domingo, 29 de abril de 2012

As pedras de Elementra. Capítulo 5



       Selion







             5. Treinamento de arqueiro.



-Ai que dor de cabeça... – acordei esfregando minha cabeça.

-Bom dia dorminhoco. – uma voz falou.

Me virei e olhei para a porta. Havia uma garota que eu nunca havia visto na vida lá. Ela tinha cabelo azul escuro com pontas pretas, tinha um olho vermelho e no outro usava um tapa-olho e atrás dela, havia um gato preto com uma lua na testa, fazendo carinho em sua perna.

-Eu sou Richard. E você deve ser aquele que desistiu mas voltou.

-É... – falei me espreguiçando.

Olhei para os lados e vi que as bolas de pêlos vivas e o Polar não estavam mais ali.

-Cadê os... – comecei a falar mas fui interrompido.

-Seus mascotes? Estão tomando o café da manhã, já são oito horas. Vê se acorda.

-Oito horas? Geralmente acordo as onze e meia...

-Enquanto estiver aqui sua rotina muda.  Qualquer coisa vou estar no meu quarto, você nem vai perceber que eu estou nesta casa.

“Ela parece meio fechada...” pensei. “Comigo aqui ela não vai ficar trancada no quarto... Isso pode ter certeza!”.

                                                            ...

Fui andando lentamente pelo corredor, tropeçando e bocejando. Eu já havia me trocado, e como a Melody disse que eu era um arqueiro... Me vesti como tal.

-Bom dia pessoal... – falei vagarosamente, enquanto eu andava vagarosamente até a mesa.

-Uau você está cheio de ânimo. – Polar falou.

-Háhá... Muito engraçaaaaa... – falei caindo no chão.

-Eu sabia que isso ia acontecer... Me dê o molho picante que você prometeu agora Firus. – Polar falou para a bola de pêlo preta.

E rosnando o Firus entregou com a boca o molho picante.
Me levantei e me virei para a mesa, havia uma garota estranha olhando para mim. Ela aparentava ter 12 anos. Tinha uma pele de cor azul fraca, e seu olhos eram cor verde água. Seu cabelo era comprido e era um loiro fraco.

-Oi? – falei. – Nova aqui?

-Me chamo Blanorcana e vim do planeta de Nibiru.

-Interessante... Você é alien então? – perguntei com dor de cabeça.

-É... Só que sou uma alien-fada.

-Vish... – falei totalmente fora de mim – Se aliens-fada existem então eu devo ser um dragão mesmo.

Levantei do banco e pulei dele. Não funcionou.

-Ele ta bem? – Blanorcana perguntou para o Polar.

-Bateu com a cabeça. – ouvi ele responder.

Notei que eu estava com a minha mochila nas costas. Eu meio que me acostumei a usá-la toda hora. Vi que ela começou a brilhar. Sacudi a cabeça e a abri. Era a pedra. Assim que a toquei senti que a dor na minha cabeça havia sumido, e eu estava de volta ao normal.

-O quê houve? – perguntei assustado. – Porque eu to no chão?

-Droga... Pode pegar Firus... – ouvi Polar falar irritado para o Firus.

Sacudi a cabeça para acordar.

-Eu sou Selion... – falei para Blanorcana.

Ela não respondeu nada e começou a comer um sanduíche.
Logo após disso, Kathryn apareceu andando na cozinha.

-É assim que você acorda? – ela falou olhando para mim.

-Engraçadinhos... – falei me levantando.

-Por falar em engraçadinhos, se eu fosse você alimentava seus Pufis.

-Meus o quê? – falei estranhando.

-As bolas de pêlo. – Blanorcana falou.

-Essa não... Me diz que eles estão bem! – falei me dando conta de que nunca foram alimentados.

-Sim... Mas estão tentando devorar o Lief e a Sakura... Então a Melody botou eles a dormir a força... – Kathryn falou dando pausas na voz.

-O QUÊ?!

-Vai lá ver.

Saí da cozinha e fui para a sala e vi os quatro Pufis dormindo. Fiquei boquiaberto(com a boca bem aberta). A Melody apareceu e fechou minha boca. E me convidou a começar meu treinamento.

-Que treinamento? – respondi.

-Você acha que é só chegar aqui e “Puf”? Seus poderes vão aparecer com você os dominando perfeitamente? – Melody explicou com sarcasmo. – Há! Tire o seu cavalinho da chuva! – ela completou.

-Estou pronto para me tornar um arqueiro! – falei colocando a mão acima da cabeça. – Mas antes... O que os Pufis comem?

-Olha, eles comem: maçã, pizza, frutas silvestres, queijo e bolo. O pufi preto, mais conhecido como Firus, come molho picante. MAS NUNCA! Dê a ele. Porque ele pega fogo quando come, literalmente.

-Ok... E onde vou achar isso?

-Temos na geladeira. A e não esqueça, cada pufi têm um gosto.

Peguei várias potes e coloquei cada tipo de comida dentro, e botei eles na sala, para eles comerem quando acordarem.

-Podemos começar!

Ela me levou até o quarto dela. E colocou alguns alvos na parede. E me entregou um arco e várias flechas.

-Pronto. – ela falou.

-Não sei como usar isso! – falei derrotado.

-Claro que sabe! Tente, o extinto de arqueiro está dentro de você! E quando você dominar o arco e a flecha, seus outros poderes apareceram! – ela me explicou.

-Como assim?

-Assim que você conseguir o jeito com o arco e a flecha, se tornará um dragão arqueiro. Assim que acertar todos os alvos, você se sentirá canalizado com seus outros poderes, e você terá o poder de um elfo arqueiro. Mas não se preocupe, você não é um elfo e nem se tornará um. Mas irá se transformar em dragão. – ela continuou.

-Entendi.

Peguei o arco e a flecha e mirei, larguei o arco e atirei, acertei um vaso,  o quebrando.

-Desculpa...

-Tudo bem. Continue.

Tentei de novo, e de novo, e de novo... Até o relógio atingir exatamente 10:30 da manhã. Eu não havia acertado nada.

-Aff! Eu não consigo. – reclamei. – Você está errada, na idéia de eu ser arqueiro.

-O Scaner dos Deuses, NUNCA falha! Agora, encontre sua paz interior.

-Minha o quê?

-Sua paz interior. – ela repetiu.

-Não tenho isso.

-É claro que têm. Encontre uma imagem, uma paisagem, uma fala, qualquer coisa, que te concentre, te deixe... Relaxado, calmo... E depois atire.

-Humpf... Posso tentar em meu quarto?

-Claro, vá lá, vou encantar uns alvos.

Ela abriu as duas mãos, e as levantou para cima, disse uma palavras esquisitas, e depois abaixou as mãos com força.

-Pronto. Boa sorte. Seu quarto é o aqui do lado.

-Obrigado.

Saí pelo corredor, e achei a porta do meu quarto, eu a abri, e dei um passo para frente. Mas eu não entrei, fiquei parado, eu havia ouvido alguma coisa, um som... Uma melodia, alguém estava tocando violão. Vinha do quarto a frente ao meu. “Será que eu deveria ir ver o que é?” me perguntei. Tomei coragem, fui até lá e abri a porta.
Levei um susto, era a Richard, tocando violão e cantando algo, mas não deu para ouvir, pois ela parou assim que eu abri a porta.

-Uau. Você toca bem Richard. – elogiei sorrindo.

-Saia daqui! – ela falou com o rosto vermelho.

Já entendi, ela era tímida.

-Porque se esconde? – perguntei a encarando.

-Saia daqui! – ela repetiu com o rosto mais vermelho ainda.

Ela pegou um leque que estava em cima da sua cama, e soltou um vento tão forte, que fechou a porta e me empurrou, ainda com os pés no chão, até o meu quarto.

-Meu deus! O quê foi isso? – falei respirando forte.

-Isso foi a Richard. – Blanorcana falou aparecendo na porta do meu quarto. – Ela é uma sacerdotisa.

-E como sabe disso? Você chegou ontem!

-Até onde eu saiba, você também! E além do mais, ela foi quem me deixou entrar ontem a noite, não é senhor desmaiado. – ela falou, com um tom sarcástico.

-Tushê. – falei. – Agora vou treinar arco e flecha, é melhor você não estar aqui quando isso acontecer. – falei fechando a porta na cara dela.

Ouvi ela reclamar e depois a porta tremeu.

-Uma alien fada  faz um estrago tão grande assim? Imagina eu quando me tornar dragão.

Me sentei na cama e suspirei. E então cruzei as pernas, e comecei a meditar, pensando na minha paz interior.
“Vamos Selion.Pense nas coisas que te acalmam. O que te acalma? ” comecei a me perguntar. Comecei pensando em um lugar plano, cheio de grama, flores variadas, e uma árvore, algumas montanhas cheias de grama ao longe e um céu limpo e claro. De um tom de cor bem azul. Mas não funcionou, isso eu vi em algum filme. Pensei então em um campo todo destruído, com dragões voando ao longe, um céu vermelho, no meio de um eclipse. E então notei que eu não estava pensando naquilo. Era como se aquela imagem, estivesse na minha mente, e eu não pudesse tirá-la. Então, percebi que havia uma pessoa pequena andando naquele lugar, toda alegre, atrás de, até o que parecia, um pufi só que ele era marrom. A imagem se tornou mais próxima, e vi que era um garoto, e ele tinha escamas de dragão na cara, não em toda ela, mas nas bochechas para cima.
Depois apareceu uma luz que me ofuscou, e eu acordei, e eu estava deitado na minha cama, de bruços. E a Kathryn e a Melody me encaravam assustadas.

-O que foi? – perguntei.

-S-sua cara! Você conseguiu Selion! Você está quase lá!

-Do que estão falando? – falei passando a mão na minha cara.

Kathryn tirou pegou um pequeno espelho em seu rosto e me deu, então gritei. Minha cara estava com escamas, parecidas com as do garoto que eu vi antes. E notei que havia um dente para fora da boca. Era um canino, abri a boca e vi que ele havia se tornado maior.

-O QUE HOUVE COM MEU ROSTO?! – perguntei espantado.

O quê você faria se nascessem escamas cinza no seu rosto? Acho que iria pirar também!

-Se acalme... Você só está começando a encontrar a sua paz interior. – Melody falou com a expectativa de me acalmar.

-Agora um campo, todo destruído, com um eclipse ocorrendo, dragões voando no céu, e com o céu todo vermelho é o local da minha paz interior? – falei duvidando, ainda assustado e um pouco irritado.

-É.

Caí pra trás. Ela disse mesmo o que eu ouvi?

-Olha, você por acaso pensou nisso sozinho? – Kathryn perguntou, com uma cara duvidosa.

-Não... – falei tentando fazer com que não pareça loucura.

-Você está se lembrando da sua infância. – Melody opinou.

-Claro... Sei... – falei sarcasticamente.

-Olha, esqueceu que você é felixiano? – Kathryn me lembrou.

Então me veio a mente a imagem de quando Melody me disse o que eu era. “Você é um dragão arqueiro! Você também é alienígena, você é um felixiano, habitante de Felixia, um planeta ao lado de Marte e...” lembrei de quando ela falou.

-Mas... Mas... – falei soluçando.

-Tente atirar. – Melody me encorajou, me alcançando o arco e uma flecha.

Eu sabia que iria errar. Mas não seria tão ruim assim tentar não é? Peguei o arco e o posicionei, comecei a puxar a flecha para trás, mirando no alvo. Depois respirei fundo, e expirei. E então a imagem de antes me veio a mente, a imagem da terra cheia de grama, do eclipse, do céu vermelho. Então me senti encorajado. Olhei fixamente para o alvo, e atirei a flecha. Ela acertou bem no meio.

-Meu deus, eu acertei! – falei vitorioso.

-Me paga agora Kathryn! – Melody falou para a Kathryn.

-Argh! – ela resmungou.

-O que deu no pessoal daqui? Primeiro foi o Polar com o molho picante do Firus e agora são vocês duas com uma nota de vinte? – reclamei.

As duas riram.

-Fazer o quê... Quando não têm nada pra falar ou dizer, a aposta rola solta. – Melody falou dando de ombros.

-O quê viemos fazer aqui mesmo? – Kathryn perguntou para Melody.

-Lembrei! Você perdeu o almoço Selion. – Melody falou rindo.

-O QUÊ?? – falei arrasado. – Primeiro não como café da manhã, agora não têm almoço??

-Não se preocupe, a Richard guardou um pedaço de pizza pra você. O que você fez pra ela? – Melody comentou,

-Só elogiei a música dela...

-Você conseguiu ouvir ela tocar?? – as duas magas falaram espantadas.

-Ela nunca deixa ninguém ouvir ela tocar, ela é muito tímida. – Melody explicou.

-Eu só abri a porta do quarto dela quando ela tava tocando. – expliquei.

-Ela não deve conhecer a sua aura... – Kathryn falou baixinho.

-Ela deve ter gostado quando você a elogiou. Sabe como é, quem toca algo gosta de um bom elogio. – Melody comentou.

-Antes de ir, deixa eu tentar nos outros alvos. – falei mirando com o arco e flecha.

-NÃOOOOO!!! – Melody gritou mas era tarde demais, já havia atirado uma flecha, que acertou bem no meio do alvo.

Senti um sentimento estranho, e vi que Melody e Kathryn haviam diminuído.

-O que foi? Porque encolheram? – perguntei.

-Olhe você mesmo! – Kathryn falou assustada, me alcançando o mesmo espelho de antes.

Eu havia virado um dragão com grande presas, duas asas longas e grandes, e grandes garras nos pés e nas mãos. Eu estava com a cara toda escamada, mas ainda era possível ver meu rosto, e meu cabelo. Eu estava totalmente cinza. E tinha uma calda bem longa. Notei que havia crescido pouco, e que, eu podia ser um dragão, mas ainda era possível notar que eu era humano. Eu virei uma espécie de dragão humanóide.

-Eu tentei avisar! – Melody falou, batendo a mão bem forte na testa. – Se você tivesse me ouvido, saberia que primeiro, precisa aprender a dominar o kung-fu! Seu dragão tosco. Saiba que agora será um pouco mais difícil. Terá que aprender a lidar com seu dragão interior primeiro.

-Olha o lado bom, - Kathryn começou. – eu acredito que dominar os poderes de dragão é mais fácil do que aprender a lutar. – Kathryn finalizou.

-Eu vou comer! A gente cuida disso depois.

-Viu Kathryn? Esse é o lado ruim, ter que dominar os instintos de dragão dele. Como acha que ele vai se portar agora? Com seu dragão já transformado? O Kung-fu poderia ensiná-lo a lidar com seu lado dragão. ENTÃO DEVOLVE MINHAS VINTE PRATAS! – ouvi Melody cochichar para Kathryn.

-NÃOOO! AGORA SÃO MINHAS VINTE PRATAS!

                                                                      ... 

Um comentário

  1. Heey, eu apareci :3
    Ve se não demora pra postar a próxima parte, to ansiosa XD

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