preciosa...

-Mas tipo, me explica melhor – Éolo pediu.

-Já falamos o que sabíamos – resmunguei.

-Ah, quase esqueci... – Éolo disse.

-Quase esqueceu o quê? – falei junto com Misake.

-Já chegamos? – Éolo perguntou rindo.

-AGORA JÁ CHEGA! – falei pegando meu cajado.

Éolo começou a correr para o nada.

-SOCORRO! TEM UMA MAGA LOUCA ATRÁS DE MIM! – ele começou a gritar.

Fui correndo enfurecida atrás dele, lançando raios e pedras. Mas acertei poucas pedras. Já raios, não acertei nenhum.

-Ahá! – falei rindo.

Eu havia encurralado ele perto de um paredão de pedra.

-Prepare-se! Você vai sofrer a pena máxima por irritar Kathryn! – declarei irritada.

-E qual pena seria? – ele falou com medo.

-ACHO MELHOR VOCÊ NÃO SENTIR CÓCEGAS! – falei rindo.

-Sério? Foi o melhor que pensou? – ele resmungou.

Apontei o cajado para ele e ele começou a andar por aí, sem controle, rindo a plenos pulmões.
Misake havia nos alcançado. Olhei para ele e perguntei o que tinha achado da minha punição. Mas ele não respondeu, ao invés disso, foi mais perto de Éolo e começou a gritar : “NÃOOO!”.
Não havia entendido no início. Fiquei olhando para Éolo até ele, do nada, cair num buraco no chão. Parei de “fazer ele sofrer” e corri até o buraco.

-VOCÊ ESTÁ BEM? – gritei para dentro do buraco escuro.

-SIM! E OLHA O QUE EU ENCONTREI! – Éolo gritou de volta.

Peguei o cajado, iluminei o lugar e espiei para baixo. Mal pudia acreditar, havíamos achado o quartzo! Mas uma dúvida ainda me consumia, será que a pedra estava lá? Melhor arriscar!

-Vamos descer Misake? – perguntei.

-É claro, eu primeiro. – ele pediu.

Ele pegou algo no bolso dele e jogou lá para baixo.

-AI! – Éolo gritou.

-JOGUE COM FORÇA NO CHÃO! – Misake pediu.

Ouvi o barulho de algo quebrando lá em baixo, e então vi uma escada com luzes nas laterais começar a subir. Assim que ela nos alcançou, Misake desceu cuidadosamente até lá em baixo. E logo depois dele, fiz o mesmo.

-Blargh! – murmurei assim que cheguei na caverna. – Isso fede a mofo.

-Bem-vinda ao clube... – Éolo brincou.

-Alguém têm algo que brilhe? – Misake perguntou.

-Eu – falei invocando uma bola de fogo na mão. – Isso deve adiantar.

Assim que levantei minha mão, olhei ao redor, e fiquei boquiaberta. Era o lugar mais bonito que já havia visto. Tinha um lago com águas cristalinas, cintilando no chão da caverna. Vários quartzos e outros tipos de pedras espalhados, e no teto, haviam várias aberturas que não havíamos notado antes. Pouca luz passava por lá, o que não era suficiente para iluminar a caverna.
Ficamos lá admirando a bela paisagem, até que Saladin (que possivelmente desistiu de esperar e nos seguiu) rosnou na abertura por onde entramos e fez nós acordarmos do “transe”.

-Ah, obrigado Saladin – agradeci.

-Vamos em frente – Éolo sugeriu.

-Claro, só hà um caminho mesmo... – Misake explicou.

Começamos a andar. E continuamos até nos depararmos com uma luz ofuscante mais ao norte.

-Deve ser a pedra! – Misake opinou.

Éolo deu um passo para frente e então ouvi ele gritar.

-O que foi? – respondi ao grito.

-C-cuidado. T-têm um a-a-abismo aqui. – ele gaguejou.

Dei um passo a frente e vi que ele estava certo, havia uma espécie de caminho de pedras até a luz ofuscante, fora isso, o lugar tinha um gigante buraco logo abaixo da pequena ponte de pedras.

-Um de cada vez – sugeri.

-O que faríamos sem você Kathryn? – Éolo falou ironicamente. Eu respondi mostrando a língua.

-Posso? – Misake pediu.

-Vai fundo. Só não muito – Éolo brincou.

-Éolo, agora a coisa ficou perigosa. Chega de brincadeiras! – falei tentando me concentrar.

-Desculpa – ele respondeu.

-Ótimo – Misake resmungou.

-Acha que conseguimos? – perguntei assustada.

-Claro – Éolo gritou.

De repente, a ponte começou a tremer. E se quebrou quase toda. Só sobrou espaço para um pé de cada vez.

-Parabéns! – Misake e eu sussurramos.

-Eu primeiro – Éolo pediu.

-Já fez coisa de mais por hoje! – reclamei.

Fui primeiro, com bastante cuidado. Andei de lado, bem devagar. Logo após que consegui dar espaço na ponte, Misake começou a andar. E logo atrás Éolo.
Andamos cuidadosamente até me dar um treco no nariz. Uma coisa que iria nos mandar pra longe. Um espirro.

-Gente... Estou com vontade de espirrar! – falei triste.

Se eu espirrasse... A ponte quebraria... Principalmente com o eco daquele lugar! “O quê eu irei fazer?” comecei a pensar.
Não consegui segurar. Espirrei,e fez eco na caverna.
Esperamos... E esperamos... Nada aconteceu.

-Ufa... – Éolo murmurou.

-Quase que a gente morre – sussurrei tensa.

-É... – Misake concordou.

Continuamos a andar. Até que Misake escorregou e se desequilibrou.

-SOCORRO! – ele falou sacudindo os braços.

-CUIDADO MISAKE! – eu gritei para ele.

Era tarde demais para ajudar. Ele estava caindo. Não lembrei de nenhuma magia para o momento, eu estava com medo de ele cair e eu nunca mais o vir. Eu não podia perder nenhum membro do grupo! Eu era a líder da missão. E se eu perdesse alguém... Seria uma missão fracassada!
De repente vi Éolo pular até onde o Misake estava. E fiquei observando. Estava muito escuro lá no fundo. Não conseguia ver nem ouvir nada.
Fui até o fim da pequena ponte e esperei lá...
Ninguém apareceu. Eu estava sem esperança. Até que vi uma luz vindo de dentro do buraco. E então dei um enorme sorriso. Éolo havia salvado Misake.
Éolo estava flutuando no ar, segurando a mão de Misake. Ele foi até perto de mim, e largou Misake ao meu lado. Logo após disso, Éolo voltou a andar normalmente nas pedras, e caiu deitado no chão.

-Ufa. Ainda bem que vocês estão salvos! – exclamei feliz.

-O-obrigado... – Misake agradeceu ainda tenso por causa de sua queda.

-De... De nada... – Éolo falou com a voz fraca.

-Por que está tão cansado? Não devia ser tão difícil pra você flutuar Éolo! – desabafei.

-Você não entende. Eu não domino o ar muito bem! Isso me cansa muito, toda vez que uso! – ele exclamou se sentindo um fracassado.

-Desculpe... Vou dar um jeito nisso! Depois... – falei o acalmando.

Me virei e vi a luz ofuscante começar a brilhar de novo.

-Está logo ali! – Misake exclamou contente.

-Não acha que está muito fácil? – perguntei. – Até agora, só atravessamos a ponte. Não teve nenhuma anormalidade de quartzo...

-Ué, de acordo com o que você me disse, quando Selion achou a pedra das luz, nada estranho aconteceu – Éolo falou tentando levantar.

-A pedra da luz é a mais pura. Ela não tem armadilhas, só se teleporta até a pessoa que merece tê-la – eu expliquei.

-Ei cadê o Misake? – Éolo perguntou já levantado.

Me virei e vi que ele não estava no lugar de antes. Olhei para frente e vi ele voando no ar.

-Você sabe voar, Misake? – perguntei.

Ele não respondeu.

-Tem caroço nesse angu... – Éolo exclamou.

-Vamos lá! – falei o apressando.

Corri até o local onde Misake estava, com Éolo logo atrás, e levei um susto. Ele não estava voando. A pedra de quartzo havia virado um monstro de quartzo.

-FERROU! – Éolo falou triste.

-TEMOS QUE SALVAR MISAKE! – gritei.

-Como derrotamos isso? – Éolo perguntou ainda fraco.

-Tocando na pedra, que está no tronco do monstro – expliquei.

-MISAKE! TOQUE A PEDRA! – Éolo gritou.

Vi ele tentar, mas não conseguiu. A pedra estava muito longe. E a mão do monstro não deixava ele sair, ou falar. Pois estava tapando sua boca.

-VAMOS LUTAR! – declarei.

-Não consigo... – Éolo falou triste.

-Use o Dug, e eu sei que você tem um bastão aí! – falei pegando meu cajado e chamando Saladin.

Estava pronta para jogar um meteoro. Porém, lembrei que a caverna poderia desmoronar. Eu tinha que lutar com cautela.
Olhei para trás e vi Éolo tentando convocar Dug. Pelo jeito estava sozinha. Respirei fundo e encarei o monstro. Peguei meu cajado e mirei nele. Comecei atirando bolas de fogo.
Nenhuma fez efeito.

-MISAKE! – gritei. – DIZ PRO SALADIN ONDE ELE DEVE ATACAR!

Fiz um sinal para Saladin ir até Misake e ele obedeceu. Ele foi voando, sempre se esquivando dos ataques da fera de quartzo.
Estava nas mãos daquele grifo estressado. Eu não poderia fazer nada, sem acertar Misake, ou destruir a caverna.
Vi Misake apontar para o centro do monstro de quartzo. E Saladin estava pronto para atacar. Ele foi até o lugar onde Misake falou e deu uma cabeçada. Não aconteceu nada, o monstro somente grunhiu e depois acertou as costas de Saladin.

-Pensa Kathryn! – falei para mim mesma.

Comecei a pensar... E então me veio uma idéia na mente. Invocar uma ajuda para Saladin. A força normal dele não conseguiria alcançar a pedra. Mas com uma ajuda sim.

-SALADIN! – chamei.

Ele se virou para confuso e voou até mim. Assim que ele chegou perto o suficiente, desenhei um hieroglifo em sua testa, e ele começou a pegar fogo. Um fogo mágico, então não o machucaria, só serviria como amplificador de poder.
Saladin foi voando até o monstro. E deu um grande grito que, junto com minha armadura de fogo, fez poder suficiente para rachar o centro do monstro.
Logo após o grito, Saladin deu continuação ao ataque e deu uma cabeçada no lugar onde seu grito havia rachado.
Gritei de alegria. Já dava para ver melhor a pedra. Ela realmente parecia ser feita de quartzo. Saladin havia feito seu trabalho, agora eu só precisava de um feitiço.
Me concentrei e fiz um feitiço de levitação e arranquei a pedra do monstro. Logo após isso, o monstro desmoronou, junto de Misake.

-NÃOOOO! – gritei. Até que vi que Éolo havia resgatado Misake de novo. Com uma ajudinha de Saladin.

-Arf... Arf... – Éolo falou cansado.

Peguei a pedra e a analisei. Ela era bem bonita.

-Missão cumprida – finalizei levantando a mão com a pedra dentro.

Nesse exato momento senti a caverna tremer. E todos os quartzos se quebraram e sumiram, fazendo aparecer uma abertura mais ao norte.

-CORRE! – todos nós gritamos.

Pedras começaram a cair do teto. Tínhamos que ser rápidos... Ou não conseguiríamos sair dali...

                                                                      ...

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